
Hospital Abelardo Santos moderniza tratamento de fisioterapia na UTI com realidade virtual
22/10/2025As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, passaram a contar com um novo aliado no processo de reabilitação: o óculos de Realidade Virtual (RV). A tecnologia proporciona uma experiência imersiva que complementa os cuidados médicos e fisioterapêuticos, com benefícios tanto físicos quanto emocionais dos pacientes.
“Você até esquece que está em um ambiente hospitalar quando coloca o óculos. Sai de um lugar e vai para outro. É uma experiência muito boa, que torna o tratamento mais tranquilo e ajuda a gente a relaxar durante os procedimentos de reabilitação, que, em alguns casos, não são fáceis. Eu gostei. Está aprovado”, relatou o autônomo Max Brito, 51 anos, internado após complicações da diabetes.
Conforme a equipe de fisioterapia, responsável por conduzir o tratamento, o objetivo é justamente o descrito pelo paciente: estimular a prática de exercícios físicos e transportar os usuários para um ambiente de tranquilidade. Essa abordagem não apenas melhora o estado emocional, mas reduz a necessidade de sedação, promove uma recuperação rápida e menos traumática, garantem os profissionais.
Alívio da dor
Internado para tratar um derrame neural, o morador de Tomé-Açu, região nordeste do Pará, Edison Silva, 30 anos, experimentou pela primeira vez o recurso tecnológico. “Já passei por outros hospitais e essa foi uma novidade para mim. Acho importante quando a equipe busca alternativas como essa para melhorar a experiência do paciente e acelerar a recuperação. Parabéns a todos”, destacou.
O paciente ressaltou ainda que, durante o procedimento, não sentiu dor, diferente de sessões anteriores. O fisioterapeuta Thiago Sobral explicou como o óculos atua nesse processo: “O principal fator é a capacidade da tecnologia de desviar a atenção do que provoca desconforto durante a sessão. Além disso, a diminuição da ansiedade e do estresse também contribui para reduzir a percepção da dor”.
Thiago destaca que a realidade virtual permite simular situações e movimentos difíceis de reproduzir no ambiente real. Essa imersão, segundo ele, auxilia na melhora da coordenação motora e cognitiva. “Inclusive, há estudos recentes que comprovam essa eficácia no processo de reabilitação, motivando a adesão ao tratamento, melhorando a plasticidade cerebral e reorganizando a atividade neural”.
“Esses ambientes virtuais criados pelo óculos tornam o processo de reabilitação mais leve, e isso pode ser comprovado nos relatos dos nossos pacientes”, destaca o fisioterapeuta, que conclui: “Com isso, conseguimos reduzir a monotonia comum durante o período de internação. Tanto que percebemos até o desejo dos pacientes em participar de novas sessões, após observarem os resultados positivos”.
Humanização
O uso dos óculos de Realidade Virtual (RV) nas UTIs se soma a outras práticas humanizadas que fazem parte da rotina assistencial do Hospital Abelardo Santos, que coloca o paciente no centro do cuidado. Essas iniciativas são resultados de uma gestão qualificada, realizada pelo Instituto Social Mais Saúde (ISMS), com o apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa).
Um dos reconhecimentos desta gestão foi alcançado, neste ano, quando o HRAS conquistou, pela primeira vez em sua história, a certificação Acreditado – ONA 1, uma das mais importantes do Brasil. O selo atesta a qualidade dos serviços prestados e confirma que a unidade cumpre os critérios fundamentais de segurança, garantindo processos que reduzem riscos e previnem danos aos pacientes.
Para a coordenadora das UTIs do HRAS, Samara Silva, investir em tecnologia e inovação é investir em qualidade de vida. “No Hospital Abelardo Santos, acreditamos que cada iniciativa que une ciência, empatia e cuidado faz diferença na recuperação dos nossos pacientes. A Realidade Virtual é mais uma prova de que o acolhimento e a tecnologia podem caminhar juntos em favor da saúde e da humanização”, pontuou.
O Hospital Abelardo Santos é a maior unidade pública de saúde do Governo do Pará, com 360 leitos ao todo. Somente nas UTIs, onde é aplicado o tratamento com óculos de Realidade Virtual, são 40 leitos na UTI Adulto, 20 na Neonatal e 10 na Pediátrica, além de 15 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários Convencional (UCINCO) e 5 na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) Canguru.
O que se vê no óculos de Realidade Virtual (RV)
Passeios por ambientes naturais: dessa forma, os pacientes podem caminhar por trilhas arborizadas, praias e campos floridos, com sons relaxantes da natureza. Essas paisagens reduzem o estresse mesmo dentro da UTI.
Relaxamento guiado: em algumas situações há meditação guiada e exercícios de respiração. A experiência ajuda a controlar a ansiedade e melhorar a resposta ao tratamento.
Simulações de movimentos: o ambiente virtual pode reproduzir situações do cotidiano, como pedalar, subir escadas ou caminhar em parques, o que ajuda na reabilitação muscular e no reaprendizado motor de forma motivadora.
Texto: Diego Monteiro (HRAS)