Em Marabá, voluntariado leva esperança para mais de 10 mil pacientes no Hospital Regional

Em Marabá, voluntariado leva esperança para mais de 10 mil pacientes no Hospital Regional

08/09/2025 Off Por ASCOM

O tempo em uma unidade de saúde costuma ser contado em consultas, exames e tratamentos. No Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, ele também é marcado por abraços, músicas que quebram o silêncio e geram histórias de esperança. Entre janeiro e agosto de 2025, mais de 250 ações voluntárias alcançaram cerca de 10 mil pacientes e usuários.

Internada há mais de 20 dias na clínica pediátrica, Carla Lorrane, 10 anos, moradora de São Geraldo do Araguaia, na região de Carajás, segue em tratamento ortopédico. Entre exames e cuidados médicos, ela encontrou nas visitas dos voluntários pequenas janelas de infância, que devolvem sorrisos e tornam mais leves os dias dentro do hospital.

“É o dia mais feliz da semana, eles brincam com a gente, até esqueço um pouco que estou no hospital. A gente ri, canta e se diverte, parece até que o quarto vira uma sala de brincar. Quando eles chegam, tudo fica mais leve e a gente se sente melhor”, explicou Carla.

As iniciativas reúnem profissionais e pessoas da comunidade dispostas a compartilhar tempo, talento e afeto. São palhaços que arrancam gargalhadas, músicos que levam canções como remédio, artesãos que ensinam novas habilidades e cuidadores que oferecem escuta e acolhimento. Cada gesto voluntário se multiplica em sorrisos, tornando a jornada de quem enfrenta a dor um pouco mais leve e cheia de significado.

Para quem acompanha um ente querido, o voluntariado é um bálsamo. Maria das Dores, 45 anos, moradora de Itupiranga, na região do Lago de Tucuruí, que vivenciou a palhaçoterapia no hospital, lembra da sensação de alívio em meio à preocupação com o filho.

“Quando os palhaços chegam, o hospital se transforma. Eles fazem a gente rir e lembrar que a vida é bonita, mesmo em momentos difíceis. Eu estava preocupada com meu filho, mas nesse dia consegui rir e senti meu coração mais leve. Eles trazem alegria não só para as crianças, mas também para as mães e famílias que estão aqui”, contou Maria.

Para Daiane Uszynski, analista de humanização e responsável pelo programa de voluntariado, a iniciativa contribui diretamente para a recuperação dos pacientes. “O voluntariado é uma forma de cuidado que vai além do tratamento médico. Cada visita traz acolhimento e esperança, tornando a experiência no hospital mais leve. Quando o voluntário chega, ele transforma o ambiente e devolve às pessoas a certeza de que não estão sozinhas nesse momento tão delicado”, destacou.

Rede de Voluntários

O programa de voluntariado do Hospital Regional de Marabá, sob gestão do Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), reúne mais de 60 voluntários ativos. Eles atuam em diferentes frentes, como atividades artísticas e culturais, cuidados estéticos, ações religiosas, e outras iniciativas que levam afeto e acolhimento aos pacientes e seus familiares.

A psicopedagoga Joelma Trindade, à frente do projeto Contos de Esperança, descreve a experiência como um encontro de mundos. “Quando começo a contar, percebo que eles se desligam do hospital e entram em outra realidade. É como se a dor desse uma trégua e desse lugar aos sonhos. Para mim, cada olhar atento e cada sorriso são provas de que a imaginação também cura e transforma”, destacou.

Na UTI Neonatal, cada canção não embala apenas um bebê, mas a esperança de uma família. Gabi Silva, voluntária do projeto “Acalanto”, explica que a música cria laços. “Quando canto para um bebê, sinto que digo para ele que não está sozinho. O choro acalma, o olhar se ilumina e, o silêncio do hospital se enche de vida. É um gesto simples, mas que fortalece o vínculo e contribui até para a recuperação deles”, contou.

Recentemente, os voluntários foram homenageados em um evento especial, em que receberam reconhecimento pelo impacto das ações. A celebração reforçou a importância do trabalho que, silenciosamente, colore de esperança a rotina hospitalar.

Para Alan Ferreira, diretor assistencial do hospital, o voluntariado é um elo que une cuidado e comunidade. “O voluntário traz consigo a força da solidariedade e nos ajuda a transformar momentos de dor em experiências de esperança. Cada gesto simples amplia o nosso trabalho e mostra que o hospital não está sozinho, mas caminha junto com a comunidade”, destacou.

Estrutura – O atendimento no Hospital Regional Público do Sudeste é 100% gratuito, ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade conta com 135 leitos, sendo 97 de internação clínica e 38 de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Texto de Ederson Oliveira