Tratamento correto garante qualidade de vida às pessoas com diabetes

Tratamento correto garante qualidade de vida às pessoas com diabetes

26/06/2023 Off Por Roberta Vilanova

Paciente diabético precisa aderir com rigor ao tratamento

A data de 26 de junho marca o Dia Nacional do Diabetes (Diabetes Mellitus), doença metabólica que caracteriza-se pela presença de glicemias elevadas. Frequentemente, é acompanhada de condições como sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial, elevação de colesterol e/ou triglicerídeos, gordura no fígado, dentre outras. Essas comorbidades correlacionadas podem agravar os sintomas e levar a sérias complicações para o paciente.

A endocrinologista do Hospital Jean Bitar, Rafaela Miranda, explica que, apesar de o fator genético ter influência, mesmo quem tem um estilo de vida saudável e está com peso adequado deve submeter-se aos exames de rotina e sempre buscar orientação médica.

“Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes, existem 463 milhões de adultos com diabetes em todo o mundo, sendo que aproximadamente 50% desta população ainda não foi sequer diagnosticada. Em relação aos que já sabem do diagnóstico de diabetes, porém não atentam para o tratamento de forma satisfatória, o panorama infelizmente, não é mais animador. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, metade das pessoas que convivem com doenças crônicas, incluindo-se aí o diabetes, mantém baixa adesão ao tratamento proposto baseado na prescrição de medicamentos e na orientação de medidas para um estilo de vida mais saudável”, lamenta a profissional.

Isso pode ser um grande complicador para o paciente que convive com a doença, pois mesmo os assintomáticos estão sujeitos às complicações tanto microvasculares, que incluem o acometimento da retina (retinopatia diabética), dos rins (nefropatia diabética) e das terminações nervosas (neuropatia diabética), quanto macrovasculares, que por sua vez podem ser o infarto do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) – e que podem surgir desde o início do quadro, reduzindo não só a expectativa como prejudicando também a qualidade de vida.

“Quando se fala sobre a necessidade de modificar esse contexto de má adesão ao tratamento e reduzir a chance de complicações da doença, precisamos lembrar que esse paciente traz todo um repertório de mitos e medos que geram dúvidas e angústias sobre si mesmo. Precisamos, dessa forma, rever também o papel do profissional que apenas critica e assombra. É importante ajudar o paciente a enxergar a real necessidade da mudança, oferecendo apoio e orientação que o capacite nessa jornada de cuidado”, atenta a endocrinologista.

A médica reforça que entender quais fatores limitam o paciente e ajudá-lo a contorná-los já é um excelente começo. “É extremamente importante mostrar que a vida não acabou por causa do diabetes e que, com acompanhamento regular de profissionais especializados, boa adesão ao tratamento proposto e apoio familiar e de amigos para implementação da nova rotina de cuidados, é possível ter uma vida normal”, garante.

Já o cardiologista da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Viana, Rodrigo Souza, fala mais sobre a relação entre diabetes e problemas cardíacos. Vale lembrar que o HC é referência de atendimento nessa área. “O Diabetes Mellitus é fator de risco clássico para o desenvolvimento de problemas cardíacos, em especial, doença arterial coronária. Devido ao componente inflamatório relacionado à doença, caso ela não esteja bem controlada, pode haver aceleração do processo de crescimento das placas de gordura nas artérias do coração, culminando com infarto agudo do miocárdio”, detalha.

O médico insiste que o monitoramento do perfil glicêmico dos pacientes precisa ser realizado de rotina, pois hoje já se sabe que mesmo estados pré-diabéticos podem aumentar o risco cardiovascular dos pacientes e esse aumento de risco exige ajustes das metas de tratamento.

“Pacientes que não costumam fazer rastreamento rotineiro acabam descobrindo a diabetes com pelo menos cinco anos de atraso. Além disso, existe muita resistência a retirar completamente o açúcar da dieta, muitas vezes fazendo substituição por outros tipos de açúcares, o que não é a medida mais recomendada. Sendo assim, faz-se necessária a explicação e orientação desses pacientes da importância de seguir a risca as orientações médicas”, justifica.

Doador frequente de sangue, Reginaldo Barbosa, de 63 anos, descobriu há mais de 20 anos que era diabético quando se prontificou para uma doação. “Me disseram que eu então não poderia mais doar. Me cadastrei em um centro de saúde, consegui um aparelho para medir glicemia, as fitas e hoje eu monitoro todos os dias. Evito fritura, óleo, pão, farinha, doces, tudo que é tipo de doce e também cigarro, bebida alcóolica”, relata.

Nem isso evitou uma situação de agravamento da doença. Com um pico de glicemia de 550 mg/dL, precisou ser internado para um tratamento mais severo. “Era muita besteira que eu comia na rua, fritura principalmente. Agora, tenho uma dieta saudável, feita em casa, como muitas frutas, verduras, tomo três tipos de remédio por dia e também insulina em jejum e à noite antes de dormir”, conta o paciente.

Texto: Carol Menezes/Secom

Foto: Marcelo Seabra/Ag. Pará