Programa de Cirurgia de Traqueia no Galileu ajuda pacientes a retomarem suas rotinas

Programa de Cirurgia de Traqueia no Galileu ajuda pacientes a retomarem suas rotinas

09/12/2021 Off Por Roberta Vilanova

As irmãs Jociele Martins e Jodana de Nazaré no Galileu

Há cinco anos, o Programa de Cirurgia de Traqueia, patrocinado pelo Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sespa), tem recuperado vidas no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém. Uma das centenas de pessoas que foram alcançadas, é da pescadora, Jociele Gomes Martins, de 35 anos. A moradora da zona rural do município de Limoeiro do Ajuru, no nordeste paraense, passou por dois procedimentos cirúrgicos, 15 dias em coma, desafiou a medicina e, agora, já desenvolve parte de suas atividades diárias.

No dia 1º de outubro, a pescadora e o marido voltavam do trabalho para casa, em uma rabeta, quando se chocaram com uma embarcação de grande porte. Jociele foi arremessada na parede do barco, caiu no rio, mas foi achada pelo seu esposo já desacordada, minutos depois do impacto.

“Era por volta de 21h, estava escuro, chovia, eles foram surpreendidos com o impacto do baque. Ela bateu primeiramente na embarcação. O seu marido sentiu os cabelos dela passando pelas pernas dele, foi então, que ele mesmo machucado, começou a procurá-la e, então, a achou desacordada, afogada”, contou a dona de casa, Jordana de Nazaré, irmã da vítima.

Ao chegar no hospital, em Limoeiro do Ajuru, a pescadora foi assistida, mas a unidade hospitalar não tinha condições de tratá-la. “Reanimaram e disseram que não havia como tratá-la ali, não tinham recursos. Mas, falaram da urgência da cirurgia, caso contrário, ela não resistiria. Então, mandaram para Cametá. Chegando lá, encaminharam para Belém, o hospital também não fazia esse tipo de cirurgia. O rosto dela ficou desfigurado, inchou muito”, continuou Jordana, que, desde o momento do acidente, acompanha o tratamento da irmã.

Ao chegar na capital paraense, a vítima deu entrada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), onde fez uma cirurgia. “Lá ela fez a primeira e depois foi encaminhada ao Galileu, onde os médicos disseram que iam fazer o possível para salvar a vida dela”, reforçou Jordana Nazaré.

A pescadora, no Galileu, passou por dois procedimentos cirúrgicos: um na garganta e outro no pulmão, durante o tratamento, ela ficou  duas semanas em coma, mas continuou lutando pela vida. “Ela tem dois filhos, tem vontade de viver e não se entregou. Nossa família fazia corrente de oração, e graças a Deus e aos médicos, ela hoje, conta uma nova história”, completou a dona de casa.

Passados dois meses do acidente, a pescadora já fala, e, aos poucos, volta à sua rotina, em casa com a família. “Já faço algumas coisas, posso olhar os meus filhos, não fico mais na cama o dia todo, e também sinto cheiro, que eu perdi com o acidente”, disse, pausadamente, Jociele Gomes. “Só gratidão a Deus e aos médicos do Galileu, que não desistiram de mim”, agradeceu a pescadora.

Tratamento – Os procedimentos foram realizados pela equipe médica do Programa de Traqueia do Hospital Galileu. “A Jociele nos surpreendeu muito em sua recuperação. Com o impacto, ela fraturou a traqueia e teve uma pneumonia devido ter ingerido muita água. Ela também passou por uma cirurgia nos pulmões”, contou o cirurgião torácico, Ajalce Janahú, um dos idealizadores do Programa na unidade. “Começamos há cinco anos.

O serviço especializado disponibilizado pelo Hospital Galileu é pouco ofertado no Brasil. Antes, as cirurgias eram feitas em vários hospitais, até que foi implantado no Galileu o serviço e, hoje, somos referência internacional”, observou o médico, Ajalce Janahú.

O Hospital Público Galileu, administrado pelo Instituto de Saúde e Social da Amazônia – ISSAA, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), é referência na rede pública de saúde estadual, para tratamentos de lesões na traqueia e traumas.

Satisfação – Para o secretário estadual de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho, a iniciativa é um referencial para o Estado. “O serviço desenvolvido pela equipe do Hospital Galileu traduz, na prática, o empenho do Governo do Estado em prestar uma assistência de saúde eficiente e que transforme vidas. Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada, a unidade é reconhecida por este programa que vem recuperando a autoestima e restabelecendo vidas”, observou o titular da pasta.

“Nossos pacientes, ao passar pelos serviços da unidade, são ressocializados. Com as intervenções cirúrgicas, eles, aos poucos, voltam a retomar suas atividades e esse é o nosso objetivo. O Programa de Traqueostomia já é referência internacional. Ao longo da execução deste serviço, já recebemos profissionais de outros estados e países”, enfatizou Alexandre Reis, diretor executivo do Galileu.

Texto: Roberta Paraense/HPEG