Pacientes do programa Doenças Ortopédicas na Infância passam por cirurgia para correção de mãos e pés

Pacientes do programa Doenças Ortopédicas na Infância passam por cirurgia para correção de mãos e pés

16/01/2023 Off Por ASCOM

As alterações congênitas são caracterizadas pela presença dos pés voltados para dentro ou deformidades nas mãos. O problema não tem uma causa definida e pode ser diagnosticado ainda antes do nascimento ou nos primeiros dias de vida de uma criança. Mas, foi-se o tempo em que falar sobre alterações congênitas de membros superiores e inferiores era pensar em amputação. Com o avanço dos métodos na área da ortopedia, pacientes que nascem com este tipo de deformidade podem realizar o tratamento por meio de cirurgias para a correção das chamadas doenças congênitas.

Lançado em setembro do ano passado pelo governo do estado por meio da Secretária Estadual de Saúde Pública (Sespa), o programa “Doenças Ortopédicas na Infância” já realizou 395 cirurgias do pé torto congênito e 9 com deformidades congênitas nas mãos. As cirurgias são feitas no Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS). No entanto, antes do procedimento, o paciente é acompanhando pela equipe médica do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), onde são realizados os atendimentos ambulatoriais.

Para o médico ortopedista e cirurgião do Hospital Abelardo Santos, Rui Barros, atuar no programa é animador, haja vista que o hospital dispõe da estrutura necessária para atender os pacientes com tranquilidade, com equipamentos de ponta para realizar as cirurgias com segurança. “É gratificante ver que na rede pública temos um hospital funcionando num nível de qualidade altíssima, sem falar no atendimento ambulatorial realizado dentro do CIIR durante o pré e pós-operatório”.

Um dos pacientes atendidos pelo programa é o pequeno Tayller Miguel Nascimento, de 1 ano e sete meses. O menino nasceu com deformidades nas mãos, além de um dedo a mais no pé direito e um cisto no pé esquerdo. Em julho do ano passado, o menino fez a primeira intervenção cirúrgica e há pouco mais de um mês, Tayller já realizou o segundo procedimento. Dessa vez, para fazer a correção do polegar. Moradora do município de Garrafão do Norte, a mãe de Tayller comemora o resultado. “Agora, voltamos para ele retirar os pontos e esperar que ele leve uma vida normal, possa estudar sem ter vergonha”.

Fernanda conta que durante o processo de pré-natal, não foi possível identificar o problema, que só foi diagnosticado após o nascimento do menino. “Fiz os ultrassons, mas não aparecia nada. Só percebi no momento quando ele nasceu mesmo. Comecei o tratamento quando ele tinha nove meses e só posso agradecer pelo tratamento oferecido tanto dentro do hospital Abelardo Santos como aqui no CIIR”, disse a jovem.

De acordo com o médico, nem todo paciente consegue passar pelo processo cirúrgico ainda criança. Ele explica que o tratamento é relativo e varia de caso para caso. “Existem casos em que é preciso esperar o crescimento da criança e a estruturação dos ossos, mas via de regra é depois de um ano de idade. Algumas vezes a criança nasce com o defeito e o crescimento defeituoso. A gente pode corrigir, mas o crescimento do osso dele continua alterado e volta a deformar”, explicou o médico.

É o caso da adolescente Marcela Souza, que só conseguiu fazer a primeira intervenção cirúrgica nas mãos aos 14 anos de idade. Além das mãos para dentro, a jovem nasceu também com deformidades nos braços. A estudante faz o tratamento desde pequena, mas precisava aguardar o fortalecimento e o crescimento dos ossos e dos nervos para que fosse feita a primeira cirurgia. Dona Neuza Souza conta que no início foi difícil esperar e acreditar que poderia dar certo, mas hoje diz estar satisfeita com os resultados que a filha vem alcançando.

“Com o tempo, fui entendendo que por ela estar em fase de crescimento não era viável realizar a cirurgia naquele momento. Hoje, estou bem satisfeita, pois eu pensava que nunca teria esse resultado. Ela já estava sentindo vergonha, se escondendo, agora percebo que ela tá mais solta”, comemora a costureira.

Marcela ainda vai precisar passar por mais três cirurgias para alcançar o resultado desejado, já que a menina precisa passar por correções no cotovelo e também no polegar. “Eu tinha um pouco de vergonha do meu braço e cheguei a sofrer bullying na escola. Hoje estou muito bem e feliz. Só quero terminar os meus estudos e ser psicóloga”, afirmou a adolescente

Para o médico, o projeto para correção de deformidades proporciona melhor qualidade de vida aos pacientes e promove a inclusão social, já que possibilita aos envolvidos uma maior interação dentro da sociedade. “Os membros inferiores fazem com que a pessoa se desloque de um lugar para outro, já os membros superiores fazem com que você interaja com o meio ambiente. Um exemplo de quando se trata da doença nas mãos é que a criança não consegue pegar em uma caneta com os dedos presos, não consegue usar celular e nem teclado. Então tudo isso quando não corrigido traz repercussões gravíssimas tanto na educação, na socialização e na autoestima dessas pessoas.

São deformidades que causam um distúrbio funcional bastante acentuado e vai aumentando conforme a criança vai crescendo”, explicou o médico.
Doença

As alterações congênitas são deformidades nas mãos ou pés, diagnosticadas após o nascimento de uma criança, podendo ser de transmissão hereditária ou não. Segundo o ortopedista, a maioria dos casos é sem gravidades, mas causam transtornos tanto para os pais como para os pacientes. “Existem casos que são de transmissão hereditária, ou seja, de pai para filho, mas alguns são má formação do feto, na hora de formar a mão, ocorreu de acontecer de forma defeituosa”.

Programa

Antes da cirurgia, os pacientes do programa Doenças Ortopédicas na Infância são acompanhados por uma equipe de profissionais, como ortopedista, anestesista, cardiologista, pediatra e realizam os exames complementares no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR). “No CIIR a gente faz o atendimento ambulatorial, estuda os casos, planeja o tratamento, faz os exames pré-operatórios e temos todo o apoio necessário para o preparo e o pós-operatório. É um casamento interessante entre o hospital e o centro. Depois de 7 a quinzes dias ele retornam com a gente para uma nova avaliação”, explicou o ortopedista.

Para o diretor do Regional Abelardo Santos, Jean Cléber, a ampliação do Projeto Doenças Ortopédicas na Infância já é motivo de comemoração. “Iniciamos as cirurgias ortopédicas na infância, em setembro de 2020. E, de lá pra cá, já fizemos mais de 750 cirurgias. Iniciamos com 30 por mês, veio a pandemia, suspendemos, depois retornamos, e hoje, já são 50 mensais. Com o Doenças Ortopédicas na Infância, o serviço foi ampliado aos membros superiores.

Texto: Tatiane Freitas/Sespa