Como fototerapia, oferecida no Hospital da Transamazônica, ajuda a salvar recém-nascidos

Como fototerapia, oferecida no Hospital da Transamazônica, ajuda a salvar recém-nascidos

14/08/2025 Off Por ASCOM

Dulcielem Rodrigues tinha acabado de dar à luz quando foi informada pelo médico que o bebê dela precisaria ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No mesmo dia, Deivide, o bebê, foi encaminhado para o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT). A necessidade de UTI é justificada por um nome pouco comum para muitos de nós: icterícia. “Nunca tinha ouvido falar, não. Quando chegou aqui o doutor explicou pra gente”, conta Dulcielem.

Apesar de não fazer parte do dicionário cotidiano, a icterícia é uma condição que se apresenta na maioria dos recém-nascidos. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 60% dos bebês podem apresentar pele amarelada, principal indicativo de que algo está errado. Quando o nascimento é prematuro, as chances de desenvolver a condição saltam para 80%. Existem dois tipos de icterícia: a fisiológica, geralmente benigna, e a patológica, que pode evoluir para quadros graves, como no caso do Deivid, que deu entrada no Hospital da Transamazônica na segunda-feira, 11.

O tom amarelado da pele sinaliza que o fígado precisa de ajuda, como explica o pediatra Sebastião Júnior. “O fígado funciona mais lento no recém-nascido e há dificuldade, por exemplo, de absorver gordura”. Isso ocorre porque há um aumento expressivo de bilirrubina, substância que desempenha papel importante na digestão, mas em grande quantidade é prejudicial. Uma das formas de tratamento é a fototerapia, que consiste na exposição do recém-nascido ao banho de luz, geralmente azul ou violeta.

A fototerapia, oferecida pelo Hospital da Transamazônica através do SUS, funciona como um bloqueio de bilirrubina e reduz a superprodução da substância. Em contato com a pele, a luz estimula o organismo e faz com que as funções normais sejam restabelecidas. Cerca de 10 recém-nascidos prematuros passam pela fototerapia do HRPT todos os meses.

“Apesar de ser um procedimento relativamente simples, a não utilização aumenta os riscos de um quadro grave, chamado de icterícia neonatal ou kernicterus, condição essa que, em caso de não tratamento, poderá levar a uma sequela neurológica irreversível, com potencial desenvolvimento de sequelas cognitivas, motoras e sensoriais”, alerta o diretor técnico do Hospital da Transamazônica, Leonardo Rodrigues. As principais causas estão relacionadas à incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê, e alterações congênitas do fígado ou do trato gastrointestinal.

Bruna Cardoso é uma das enfermeiras da UTI Neonatal e acompanha de perto bebês como o Deivide. Ela observa que a fototerapia vai além da exposição da criança à luz. “Os bebês que estão em processo de fototerapia necessitam de uma atenção redobrada com os olhos e com a pele. A Enfermagem tem como principal objetivo acompanhar tanto o processo fisiológico do bebê quanto o metabólico, para atingir a meta do tratamento”.

A profissional reforça a importância de o serviço estar disponível em uma unidade de referência neonatal, como o Hospital Regional da Transamazônica. “Nós temos esse e outros equipamentos justamente para as demandas dos bebês. É uma demanda alta na nossa instituição, mas estamos devidamente equipados”. Além de Altamira, a fototerapia oferecida pelo HRPT trata bebês com icterícia de outros oito municípios: Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu.

Pré-natal diminui riscos – A icterícia não pode ser identificada antes do nascimento do bebê, mas o acompanhamento médico durante o pré-natal diminui os riscos, isso porque algumas condições podem apontar para intercorrências que, se tratadas, servem como forma de prevenção. Caso o bebê desenvolva o quadro patológico ao nascer, a fototerapia é a principal fonte de tratamento, e evita sérios danos. “Se ele ficar muito amarelo e os níveis de bilirrubina subirem de maneira muito desacerbada e afetar o cérebro, é preciso fazer a exsanguineotransfusão, onde é realizada a troca de sangue do bebê”.

O pré-natal é um serviço gratuito de atendimento à grávida e está disponível em toda a rede pública do País, atendida pelo Sistema Único de Saúde. O ideal é que a gestante inicie acompanhamento assim que descobrir a gravidez, preferencialmente antes da 12ª semana, para aumentar a proteção do feto e identificar possíveis problemas, auxiliando a equipe médica e de enfermagem na tomada de decisões.

Texto: Rômulo D’Castro (HRPT)