Grávidas e puérperas precisam de cuidados específicos para evitar infecção pelo coronavírus e Influenza

Grávidas e puérperas precisam de cuidados específicos para evitar infecção pelo coronavírus e Influenza

31/01/2022 Off Por Roberta Vilanova

Gestantes devem redobrar os cuidados por serem mais vulneráveis às infecções

Uma palavra vem se tornando cada vez mais rotineira nos noticiários: flurona. É o termo usado para designar uma infecção simultânea pelo novo coronavírus e pelo vírus Influenza, causador da gripe. A palavra deriva de “flu” (gripe em inglês) e do termo corona. Especialistas dizem que os casos de infecção simultânea entre coronavírus e Influenza já eram esperados, e que não necessariamente são mais graves que os casos em que há infecção por apenas um dos vírus.

Desde o início da pandemia, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) recomenda que grávidas e puérperas – que tiveram filhos nos últimos 45 dias – devem continuar em isolamento social, permanecendo o maior tempo possível em casa, evitando contato com pessoas doentes, e se dirigir ao pronto atendimento quando for realmente necessário, além de lavar as mãos com frequência.

De acordo com o médico infectologista Paulo Henrique Seabra de Farias, esses cuidados fazem parte de uma série de recomendações, em função das grávidas e puérperas serem mais vulneráveis à infecção pelo coronavírus, tal como idosos e pessoas com comorbidades, que apresentaram, nas primeiras ondas da pandemia, elevados índices de letalidade, e integram grupos de risco para complicações da Covid-19.

“Gestação e puerpério são períodos em que as mulheres ficam mais vulneráveis devido às mudanças fisiológicas do corpo, e acabam ficando mais suscetíveis às infecções. Por isso, elas acabam sendo grupo de risco”, explica Paulo Farias, coordenador da Assessoria de Controle de Infecção Hospitalar da Fundação Santa Casa.

Além disso, a inclusão dessas mulheres levou em consideração a ação de outros coronavírus e vírus gripais já conhecidos e estudados, como o Influenza. Como a Covid-19 é uma doença que favorece a formação de trombos, a combinação Covid e gravidez é extremamente preocupante.

Rigor nos cuidados – Estudos científicos apontam que a fisiopatologia do vírus H1N1 pode apresentar letalidade nesses grupos associados à história clínica de comorbidades dessas mulheres. Sendo assim, para a infecção pela Covid-19 o risco é semelhante pelos mesmos motivos fisiológicos, embora ainda não tenha estudo específico conclusivo. “Portanto, os cuidados com gestantes e puérperas devem ser rigorosos e contínuos, independentemente do histórico clínico das pacientes”, afirma o médico.

Betânia e o marido, com a filha Vitória atendimento garantido para a mãe e o bebê na Santa Casa

No começo deste ano, a dona de casa Betânia Farias de Melo, 22 anos, preparava-se para o nascimento da filha Vitória, quando tudo mudou.  Na 36ª semana de gestação, saudável e livre de qualquer intercorrência, ela apresentou sintomas comuns da Covid-19, gripe e resfriado, e foi levada à emergência obstétrica da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) no último dia 17.

Depois de 11 dias de internação hospitalar, Vitória nasceu. Atualmente, recuperada e livre da confirmação da doença, a dona de casa conta que acabou relaxando os cuidados com o novo coronavírus. Mas agora, com a chegada da filha, pretende reforçar a proteção. “Às vezes, eu me protegia, e às vezes, não. Agora, com a chegada da Vitória, todos os cuidados em casa serão redobrados”, garante.

Procedimentos – A prevenção da infecção simultânea pelo coronavírus e Influenza em gestantes e puérperas baseia-se em isolamentos de casos confirmados e distanciamento social para os contatos, uso de máscaras e práticas de higiene, incluindo etiqueta respiratória e lavagem correta das mãos com água e sabão ou álcool 70%.

As práticas de higiene e a correta utilização das máscaras e demais equipamentos de proteção individual (EPI) devem ser observadas. Para prevenção da Covid-19 deve ser reforçado que as gestantes e seus acompanhantes respeitem o uso constante de máscara, redobrem os cuidados de higiene e mantenham o distanciamento recomendado em todos os locais de atendimento.

A Fundação Santa Casa ressalta que as precauções para gestantes e puérperas evitarem a infecção pelo novo coronavírus seguem os mesmos protocolos recomendados à população, com alguns itens a mais. Assim, grávidas e mulheres em fase de amamentação devem atentar para as seguintes recomendações:

– Continuar a rotina de acompanhamento médico;

– Usar máscara de tecido ou descartável se precisar sair de casa;

– Vacinar-se contra a gripe e a Covid-19;

– Manter a rotina de amamentação;

– Lavar sempre as mãos com água e sabão ou passar álcool em gel, principalmente antes de tocar no bebê, e manter superfícies e objetos limpos e desinfetados;

– Evitar receber visitas neste momento;

– Se tiver febre, tossir ou sentir dificuldade para respirar, procurar assistência médica imediatamente.

Vacinação – Em tempos de pandemia também de notícias falsas, muitas pessoas passaram a olhar as vacinas com desconfiança, baseadas em informações infundadas compartilhadas, sobretudo, em aplicativos de mensagens e redes sociais.

Já são quase dois anos que o mundo convive com o novo coronavírus. Embora, no Brasil, os números tenham melhorado, sobretudo por conta das altas taxas de vacinação da população, é preciso lembrar que a pandemia ainda não acabou. Novas variantes, como a Ômicron, que ganha destaque nos noticiários mundiais e já foi notificada em território nacional, continuam surgindo. Antes das vacinas, as grávidas e puérperas eram alguns dos grupos mais atingidos pelo vírus. Agora, o cuidado deve continuar redobrado.

As vacinas estimulam a produção das defesas do organismo por meio de anticorpos específicos. Quando o vírus se instala no corpo, o sistema de defesa é reativado pelo sistema imunológico, limitando ou paralisando a ação e enfraquecendo os riscos de adoecimento.

As recomendações são as mesmas para todas as vacinas, como procurar o serviço de saúde em casos de reações adversas, evitar bebidas alcoólicas por 48 horas e respeitar o intervalo entre as doses da vacina contra a Covid-19.

As informações sobre a vacinação são fornecidas pelas Secretarias Municipais de Saúde. A população pode acompanhar o andamento da campanha em todo o Estado na página do Vacinômetro – http://www.saude.pa.gov.br/vacinometro/.

Texto e fotos: Rafaela Soeiro /Santa Casa