Dengue avança no Pará e Sespa alerta para os cuidados preventivos contra o Aedes aegypti

Dengue avança no Pará e Sespa alerta para os cuidados preventivos contra o Aedes aegypti

10/08/2021 Off Por Roberta Vilanova

Iclenilde Silva dos Santos, 52 anos, moradora do bairro da Condor, cultiva plantas em casa com o cuidado de não dar espaço ao mosquito

O informe epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) indica 1.897 casos de dengue no Pará, em 2021. O número supera os registros de todo o ano de 2020, quando ocorreram 1.656 frente a outros 2.067 casos, em 2019. O aumento do número de casos alerta para a importância da prevenção, com a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.

Moradora do bairro da Condor, em Belém, Iclenilde Silva dos Santos, 52 anos, gosta de ter plantas em casa e, na pandemia, aumentou o jardim, trazendo mais verde para dentro de casa.

“Eu procuro as plantas que não precisam tanto molhar, tem que deixar a terra só úmida que é o suficiente. Com esse risco de dengue, não podemos brincar. As plantas do quintal ficam nos vasos com furos embaixo e o excesso de água escorre e não fica parado. E a gente também não deixa acumular água em nenhum desses cantinhos, nenhuma vasilha, trocar todo dia a água dos gatos, e não dar chance pro mosquito”, adverte Iclenilde.

Coordenadora estadual de Arboviroses da Sespa, Aline Carneiro salienta que o mosquito é também vetor do zika vírus e da chikungunya. “É necessário fazer um trabalho de prevenção contínuo, que indica a eliminação de todos os possíveis criadouros que são os acúmulos de água, caixas d’água, vasilhames para água para animais domésticos. Todos devem ser verificados, inclusive água suja, como as das fossas”, orienta Aline, ressaltando que o procedimento deve ser feito uma vez por semana.

Aline informa que o Pará tem quatro sorotipos circulantes da dengue. “Os sintomas da dengue são febre, em geral alta, dores no corpo, dores atrás dos olhos, acompanhada de falta de apetite; dura em torno de sete dias podendo ter sinais de agravamento. Quando tiver sintomas o ideal é que se procure uma unidade de saúde para que possa ser notificado e fazer a anamnese do paciente; com o exame físico e acessórios pode se identificar a dengue”, orienta a coordenadora.

BELÉM – Com 470 casos, Belém é a segunda cidade com mais registros no estado, atrás apenas de Itaituba, no sudoeste do Pará, que teve 502 confirmações. Além deles, Altamira (188), Novo Progresso (139), Trairão (110), Novo Repartimento (85), Alenquer (77), São João do Araguaia (53), Redenção (50), e Vitória do Xingu (33).

A Coordenação de Arboviroses promove qualificações para apoiar os municípios nas atividades de combate às endemias. “Estamos fazendo muitas capacitações durante o ano todo, para avaliar os planos de contingência de todos os municípios, fomentar e colaborar com a elaboração deles. E agora em torno de um mês e meio fizemos uma oficina com todo o 1º Centro Regional, que é a Região Metropolitana de Belém. Para poder conversar sobre as doenças endêmicas”, informa Aline.

Em 2021, a Coordenação Estadual de Arboviroses, desenvolveu o Plano de Contingência Estadual de Dengue, Chikungunya e Zika Vírus 2021; elaborou o orçamento para o primeiro quadrimestre de 2021, distribuiu larvicidas para 13 Centros Regionais de Saúde da Sespa; emitiu Nota Técnica 01/2021 com Recomendações da Coordenação Estadual de Arboviroses sobre a realização do Levantamento Entomológico (LIRAa e LIA), recebeu os Planos Municipais de Contingência 2021 (dengue, zika e chikungunya) de 75 municípios paraenses e segue fazendo campanha de alerta nas redes sociais.

TRANSMISSÃO  – A dengue pode ocorrer após a fêmea do mosquito picar uma pessoa infectada com um dos quatro sorotipos do vírus e transmitir para outras pessoas. Há registro de transmissão por transfusão sanguínea.

Não há transmissão da mulher grávida para o feto, mas a infecção por dengue pode levar a mãe a abortar ou a ter um parto prematuro, além da gestante estar mais exposta para desenvolver o quadro grave da doença, que pode levar à morte.

Em populações vulneráveis, como crianças e idosos com mais de 65 anos, o vírus da dengue pode interagir com doenças pré-existentes e levar ao quadro grave ou gerar maiores complicações nas condições clínicas de saúde da pessoa. A dengue não é transmissível de pessoa a pessoa e não provoca sequelas, se tratada corretamente.

A nota técnica da Sespa orienta que os municípios informem sobre casos graves e óbitos por dengue, em até 24 horas, à Coordenação Estadual das Arboviroses. Para confirmação de óbitos por dengue é necessária a investigação epidemiológica, com aplicação do Protocolo de Investigação de Óbito, e os exames específicos (sorologia e isolamento viral) em laboratórios credenciados, como o Laboratório Central do Estado (Lacen) e também o do Instituto Evandro Chagas (IEC).

Texto: Dayane Baía/Secom
Foto: Divulgação