
Hospital da Transamazônica é referência em hemodiálise no sudoeste do Pará
22/09/2025
Igor dos Santos também faz diálise no HRPT: “No geral, venho para cá, faço a diálise e vou para casa de boa”, diz o jovem.
Faz oito anos que José Maria do Vale Reis é dialisado. Devido ao tratamento, o agora aposentado teve de abandonar a profissão de taxista e focar no cuidado com a saúde. “O tratamento aqui é bom, graças a Deus a gente é bem atendido. Não dá nem para imaginar uma cidade como Altamira sem um hospital como esse aqui”, diz José sobre o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira, sudoeste do Pará.
Na hemodiálise, máquinas substituem ou auxiliam os rins filtrando toxinas que o organismo do paciente para de eliminar naturalmente, ou enfrenta dificuldade para desempenhar a função vital.
A mesma rotina é enfrentada por Igor Gustavo Paes dos Santos. Estudante de Análise de Sistemas, Igor passa por hemodiálise três vezes por semana. “No começo foi difícil porque eu estava debilitado, com todos os indicadores ruins, mas com o tempo o corpo foi se adaptando. No geral, venho para cá, faço a diálise e vou para casa de boa. Quando tenho dúvida e faço perguntas, me ajudam”, contou o jovem que aguarda transplante de rins.
Hospital Regional da Transamazônica (HRPT), em Altamira, é o único com hemodiálise
Para que o paciente se sinta confortável, mesmo estando em um hospital, o atendimento tem na humanização a ferramenta necessária. Flávia Viel, coordenadora de serviços de Nefrologia do HRPT, explica que “o hospital carrega a obrigação de manter uma excelência de trabalho humanizado, independente do setor. Em toda a nossa região, a hemodiálise só é encontrada aqui. São nove municípios que a gente atende com excelência”.
Os pacientes da hemodiálise são divididos em dois perfis: internos, aqueles internados na unidade; e externos, que não precisam de internação. No primeiro, assim que é realizada a entrada, a pessoa também passa por uma série de exames e, caso apresente problemas renais com necessidade de diálise, o procedimento é aplicado. No segundo, o paciente é encaminhado pela Terapia Renal Substitutiva (TRS), programa do Ministério da Saúde, responsável pelo cadastro e acompanhamento.
“A responsabilidade é grande porque a gente cria afeto com os pacientes, como se fossem da família. A gente é responsável por oferecer a solução para o problema que têm quando chegam ao hospital e de devolvê-los saudáveis para a família. Talvez, essa seja a nossa maior responsabilidade hoje”, destaca a coordenadora Flávia Viel.
Por que os rins podem falhar
No Brasil, uma em cada dez pessoas tem algum tipo de doença renal crônica. O quadro se apresenta quando o órgão passa a não funcionar adequadamente e, de forma gradativa, perde a função de filtrar o sangue e eliminar as toxinas. Muitos casos são tão agressivos que os rins podem parar de vez e até levar o paciente à morte. Por isso, a hemodiálise, oferecida em hospitais como o Regional da Transamazônica, é um dos tratamentos mais importantes do sistema público. Mas, será que existem fatores específicos que causam prejuízos aos rins e, consequentemente, ao ser humano?
O nefrologista, Eduardo Anjos, do Hospital Regional da Transamazônica, destaca as principais condições que comprometem os chamados filtros do corpo humano. Ele também apresenta saídas que podem ser aplicadas no dia a dia, começando por uma boa noite de sono.
Ele ressalta, por exemplo, o sono inadequado, quando a pessoa dorme menos de 6 horas, sendo o ideal de 7 a 9 horas. “A maioria dos hormônios é durante a noite. Se a pessoa não tiver um sono adequado e acordar descansado, vai começar a ter problema de pressão, aumento de peso, fadiga crônica. Tudo atrapalha no conjunto da saúde da pessoa”.
O doutor diz que a alimentação com excessos pode ser nociva para a saúde. Ele fala dos riscos quando se “tem uma alimentação desregrada com muito sal, açúcar, proteína em excesso sem hidratação adequada e carboidratos em excesso também”. O indicado é reeducar os hábitos alimentares e, se necessário, buscar orientação nutricional especializada;
“A atividade física é essencial para complementar os três pilares de uma pessoa saudável para manter o peso, ajudar sono adequado e evitar problemas futuros na parte musculoesquelética, principalmente quando começamos a ter a diminuição de massa muscular”, diz o nefrologista.
O tabaco é uma das principais armas contra os rins. “Caso a pessoa tenha o hábito do tabagismo, sessar imediatamente o fumo, que leva a vários problemas, como hipertensão, riscos maiores de infarto agudo, acidente vascular, isquemias vasculares, que podem levar à amputação de dedos e membros”.
Ele orienta também que mesmo em casos de pessoas não hipertensas e diabéticas, “o conjunto dessas orientações: sono adequado, alimentação saudável, atividade física e suspensão do tabagismo, deve ser contemplado com controle da pressão e da glicemia”, afirma Eduardo Anjos, que recomenda sempre a busca profissional, em caso de dúvidas sobre condições que podem levar os rins a problemas graves.
Texto de Rômulo D’Castro