Projeto ajuda pacientes oncológicos a desvendar os segredos da culinária

Projeto ajuda pacientes oncológicos a desvendar os segredos da culinária

30/01/2023 Off Por Roberta Vilanova

Crianças aprenderam a fazer o doce Alfajor com a chef de cozinha Verenna Silva

O Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) realizou nesta segunda-feira (30), mais uma edição do projeto “Pequeno Chefs”, no refeitório do segundo andar. As crianças com idades entre 2 e 12 anos aprenderam a receita de Alfajor, um doce preparado com duas bolachas formando um sanduíche de recheio de doce de leite, todo coberto com chocolate e granulados. Os cozinheiros infantis aprenderam passo a passo como fazer a guloseima, conforme a orientação da Chef de Cozinha Verenna Silva.

Coordenado pelo Escritório de Experiência do Paciente (EPP) do Hoiol, o projeto realizado em parceria com o Serviço de Nutrição e Dietética, surgiu para proporcionar um momento de descontração e leveza aos usuários, os quais passam por longos períodos de tratamento e hospitalização. “Temos uma boa adesão ao projeto, assim como as crianças os pais curtem muito ver os filhos preparando os alimentos. É uma maneira delas degustarem algo diferente da dieta hospitalar e como elas mesmos preparam, sentem mais vontade de comer”, informou Elizabeth Cabeça, assistente do EPP.
Segundo uma pesquisa realizada em parceria pelas universidades de Otago  (Nova Zelândia), Carolina do Norte e Minnesota (Estados Unidos) e publicada no The Journal of Positive Psychology, cozinhar está entre a lista de atividades criativas que ajudam a combater a depressão e a ansiedade. O estudo acompanhou 658 jovens que realizaram atividades gastronômicas durante duas semanas.

A supervisora de Nutrição, Alessandra Barata, explica que os benefícios vão além da socialização, “cozinhar melhora habilidades sociais, a memória e ameniza o estresse, assim como incentiva a alimentação dos usuários”.  Segundo ela, após a Chef de Cozinha sugerir as ideias, as receitas passam pela avaliação da nutrição para então somente serem liberadas para a produção e consumo pelos pequenos chefes. Aqueles que não podem ir ao refeitório, recebem a guloseima no leito.

“Muitos deles estão hospitalizados desde muito pequenos, portanto não tiveram o contato com o alimento, nem puderam sentir as diferentes texturas ou fazer aquela lambança em casa, característica da infância. Aqui, a criança prepara o alimento que vai consumir e isso faz muita diferença. Elas comem com prazer, algo que é comprometido pelos efeitos colaterais da quimioterapia, como enjoo e outras situações”, esclareceu.

Vanusa Pinheiro, 23 anos com a filha Ana Vitória, que já há quase um ano no hospital

Mãe da pequena Ana Vitória, Vanusa Pinheiro, 23 anos, participa com frequência das atividades lúdicas. Ela  veio do município de Igarapé-Miri  em busca de tratamento para  a menina que foi diagnosticada com uma doença rara. A Histiocitose das Células de Langerhans (HCL)  normalmente afeta crianças e pode acometer diversas partes do corpo, e é caracterizada por uma proliferação das células mononucleares com infiltração local ou difusa nos órgãos.

“Minha filha gosta muito de estar nesses eventos, até mesmo pelo tempo que está hospitalizada, então é uma distração muito grande. Ela se diverte e eu também. Já viemos de outro hospital e estamos há seis meses no Hoiol, ou seja, estamos há quase um ano longe de casa”, contou.

O agricultor Ezequias Santos, 33 anos, é morador do município de Concórdia do Pará. Ele é pai de Eric Trindade dos Santos, 10 anos, e incentiva o menino a participar das programações. A família experimentou o doce pela primeira vez. “Gostei bastante, é uma ajuda para ele se alegrar também.  Essa é a segunda vez que meu filho participa do projeto e já perguntou quando vai ter de novo, quer mais”. O menino está  há quatro meses em tratamento contra leucemia e na segunda internação. “Foi muito gostoso e divertido”, disse Erick.

Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência na região Norte no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública, e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.

Texto: Leila Cruz/Hoiol

Fotos: Divulogação