 
                
                    Vacinação adequada é aliada na proteção de crianças em tratamento contra o câncer
30/10/2025A vacinação é considerada uma das estratégias mais eficazes para a prevenção em saúde pública ao proteger contra doenças ocasionadas por vírus, bactérias e germes, que podem causar diversas doenças. Mas, quando se trata de crianças em tratamento oncológico, esse tema exige atenção redobrada para garantir a imunização adequada, reduzir complicações graves e preservar a vida dos pacientes.
As vacinas inativadas, como a da gripe, Covid-19 e a do Papiloma vírus humano (HPV) são consideradas seguras para esse público, especialmente em fases de baixa dose de quimioterápico ou manutenção. Entretanto, devem ser suspensas durante o tratamento aquelas com vírus atenuado (como sarampo, caxumba, rubéola, catapora, febre amarela e rotavírus). São contraindicadas durante a imunossupressão, pois podem causar infecções graves.
Conforme explica a oncologista pediátrica do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, Karoline Silva, durante o tratamento contra o câncer o sistema imunológico da criança fica comprometido. Segundo a especialista, “a vacinação deve ser realizada antes do início da intervenção terapêutica e ser suspensa, de forma temporária, durante os períodos de imunossupressão grave, com intervalos que podem variar de acordo com o tipo da vacina e do protocolo de tratamento.”
“A quimioterapia, a radioterapia e até o transplante de medula óssea reduzem a capacidade do organismo de responder às vacinas e de combater infecções. A imunossupressão pode diminuir a eficácia da imunização, porém isso não significa que as vacinas deixam de ser importantes. A vacinação é fundamental para prevenir quadro mais graves de doenças infecciosas, mas deve ser indicada e adaptada pelo oncologista, conforme a condição clínica de cada paciente”, esclareceu a especialista.
Nos casos de transplante de medula, por exemplo, a vacinação costuma ser reiniciada cerca de seis meses após o procedimento ou após a suspensão do uso de imunossupressores. “O oncologista avalia parâmetros como a quantidade de linfócitos e a recuperação imunológica antes de liberar as doses”, explicou Karoline Silva.
Planejamento – O cartão de vacinação atualizado é um grande aliado antes e durante o tratamento oncológico. “Quando a criança chega ao diagnóstico com todas as vacinas em dia, enfrentamos o tratamento com mais tranquilidade, pois sabemos que ela já tem uma proteção básica contra várias doenças. Não menos importante é realizar a atualização vacinal de todos os contatos próximos, tais como familiares e cuidadores”, ressaltou a oncologista pediátrica
Por isso, a avaliação com o pediatra antes do início do tratamento é decisiva para que a família saiba como a imunização deve ser realizada. Já o oncologista, durante ou após o tratamento, avalia quando a criança tem indicação a vacinas especiais e a encaminha para os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie). Essas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem imunobiológicos especiais para pacientes imunossuprimidos. O acesso é feito mediante encaminhamento médico.
Imunização personalizada – Em alguns casos, há necessidade de doses de reforço ou monitoramento sorológico para avaliar a presença de anticorpos e garantir a eficácia da proteção. As recomendações seguem protocolos nacionais e internacionais, como o Guia de Imunização da Sociedade Brasileira de Imunologia, o protocolo da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos voltados à segurança e à personalização do cuidado vacinal.
A dona de casa Elizandra Costa, 35 anos, mãe de Thayla Brito, 11 anos, contou que a vacinação da menina estava em dia antes do diagnóstico do câncer. “Quando descobrimos a doença, minha filha precisou dar uma pausa nas vacinas, exatamente até o momento onde parou, em razão da quimioterapia. Agora, já faz 11 meses que está fora de tratamento, somente em monitoramento. Vamos conversar com a oncologista sobre isso”, disse Elizandra.
Entre dúvidas e receios, alguns pais sentem medo de vacinar os filhos durante o tratamento contra o câncer. No entanto, Karoline Silva reforçou que “quando a vacinação é planejada de forma adequada e segura representa um ato de amor, proteção e responsabilidade. É uma etapa essencial no cuidado integral da criança com câncer, fortalecendo não apenas o corpo, mas também a esperança de dias mais saudáveis.”
Texto: Leila Cruz – Ascom/Hoiol



