Sespa chama a atenção para as medidas preventivas contra a surdez

Sespa chama a atenção para as medidas preventivas contra a surdez

10/11/2022 Off Por Roberta Vilanova

Usuários do CIIR recebem atendimento multiprofissional

No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, comemorado nesta quinta-feira (10), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta sobre as medidas preventivas e informa sobre os serviços públicos estaduais disponíveis para atender usuários surdos ou deficientes auditivos, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

A data foi instituída pela Portaria de Consolidação Nº 1, de 28 de setembro de 2017, que consolidou as normas sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde, a organização e o funcionamento do SUS, como o propósito principal de educar, conscientizar e prevenir a população brasileira dos problemas causados pela surdez. Segundo dados do IBGE, há mais de dez milhões de pessoas surdas no Brasil.

A audição é constituída por um sistema de canais que conduz o som até o ouvido interno, onde essas ondas são transformadas em estímulos elétricos e enviadas ao cérebro, órgão responsável pelo reconhecimento daquilo que se ouve. Surdez é o nome dado à impossibilidade ou dificuldade de ouvir.

Há várias causas de surdez, mas as medidas preventivas começam desde antes do nascimento com serviços que estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde.

Nas gestantes, doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose podem provocar a surdez nas crianças. Por isso, é muito importante que a mulher grávida faça o pré-natal para o diagnóstico e tratamento precoce dessas doenças.

A vacina tríplice viral protege contra sarampo, rubéola e caxumba, então é importante que as mulheres tomem a vacina antes da adolescência, para que durante a gravidez estejam protegidas.

A meningite também pode causar surdez, por isso, outras vacinas importantes para as crianças são as que protegem contra a meningite, ou seja, Pentavalente, contra Influenzae B e mais quatro doenças; Pneumocócica 10-valente, que previne contra meningites, otites e sinusites causadas pelos sorotipos que compõem a vacina e vacina contra a meningite meningocócica C.

Segundo a médica pediátrica e coordenadora estadual de Saúde da Criança, Ana Cristina Guzzo, depois que a criança nasce, é importante fazer o teste da orelhinha e que todos os hospitais de gestão estadual que possuem maternidade disponibilizam o teste que é obrigatório e gratuito desde 2010, conforme a Lei Nº 12.303.

Ela informou, ainda, que dados do Sistema de Informação Ambulatorial-(SIA/SUS) do Ministério da Saúde, em 2021, foram registrados 24.722 exames de triagem auditiva neonatal (testes da orelhinha). Já de janeiro a agosto de 2022, foram registrados 9.811 exames. “A inserção dos dados no sistema é uma responsabilidade dos municípios e a análise comparativa é realizada anualmente”, ressaltou Ana Cristina Guzzo.

Para o médico otorrinolaringologista Murilo Lobato, que atua no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), o teste da orelhinha é fundamental para o diagnóstico precoce de perdas auditivas e para que mais cedo ocorra a reabilitação, o uso de prótese e o que for necessário para o usuário. “Quanto mais cedo se detecta a perda auditiva, mais cedo a gente começa a trabalhar, para que a criança tenha menos prejuízo mais inclusão na escola e na sociedade”, ressaltou.

Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR)

Prevenção na idade adulta – Murilo Lobato disse, ainda, que as medidas ambientais são imprescindíveis para a prevenção da surdez entre jovens e adultos, principalmente por meio do controle do ruído no ambiente de trabalho.

O especialista ressalta que é muito importante que as empresas tenham todo um controle sobre os funcionários que trabalham em ambiente muito ruidoso, assegurando que eles usem equipamentos de proteção individual e permaneçam somente o tempo de exposição necessário para a atividade, e não muitas horas consecutivas.

“Pois a perda auditiva por ruído depende de alguns fatores, tais como tempo em que você é exposto diariamente ao ruído. Quanto maior o tempo e a intensidade de exposição, maior a chance de você desenvolver perda auditiva”, alertou Murilo Lobato.

No que tange aos tratamentos disponíveis atualmente, Murilo Lobato informou que há uma série de tratamentos que envolvem próteses auditivas, implantes auditivos (colocação de chips) no ouvido interno, e próteses ancoradas.

“Então, hoje temos uma tecnologia muito ampla para se trabalhar com pacientes com perda auditiva. A escolha do que será usado depende do tipo de perda, se é leve, moderada, severa ou profunda, se é pré ou pós-lingual, ou seja, que se instalou antes ou depois que a criança aprendeu a ler, falar ou entender a fala, para que se preencha um protocolo e em cima disso se defina qual a melhor estratégia de tratamento”, explicou.

Marianne Vianna é coordenadora de Reabilitação do CIIR

Reabilitação – Além de oferecer atendimento médico e exames específicos para o diagnóstico de perda auditiva, o CIIR oferece aos usuários o Programa de Reabilitação Auditiva.

Segundo a coordenadora de Reabilitação do CIIR, Marianne Vianna, após a consulta com o médico otorrinolaringologista, quando há indicação, o usuário passa por uma avaliação global, com equipe multiprofissional, composta por enfermeiros, assistentes sociais, fonoaudiólogos e psicólogos.

“Os terapeutas avaliam a demanda de cada um, elaboram um plano terapêutico individualizado e, se houver necessidade de prótese auditiva, passa por uma triagem, e, só então, recebe o Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) e acompanhamento profissional para um período de adaptação e reabilitação.

“Vale ressaltar que, a partir do momento que o usuário se torna um reabilitando, além dos serviços de audiologia, ele pode contar com todos os atendimentos ambulatoriais e atividades complementares oferecidos pelo CIIR”, explicou Marianne Vianna.

Entre as atividades terapêuticas e complementares, merecem destaque as atividades esportivas e culturais como canoagem por meio do Projeto Meninos do Rio, judô, atividades na piscina e mais recentemente, a terapia de Realidade Virtual.

Também é importante citar que o CIIR dispõe de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para mediar os atendimentos dos usuários surdos.

Usuários passam por triagem antes de receberem o aparelho audiitivo

Balanço – De janeiro a setembro de 2022, o CIIR realizou 2.945 consultas em otorrinolaringologia, 502 exames em otorrinolaringologia, 14.510 procedimentos de fonoaudiologia e entregou 273 aparelhos auditivos, tendo uma média mensal de 170 atendimentos na área de Reabilitação.

Vanessa Bezerra de Lima dá nota 10 para o atendimento no CIIR. Ela é mãe do Ícaro Valentim Bezerra, de quatro anos de idade, que é atendido no Centro e já recebeu o seu aparelho auditivo. “O trabalho do CIIR tem contribuído bastante para o nosso dia a dia. Pois, deu para perceber que ele ficou muito feliz depois que começou a escutar os sons com o aparelho que ele ganhou. Ficou mais esperto e falante”, afirmou Vanessa Lima.

Serviço: para atendimento no CIIR, o usuário deve ser encaminhado pelo Sistema de Regulação Estadual. O CIIR funciona na Rodovia Arthur Bernardes, 1000. Mais informações: (91) 4042-2157/2158/2159.

 

Medidas preventivas contra a surdez:

·       Mantenha a calendário vacinal atualizado;

·       Faça o teste da orelhinha nos recém-nascidos;

·       Não coloque objetos pontiagudos dentro dos ouvidos, tais como tampas de caneta, grampos de cabelo e palitos de fósforo, pois podem causar sérios danos ao aparelho auditivo;

·       Use cotonetes apenas no pavilhão auditivo, ou seja, na orelha. Em hipótese alguma devem ser introduzidos no canal auditivo;

·       Fique atento ao uso dos fones de ouvido. A exposição prolongada a volumes altos pode ocasionar problemas, a mesma orientação vale para as caixas de som, o celular, o MP3, etc.

·       Não se automedique. Há certos remédios, chamados de ototóxicos, que podem prejudicar a saúde dos ouvidos.

·       Use equipamentos de proteção individual se você está exposto a constantes ruídos no ambiente de trabalho.

Texto: Roberta Vilanova/Sespa (Com colaboração de Vera Rojas/CIIR)

Fotos: Bruno Cecim/Ag. Pará e Divulgação