Pará forma primeira turma de especialização em Transtorno do Espectro do Autismo

Pará forma primeira turma de especialização em Transtorno do Espectro do Autismo

17/03/2023 Off Por Roberta Vilanova

Solenidade de formatura da turma de pós-graduação, no Auditório Paulo Freire, da Uepa

Mais de 200 alunos receberam diploma do curso de pós-graduação em “Transtorno do Espectro Autista: Intervenções multidisciplinares em contexto intersetoriais”, em cerimônia realizada no Auditório Paulo Freire, no campus da Universidade do Estado do Pará (Uepa), na noite desta sexta-feira (17).

Este é o primeiro curso público de especialização voltado ao tema do autismo no Pará, que contou com o apoio Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo (Cepa). Além da captação de recursos para o financiamento do curso, a Cepa firmou parceria com a Uepa, responsável pela orientação técnica para a formação da ementa dos módulos da especialização.

Para a formanda Patrícia Silva Ferreira, o curso contribuiu com a prática pedagógica. “É uma iniciativa de extrema importância, pois tivemos oportunidade de aprender e trazer pra nossa vivência profissional”, disse a pedagoga.

Segundo a assistente social Mariana Coelho, que atende famílias na Atenção Básica, o curso foi o primeiro passo. Ela vê como um avanço políticas públicas de atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). “Recebemos muitas famílias, que às vezes não sabem onde encontrar um diagnóstico inicial. Eu queria ter qualidade no meu atendimento e passei a compreender melhor os conceitos, mas ainda preciso galgar muito. Precisamos desse olhar mais sensível para a causa”, frisou.

Alunos de três regiões – O curso de pós-graduação foi ofertado para alunos dos municípios de Santarém (no Oeste), Marabá (Sudeste) e Belém (na Região Metropolitana). Das 300 vagas ofertadas, 247 alunos concluíram a especialização. O Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em “Transtorno do Espectro Autista: intervenções multidisciplinares em contextos intersetoriais” também contou com a parceria também da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

Nayara Barbalho, coordenadora estadual de Políticas para o Autismo

“Neste momento destaco a importância da união de esforços para que momentos como esse aconteçam. Propor políticas públicas, como vivenciamos aqui, é muito caro, é muito difícil, principalmente em um estado de dimensões continentais como o Pará. Essa especialização foi fruto de muitos esforços, de muitas mãos, de famílias, de deputados e profissionais que foram atrás das emendas parlamentares para que o processo acontecesse. Foi através de articulação que o governador (Helder Barbalho) entendeu a necessidade de utilizar a emenda para a especialização. Eu tenho muito orgulho de dizer que hoje o Estado do Pará, com todas as dificuldades, pois ainda precisamos avançar, é referência nacional em política pública para o autismo, baseada em evidências científicas”, explicou Nayara Barbalho, titular da Cepa.

Segundo o pró-reitor da Uepa, Jofre Jacob, o autismo ainda não tem uma causa definida. Para ele, a educação e a qualificação são estratégias de extrema importância, já que preparam pessoas e profissionais para lidar com pessoas com autismo.

Terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros profissionais foram diplomados. O Curso de Especialização Lato Sensu ofertou subsídios teóricos e práticos para capacitar profissionais, a fim de melhorar os serviços oferecidos a pessoas com TEA, e também pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que desejem ampliar a atuação para esse público.

A proposta resultou de uma demanda social apresentada durante audiência pública realizada em maio de 2019, na qual 700 pessoas de 55 municípios paraenses se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para discutir políticas públicas para pessoas com autismo e seus familiares.

Causas – O Transtorno do Espectro do Autismo tem causas multifatoriais, que envolvem aspectos genéticos e ambientais, afetando principalmente a interação social, a comunicação e o comportamento do indivíduo. Requer atenção especializada, que considere as especificidades de cada pessoa.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o autismo afete de 1 a 2% da população mundial. A partir dessa projeção, é possível estimar que no Pará existam cerca de 80 mil pessoas necessitando de atenção adequada.

A mesa da solenidade foi composta, ainda, pela professora e coordenadora da especialização Sheila Abud, e pelo professor Anderson Maia.

Texto: Tatiane Freitas/Sespa  (com informações da Ascom/Uepa)

Fotos: Divulgação