Projeto Casulo reestrutura o atendimento às pessoas transexuais

Projeto Casulo reestrutura o atendimento às pessoas transexuais

19/05/2022 Off Por Roberta Vilanova

A iniciativa redesenha a rotina da rede de atendimento tornando os serviços de saúde mais acessíveis aos 144 municípios

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), já iniciou os atendimentos do Projeto Casulo, iniciativa lançada, na última terça-feira (17), em Belém, que realizou a reestruturação do fluxo ambulatorial e hospitalar para o atendimento de pessoas transexuais no Estado. Noventa pacientes, vindos da Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas Parasitárias Especiais (URE Dipe), devem ser atendidos ao longo desta segunda quinzena de maio na Policlínica Metropolitana, em consultas com clínico geral e psicólogo.

“O Projeto Casulo é um avanço na saúde pública do Pará, pois vai permitir cuidar de maneira mais integrada e efetiva a população que necessita deste atendimento realizando isso de maneira adequada e satisfatória. Ao redesenhar toda a rede de atendimento queremos propor  que todos os 144 municípios paraenses tenham acesso aos serviços e possam exercer com dignidade sua identidade de gênero”, afirmou o secretário de Saúde do Estado, Rômulo Rodovalho.

Após a busca ativa realizada em 493 prontuários, entre cadastros ativos e inativos, foi possível chegar aos nomes que já foram encaminhados as primeiras consultas. A Policlínica será a responsável pelo pré e pós-operatórios dos pacientes, o processo de hormonioterapia e contará com uma equipe multiprofissional que fará até 900 atendimentos mensais, entre consultas, exames e retornos. A expectativa é que esse primeiro momento seja de acolhimento e integralização do cuidado de assistência à saúde para que haja a adaptação do paciente ao novo momento do serviço.

“O Projeto Casulo envolve a Policlínica como como ambulatório de média complexidade, no qual o paciente vai fazer uso de todos os serviços que nós temos aqui e se houver a necessidade e ele tiver o desejo de fazer o procedimento de adequação do sexo vai contar com a nossa retaguarda. Trata-se então de um ganho para o Estado a nível de rede integralizada, porque estamos falando de unir a média e alta complexidade. Esse é um passo muito importante e nós estamos trabalhando pra atender de maneira humanizada, respeitosa e efetivamente fazer parte da saúde desse paciente, do público e da comunidade”, disse Lilian Gomes, diretora Executiva da Policlínica Metropolitana.

A expectativa é de que já a partir de junho o projeto comece a receber pacientes vindos via regulação. A porta de entrada aos que desejarem atendimento no projeto serão as Unidades Básicas de Saúde de cada município. Elas vão realizar o cadastramento na regulação municipal e em seguida direcionando-os, primeiramente, a Policlínica Metropolitana.

Após o atendimento na Poli, os pacientes que desejarem realizar os procedimentos cirúrgicos devem ser encaminhados ao Hospital Jean Bitar. Para homens trans a unidade está habilitada a realizar mastectomia masculinizante (retirada da glândula mamária e o reposicionamento da aréola), pan histerectomia (retirada do útero e ovários) e para mulheres trans a cirurgia de implantes mamários de silicone.

O atendimento do projeto também contará com o Ambulatório de Dermatologia da Diversidade da Universidade do Estado do Pará que vai realizar tratamentos dermatológicos ligados a hormonioterapia e harmonização facial. “Com o uso do hormônio para transição, eles têm muita queda de cabelo e acne, mas também há outras doenças dermatológicas que não tem necessariamente relação ao fato de serem trans. Então no ambulatório nós vamos atender todas as doenças, não só as que têm a ver com o uso do hormônio na transição. Atenderemos casos de doenças como psoríase, dermatite atópica entre outras. Tudo aquilo que ele apresentar de dermatologia que seja necessário diagnóstico, tratamento e acompanhamento eles vão ser acompanhados pela dermatologia da UEPA”, disse Regina Carneiro, professora Titular de Dermatologia da Uepa.

Histórico – Desde 2015 o atendimento de pacientes transexuais era realizado na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas Parasitárias Especiais (UREDIPE). Após o acolhimento inicial os pacientes eram encaminhados ao Hospital Jean Bitar que realizava os atendimentos psiquiátrico e cirúrgico com capacidade para um procedimento por mês. Entre os anos de 2017 e 2022 foram realizados 23 procedimentos cirúrgicos.

Texto: Caroliny Pinho/Sespa
Foto: Daniella Eguchi/Sespa