Hospital Oncológico Infantil reforça importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

Hospital Oncológico Infantil reforça importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

26/09/2025 Off Por ASCOM

Pediatra Alayde Vieira examina Sara Heloíse em consulta de rotina no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol)

Apesar de ser considerado raro, o câncer infantojuvenil é a principal causa de óbito por doença no Brasil na faixa de 0 a 19 anos, atrás somente das mortes relacionadas a acidentes e episódios de violência, conforme um levantamento do Instituto Nacional do Câncer. E, neste mês dedicado à conscientização sobre esse tipo de câncer, a oncologista pediátrica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), Alayde Vieira, alerta sobre a necessidade de reconhecer sinais precoces da doença.

Em Belém, o Hoiol tem o quadro multidisciplinar completo para prestar assistência especializada aos pacientes, em conformidade com a legislação vigente e resoluções do SUS. A unidade hospitalar, gerenciada pelo Instituto Diretrizes sob contrato de gestão com Secretaria Estadual de Saúde (Sespa),  tem mais de 1.300 pacientes em tratamento.

Alayde Vieira explica que os tipos de câncer mais comuns variam conforme a faixa etária. “Até os 14 anos, predominam as leucemias. Já a partir dos 15, os carcinomas de tireoide tornam-se mais frequentes. Quando observamos a faixa de 0 a 19 anos, em âmbito nacional, o ranking é liderado pelas leucemias, seguidas pelos linfomas e pelos tumores cerebrais. No Pará, essa ordem se inverte. As leucemias ocupam o primeiro lugar, em seguida os tumores cerebrais e os linfomas.”

A especialista reforça que o diagnóstico precoce é o fator decisivo para salvar vidas, já que não existe triagem populacional para essa população, como ocorre em alguns tipos de câncer em adultos. “É fundamental que familiares e profissionais de saúde estejam atentos a sinais como palidez progressiva, febre persistente por mais de 15 dias, dores nos membros inferiores sem melhora, emagrecimento, manchas roxas pelo corpo e aumento do volume abdominal”, detalha Alayde.

Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) alerta sobre a necessidade de reconhecer sinais precoces da doença

No caso de tumores cerebrais, sintomas como dor de cabeça intensa, vômitos frequentes, convulsões, irritabilidade, atraso no desenvolvimento motor e até estrabismo podem indicar a necessidade de avaliação médica urgente. Já no caso dos linfomas, o crescimento contínuo de ínguas no pescoço, febre e perda de peso sem causa aparente são sinais de alerta.

“A criança também pode ter câncer. Reconhecer os sinais e buscar ajuda médica o quanto antes pode mudar completamente a trajetória de vida de um paciente jovem. O nosso papel é reforçar esse alerta e mostrar que, quando o diagnóstico acontece cedo, aumentamos as chances de cura em até 80%”, conclui Alayde.

A dona de casa Maria Soares, 45 anos, recebeu o diagnóstico de leucemia da filha, Sara Heloise, com dificuldade em dezembro de 2023. “Eu me apeguei à fé, porque sabia o que íamos enfrentar. A campanha é importante para aumentar a orientação às famílias, porque muitos não têm noção do que é essa doença. Minha filha tinha apenas 2 anos e meio quando começou a ter febre alta, mas jamais imaginava que era câncer”, disse.

Referência em cuidado integral – O Hospital  Oncológico Infantil Octávio Lobo é habilitado pelo Ministério da Saúde desde 2017 como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e conta com uma estrutura de ponta para o atendimento integral. A instituição realiza cirurgias complexas, como neurocirurgias, procedimentos de cabeça e pescoço e intervenções ortopédicas inovadoras.

Além do cuidado clínico, o hospital adota um modelo multiprofissional de acolhimento, envolvendo nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais. “A linha de cuidado é traçada desde a chegada do paciente até o término do tratamento. Temos até ambulatório de luto para apoiar as famílias por seis meses após a perda da criança. E, quando o desfecho é favorável, seguimos acompanhando o paciente por cinco anos, até a alta definitiva”, ressalta Alayde Vieira.

Rede de  Apoio –  O fluxo de atendimento para crianças com suspeita de câncer no Pará conta com uma rede estruturada de apoio. Além da Fundação Hemopa, responsável por dar suporte aos casos, os hospitais regionais também atuam na etapa de suspeição e encaminhamento para unidades de alta complexidade.

Em Belém, o Hospital Octávio Lobo é habilitado pelo Ministério da Saúde como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia desde 2017. Já no interior do Estado, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, oferece atendimento especializado em oncologia pediátrica, funcionando como suporte para pacientes do Baixo Amazonas, Tapajós e Xingu.
Essa rede se soma à Unidade de Triagem Oncológica da Universidade Federal do Pará (Ufpa), criada no  Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Casmuc). A finalidade é garantir que crianças de diferentes regiões do Pará tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao encaminhamento adequado para tratamento, seja no Hospital Octávio Lobo, em Belém, ou em unidades parceiras.

Texto de Leila Cruz / Ascom Hoiol