Estado discute ampliar ações de saúde para comunidades quilombolas no Pará

Estado discute ampliar ações de saúde para comunidades quilombolas no Pará

29/01/2024 Off Por Roberta Vilanova

O objetivoé aprimorar a assistência à saúde e destinar recursos às demandas dessas populações

A primeira reunião de 2024 do movimento social Malungo, da população quilombola do Pará, com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), ocorreu na manhã desta segunda-feira (29), no auditório da Escola Técnica do SUS (Etsus). Na reunião foi discutida a Atenção Básica em territórios quilombolas, visando ao mapeamento populacional e à descentralização do atendimento de saúde.

A fim de priorrizar a equidade, a ação propõe a instalação de hospitais regionais com atendimento específico para a comunidade quilombola, além de reforçar a prevenção na ponta, aproximando os serviços das regiões onde ficam as comunidades, para que as pessoas evitem longos deslocamentos até os centros de atendimento.

Pedro Cavalero, diretor de Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), participou por meio digital, e disse que o órgão faz a intermediação das proposições da sociedade civil com as demais secretarias do Estado. “É necessário descentralizar o atendimento, chamando os municípios e os hospitais regionais para essa luta. E isso a Seirdh irá fazer com seus gestores municipais, visando dar mais celeridade ao atendimento”, afirmou.

Houve ainda uma análise regional das comunidades quilombolas. O Estado foi dividido em cinco regionais: Regional Tocantina, Regional do Marajó, Região do Baixo Amazonas, Nordeste Paraense e Regional Guajarina. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essas regiões têm 129.932 quilombolas.

O encontro visa aprimorar a assistência à saúde e destinar recursos às demandas dessas populações. “A reunião é de fundamental importância para garantir o direito à saúde da população quilombola. É importante a gente institucionalizar esses processos para garantir os direitos da comunidade que precisa de leitos, exames de laboratório e diversas políticas públicas”, disse Valberto Maia, gerente de Políticas para Quilombolas da Seirdh.

Gestores da Sespa e Seirdh com representantes do movimeno Malungo

Realidade – A reunião mostrou a complexidade e os desafios específicos de cada região quilombola no Pará. A riqueza cultural é destacada como patrimônio a ser preservado, e a união de esforços com as secretarias municipais e estaduais, e o Movimento Social Malungo, busca promover um futuro mais inclusivo para as comunidades quilombolas.

A Sespa, por meio da Coordenação Estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais (CESIPT), reforça o comprometimento contínuo com a saúde e bem-estar dessas populações. Novas reuniões foram propostas para regulamentar fluxos, realizar campanhas preventivas e debater com especialistas, como Lorena Alves, técnica em Antropologia da CESIPT, e Tatiany Peralta. “É importante alinhar com as outras secretarias, outros órgãos envolvidos, a melhor forma de poder atendê-los, porque isso não era institucionalizado. Hoje, já temos uma regulação que funciona dentro da Sespa para que possamos atender às demandas”, informou Tatiany Peralta, coordenadora da CESIPT.

Lorena Alves também ressaltou a importância de institucionalizar os processos. “Esse grupo de trabalho surgiu no contexto da pandemia de Covid-19. A partir de então, a gente entendeu que precisava continuar para fortalecer os instrumentos de saúde dessa população. No ano passado, a CESIPT passou a realizar ações de saúde em diversas comunidades quilombolas. É importante institucionalizar esses mecanismos, para que as ações e as estratégias permaneçam e os instrumentos sejam aprimorados cada vez mais”, acrescentou.

Texto e fotos: Bianca Botelho/Sespa