Paciente de covid-19 recebe alta após um ano internada no Hospital Galileu

Paciente de covid-19 recebe alta após um ano internada no Hospital Galileu

26/04/2022 Off Por Roberta Vilanova

Sandriely Santos de Souza estava internada desde o dia 15 de abril de 2021

Aos 15 dias de vida, Sandriely Santos de Souza teve uma febre alta e logo passou quase três semanas em coma. Após o rastreamento da doença, foi diagnosticada com meningite bacteriana aguda, que evoluiu para uma paralisia cerebral, após o aparecimento  de uma mancha de sangue no lado esquerdo do pulmão. Mas, a luta pela sobrevivência não parou por aí. Durante sua vida, ela desenvolveu outras doenças, como pneumonia e, no ano passado, a Covid-19, que a levou a ter várias complicações.

No dia 15 de abril de 2021, Sandriely deu entrada no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, para o tratamento da covid-19, à época em que a unidade virou a chave do seu perfil original e passou a atuar no enfrentamento do novo coronavírus na Rede de Saúde Pública do Governo do Pará. No Galileu, ela teve de fazer várias cirurgias no tórax, provenientes da infecção, e com mais de um ano no Hospital, esta semana ela venceu mais uma batalha e voltou para casa.

Para sua mãe, Jardenira Santos, cada ano é um desafio. “Hoje, Sandriely tem 27 anos de idade, e cada ano que se passa, passamos por lutas. Graças a Deus, o Hospital Galileu foi colocado em nosso caminho, para salvar a vida de minha filha, que entrou muito mal após pegar a covid-19”, comentou a mãe, que se dedica exclusivamente aos cuidados de Sandriely.

Trajetória – O enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Brendo Richardy Lobato Lago, lembra que a trajetória de Sandriely foi marcante. “Foi uma das primeiras pacientes que tive contato quando fui transferido para a UTI. No início, tive dificuldades para compreendê-la. Porém, com o passar do tempo, comecei a compreender e a entender os sinais que ela demonstrava”, conta. Sem emitir sons, ela dava sinais para se comunicar. “Quando não gostava da posição que a deixávamos durante a mudança de decúbito, logo ela ficava com uma cara de braba e de poucos amigos”, sorriu.

“Porém existia um truque que a equipe descobriu: Para deixá-la mais confortável a equipe tinha que botar uma música no celular e ficar cantando trechos da música para ela, era nesse momento que ela abria um grande sorriso”, contou o enfermeiro. “Nesse momento a gente sabia que ela estava melhor e acabava esquecendo a raiva causada pela posição desconfortável”, ressaltou Richardy.

O profissional também fala que as expressões da paciente eram evidentes e apesar do seu quadro clínico, Sandriely sempre sorria quando sabia que daria uma volta pela parte externa da unidade. “Esse passeio era o grande momento dela de ir para fora da UTI, ver o céu e sentir o vento no rosto. Ela adorava”, comentou.

No momento da alta, o enfermeiro apenas a gradeceu. “O que tenho a dizer sobre ter sido parte da equipe que prestou cuidados a ela, é apenas obrigado.  Pois me fez ficar atento aos detalhes e entender que um sorriso pode querer dizer um simples obrigado por cuidar de mim”, disse, emocionado.

Quem também não esconde a emoção ao falar sobre o tratamento de Sandriely é a assistente social Audilene Soares de Melo. “Durante todo o período de internação, a paciente e seus familiares, estiveram em acompanhamento social. Na UTI, fazíamos chamadas de vídeo com a família com a finalidade de fortalecer o vínculo. A partir de o momento que a paciente foi pra enfermaria, o serviço social articulou com o programa Melhor em Casa para o acompanhamento pós-alta na sua residência”, comentou.

Audirene também destaca que Sandriely foi inscrita junto com sua mãe, no Projeto Vincular do Galileu. “Toda a equipe multiprofissional orientou a mãe, que será sua cuidadora de referência, para cuidados como curativo, aspiração, mobilização articular. Visando sempre promover a autonomia e qualidade de vida para a paciente e sua família”, observou.

Alta humanizada- No momento da volta para casa, a equipe multiprofissional celebrou com muita alegria. “Aqui no Hospital Galileu temos já como rotina a comemoração de altas. Este é um momento especial para todos os profissionais de saúde e também, para a família dos usuários que lutam bravamente pela vida. Neste momento, nos unimos, colocamos balão, cantamos e celebramos a vida”, disse Anne Segovia, coordenadora de humanização do HPEG.

Quem também destaca a assistência Humanizada prestada pela unidade é Kamila Rosa, coordenadora de enfermagem. “Sandriely chegou aqui muito debilitada, foi para UTI, depois enfermaria. Durante todo o tratamento, a equipe esteve empenhada em proporcionar a recuperação efetiva. E não focamos apenas no bem-estar físico, mas também no emocional, colocando a paciente como centro de nosso trabalho”, reforçou Kamila.

Perfil – Apesar de Sandriely ter dado entrada na unidade para tratar infecções causadas pelo coronavírus, o perfil do Hospital Galileu atende a pacientes com traumas ortopédicos. “O Hospital Galileu foi estratégico ao enfrentamento da pandemia no Pará. Foram disponibilizados 90 leitos clínicos e 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A assistência foi feita por psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais que reforçaram a equipe multiprofissional, formada ainda por médicos, enfermeiros e técnicos”, destacou Alexandre Reis, diretor executivo no Galileu.

Texto: Roberta Paraense/HPEG

Foto: Divulgação