
Especialista do CIIR alerta para o diagnóstico de Ceratocone
09/11/2023
A doença atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil
Nesta sexta-feira (10), é lembrado o Dia Mundial do Ceratocone, e aproveitando a data, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, faz um trabalho de conscientização e informação desta comorbidade que atinge, em sua maioria, os jovens, e que provoca a deformação da córnea. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a doença atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil, normalmente, entre indivíduos de 10 a 25 anos.
De acordo com Maria Maeve, oftalmologista do CIIR, a visão é altamente prejudicada, já que a córnea é a responsável em focalizar os raios de luz que entram nos nossos olhos. Estando em formato de cone, dificulta a formação de imagens nítidas para a visão.
“O Ceratocone tem caráter genético e pode levar ao astigmatismo e miopia. A doença evolui lentamente e é irreversível, mas tem tratamento”, pontua a médica ao observar que todos estes aspectos encadeiam para uma baixa visão quando não tratada.
Ainda segundo a oftalmologista, os sintomas variam de acordo com o estágio da doença sendo os principais a visão embaçada, para longe e perto; perda progressiva da visão e aumento frequente do grau de óculos ou lentes de contato; alta sensibilidade à luz e ao brilho; visão duplicada; maiores dificuldades para enxergar à noite e manter os olhos abertos; dor ou incômodo nos olhos, como ardência e vermelhidão; e manchas brancas na região da córnea.
“Sempre recomendo procurar um oftalmologista imediatamente quando for percebido estes sintomas para obter um diagnóstico correto. É importante as consultas rotineiras em razão de existir casos de Ceratocone subclínico, isto é, sem sintomas. Por isso, uma criteriosa avaliação com o especialista deve ser realizada com exames complementares para o bem-estar e monitoramento”, aconselha.

Caio Silva, de 13 anos, tem baixa visão e passa por consultas rotineiras
Por este motivo, Josiane Silva, de 41 anos, conduz o filho, Caio Silva, de 13 anos, a realizar consultas rotineiras ao oftalmologista no CIIR. O jovem tem baixa visão e grau oito de miopia. “Ele não tem Ceratocone, mas faço questão de monitorar a saúde ocular do meu filho. Com este diagnóstico (de baixa visão), sempre solicito exames durante a consulta para saber se alterou algum grau na sua visão. Tenho pavor de doenças que possam fazer com que o Caio fique cego ou adquira doenças graves, por isso, fico atenta as consultas”.
Acompanhamento – A depender do estágio da doença, geralmente, quando detectada na fase inicial, o uso de óculos de grau para recuperar a qualidade da visão sendo uma iniciativa menos invasiva. Porém, estando mais avançada, pode ser necessário o uso de lentes de contato para comprimir a deformação da córnea.
Maria Maeve destaca que o Crosslinking Corneano pode ser uma alternativa, pois é um procedimento simples. “É utilizado um pingo de colírio de Riboflavina na superfície da córnea e a utilização de um aparelho que emite Luz ultravioleta controlada para que ocorra fortalecimento das moléculas de colágeno corneano e, assim, evitar a progressão da comorbidade”.
A oftalmologista complementa que em quadros clínicos intermediários, pode ser recomendado o implante dos anéis intraestromais, que são pequenos dispositivos inseridos na córnea para regular a sua estrutura e, desta maneira, restaurar a visão da pessoa.
Em casos mais graves ou quando outras formas de tratamento não levam aos resultados esperados, a última opção é o transplante de córnea. “Com a introdução do Cosslinking Corneano e a modernização dos implantes de anéis intraestromais, são cada vez mais raros os casos que necessitam do transplante de córnea”, explica Maria Maeve.
O Ceratocone na maioria das vezes impõe dificuldades para a realização de tarefas do dia a dia, como assistir televisão ou ler um livro. Segundo Maeve, há ainda casos de pessoas com o diagnóstico que costumam não sair durante o dia, por conta da luz solar. A patologia também acontece em pacientes alérgicos, quando ao coçar os olhos, pode levar ao agravamento. “O importante, nesses casos, é sempre conversar com o médico para criar formas de lidar com a doença”, conclui a oftalmologista.
Estrutura – O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários têm acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).
Serviço: O CIIR é um órgão do governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações pelo telfone (91) 4042-2157/58/59.
Texto: Pallmer Barros/CIIR
Fotos: Divulgação