Sespa comemora um ano do Projeto Casulo com o acompanhamento de mais de 250 pessoas trans

Sespa comemora um ano do Projeto Casulo com o acompanhamento de mais de 250 pessoas trans

15/05/2023 Off Por ASCOM

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da secretaria adjunta de gestão de políticas de saúde (SAPS), comemorou nesta segunda-feira, 15, um ano do “Projeto Casulo” que atualmente conta com 257 pacientes inscritos. O evento ocorreu no auditório da secretaria, que contou com a presença de pessoas atendidas pelo projeto e representantes do movimento LGBTQIA+.

Neste um ano de criação do projeto Casulo já foram realizadas 1.614 consultas médicas como clínica médica, endocrinologia, psiquiatria, alergologia, ginecologia, entre outros. Também já foram feitos 7.962 exames, 11 cirurgias, além dos serviços de assistência social, psicologia e nutrição.

O projeto Casulo foi criado para atender pessoas transexuais no Estado. Uma das beneficiadas pela iniciativa é a Olívia Pethrova, que destaca a importância do programa e fala de sua experiência como usuária. “O projeto, por ser voltado para os transexuais, nos ajuda a ter esse apoio de forma multidisciplinar, pois temos o atendimento psicológico, clínica médica, endocrinologia.  É importante ter essa assistência para a nossa população, com médicos capacitados”, disse a recepcionista.

Segundo Olívia, antes da criação do projeto, existiam muitas dificuldades na rede pública de atendimento. Para ela, a falta de acolhimento também era um obstáculo. “às vezes a gente só quer que as pessoas, os médicos, compreendam e saibam lidar com a nossa população transexual. Dentro do projeto Casulo podemos nos sentir acolhidos. Ainda temos muito o que melhorar, pois há erros até com os nossos pronomes, era muito precário, mas estamos evoluindo, pois o Casulo é um processo de dignidade, são pessoas que nos entendem e ajuda no nosso tratamento, principalmente, com a hormonioterapia que é sério e importante”, pontuou Olívia.

Quem também é atendido pelo projeto Casulo, Arthur Veiga, conta que  começou a terapia hormonal pela Policlínica e com o início do projeto Casulo recebeu acompanhamento intensivo com psicólogo, psiquiátrico e outras especialidades. “Vale ressaltar que o Casulo é focado também pra toda nossa saúde mental. Só de ter um ambiente acolhedor, onde podemos socializar com a nossa própria população já é muito significativo”.

A diretora técnica da Sespa, Carla Figueredo, explica que o projeto Casulo nasceu de uma reestruturação de um atendimento ambulatorial que já existia desde 2015 e funcionava na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas Parasitárias Especiais (UREDIPE). Segundo ela, o processo transexualizador não poderia ter como porta de entrada uma unidade de referência para HIV. A diretora explica, ainda, que o projeto Casulo não lida só com a questão do atendimento ambulatorial e hospitalar, mas também a questão da humanização.

“O primeiro passo foi levar o ambulatório para a policlínica, que é um lugar que consegue atender todas as especificidades que a população transexual precisa, seja médica e não médica. Hoje estamos em comemoração desse novo momento, dos avanços alcançados até aqui, onde o grande diferencial foi a parte de ensino dos profissionais. Infelizmente a academia não ensina a trabalhar com a população transexual. Nós entendemos que o projeto Casulo não é só exame, cirurgias, mas um contexto inteiro de humanização, educação do profissional”, disse a diretora.

Neste um ano de comemoração de projeto Casulo, o advogado Davi Almeida, doutorando, mestre em direito e membro do programa de empregabilidade e formação LGBTI da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi o convidado para ministrar a palestra para os presentes no evento.  Ele diz que o momento era de celebração do projeto.

“Vivemos numa falácia de que todo mundo tem direito a saúde, vida, educação, mas não é real. Às vezes falta olhar para o lado e perceber que nós não somos tratados com igualdade dentro dos espaços.  A gente tem o projeto casulo como uma conquista de direito, como um espaço que foi feito em parceria com a sespa e os movimentos sociais, que conseguiu construir esse diálogo, um projeto considerando as nossas necessidades, com atuação prática. Isso me deixa feliz, de ver que há esse processo, um avanço de direito”, avaliou.

Para ter acesso ao “Projeto Casulo”, o usuário deve ter idade mínima de 18 anos, além de apresentar identidade de gênero diferente do sexo biológico e esteja em busca de intervenções corporais. A porta de entrada para o processo é por meio da Unidade Básica de Saúde, Equipe de Saúde da Família, que fará o encaminhamento, através do sistema de regulação, para o atendimento na Policlínica Metropolitana.

“É um momento de muita felicidade comemorar um ano do projeto Casulo e ver que é um projeto que está sendo bem sucedido, garantindo direito a saúde, assistência. Foi um projeto pensado por várias pessoas e que para dar certo precisamos da dialogar com os movimentos. O Casulo é um projeto que deu certo e precisamos replicar, por isso estou determinando que se faça um estudo para que seja implementado o projeto casulo nas policlínicas de Tucuruí e Bragança”, anunciou o secretário da Sespa Rômulo Rodovalho.

Texto: Tatiane Freitas
Fotos: José Pantoja