No Pará, Hospital Metropolitano é destaque na captação de órgãos

No Pará, Hospital Metropolitano é destaque na captação de órgãos

27/04/2023 Off Por Roberta Vilanova

Desde 2014 até a atualidade, mais de 600 captações de órgãos foram realizadas na unidade

Quando autorizada pela família de um paciente com morte encefálica, a doação de órgãos pode salvar a vida de diversas outras pessoas. No Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), localizado em Ananindeua, região metropolitana de Belém, o procedimento de retirada de órgãos, que exige estrutura adequada, equipe capacitada e sensibilização, é uma realidade.

Em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), o Hospital realiza a captação de rim, fígado, valva cardíaca (estrutura responsável por regular a passagem de sangue entre partes do coração) e córnea. A mobilização mais recente ocorreu na manhã da última quinta-feira (20), e deu condições de melhorar a qualidade e salvar vidas de pacientes internados em hospitais do Brasil.

“Saber que este ato salvará vidas é o que nos dá ainda mais ânimo e felicidade de desenvolver esse trabalho tão desafiador, que conta com o envolvimento da sociedade e de várias instituições”, diz a coordenadora da Central de Transplantes do Pará, Ierecê Miranda.

Antes da captação – Quando confirmada a morte encefálica do internado, a Central Estadual de Transplantes (CET Pará) é notificada e fornece o apoio necessário, com materiais e equipe de profissionais especializados para fazer a captação dos órgãos.

Para que o processo seja realizado, é imprescindível que os familiares do possível doador autorizem a cirurgia de captação. Essa trajetória é marcada por um processo de sensibilização.

“Por mais que seja uma decisão em um momento de extrema dor, é possível amenizar esse sofrimento tendo a certeza que novas vidas serão salvas com o ato de amor e solidariedade”, afirma a profissional.

Estrutura adequada – Desde 2014, o Hospital Metropolitano, que pertence à rede de saúde pública do Estado e é gerenciada pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), conta com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), formada por equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, responsáveis por acolher e oferecer aos familiares a oportunidade de decidir sobre a doação de órgãos.

Da implementação até a atualidade, mais de 600 captações de órgãos foram realizadas na unidade, sendo quatro mobilizações somente nos quatro primeiros meses de gestão do INDSH. Deste total, dez órgãos foram doados.

“A missão do hospital é sempre salvar vidas. Quando tudo já foi feito para auxiliar na recuperação do paciente e há a suspeita de ausência de atividade cerebral, a CIHDOTT acompanha o caso para confirmar o diagnóstico de morte encefálica e posteriormente acolhe a família para sensibilização da doação. Dessa maneira, a unidade também efetiva a sua missão, que é salvar vidas, no estado e também no país”, explica Milla Silva, responsável pela Comissão do HMUE.

Transplantes no Brasil – Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo e é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, garantindo de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.

A instituição pontua que entre os motivos que levam à resistência da família está, principalmente, a falta de informação da população.

“O combate à desinformação e a capacitação de profissionais da saúde nessa temática é uma das nossas principais missões e não é fácil. As conversas sobre o que é a doação, e se a pessoa é favorável, deve ocorrer em conversas dentro de casa, enquanto a pessoa está viva. De forma natural, esse assunto deve estar presente nas discussões familiares. Somente assim, deixará de ser tratado como tabu”, pontua Ierecê.

Rede de cuidados – Em 17 anos de funcionamento, o HMUE registra milhares de atendimentos a vítimas de traumas, de Belém, do interior do Pará e também de outros estados, consolidando-se como referência no Norte do Brasil.

Entre as especialidades do Hospital estão cirurgia geral, cirurgia plástica (exclusiva para vítimas de queimaduras) e cirurgia torácica e vascular.

Somente em 2022 foram realizados mais de meio milhão de atendimentos, entre internações, cirurgias, exames laboratoriais e de imagem, atendimentos multiprofissionais e consultas ambulatoriais.

Texto: Alberto Dergan/HMUE

Foto: Rodrigo Pinheiro/Ag. Pará