Treino com equipamentos garante independência aos deficientes visuais reabilitandos do CIIR

Terapia promove socialização de pessoas com deficiência visual por meio do treino de bengala

Imagina caminhar sem conseguir ver o que está à sua frente? Para uma pessoa cega ou de baixa visão, essa ação se torna uma barreira social, uma limitação de acesso ao mundo. Mas, para os reabilitandos do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, uma terapia vem promovendo a socialização das pessoas com deficiência visual por meio do treino de bengala, dessa forma, superando as barreiras cotidianas.

Conduzido pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), o plano terapêutico é denominado de Orientação e Mobilidade (O.M), que é dividido em três etapas. O início do acompanhamento é realizado com o setor de educação física, que balizará o campo de ação e reação do reabilitando.

De acordo com a terapeuta ocupacional Ilma Franco, a segunda etapa conta com a inserção da O.M às Atividades de Vida Diária (AVD). “O usuário apresenta queixas e demandas nas atividades do dia a dia em que, por algum motivo, ele não consegue realizar de maneira independente. A última fase marca a utilização do treino com a bengala longa”.

Segundo a profissional, as técnicas ofertadas dentro da Orientação e Mobilidade são para que os usuários tenham uma maior autonomia, principalmente, na locomoção, tanto em ambientes internos quanto externos, por isso, a O.M é o processo de utilizar os sentidos remanescentes. “Esses sentidos remanescentes envolvem as percepções não visuais, como a audição, o tato (sistema háptico), o olfato, a cinestesia, a memória muscular e o vestibular”, detalha.

A reabilitanda Sofia de Jesus, de 14 anos, está no terceiro ciclo de acompanhamento e neste módulo, o pai, Antônio Edmir, afirma que a menina quebrou as barreiras do medo e da dependência. “Atualmente, a Sofia já socializa com as pessoas e é independente, pois consegue situar nos ambientes com a ajuda da bengala e adaptação por intermédio da terapia”, declara.

Sofia de Jesus, de 14 anos, está ficando mais independente

Sofia conta que na escola, por exemplo, a terapia a potencializou a caminhar com mais segurança. “A bengala é um alerta para qualquer obstáculo à minha frente. Com o treinamento, tudo melhorou, e hoje, consigo depender menos de meus pais. Às vezes, quando estou na rua com a minha mãe, ela faz questão de alertar que tem uma calçada à minha frente, mas eu digo: – Mãe, já estou preparada”, detalha, com risos.

Ilma Franco salienta que a Mobilidade é a habilidade de se locomover com segurança. “Portanto, o usuário precisa saber a sua localização, para onde quer ir e como vai chegar no destino desejado, através de técnicas de bengala longa e com a Mobilidade, o reabilitando consegue se locomover de forma funcional”, conclui a terapeuta.

O treino da adolescente é semanal. A atividade consiste em realizar caminhos por todo o CIIR, simulando o dia a dia dela. À sua frente, existem pisos com texturas que aprimoram a sua percepção de solo. Além de envolver a educação física e a T.O, a reabilitação visual conta com uma equipe multiprofissional composta ainda pela psicologia e a psicopedagogia.

Sofia de Jesus, de 14 anos, está ficando mais independente

Equipamentos – Na última etapa com a bengala longa, o treino proporciona ao usuário aprender a utilizar como guia, com duas opções: a com ponteira fixa e a com ponteira roller. Com a alta terapêutica, o reabilitando recebe do CIIR uma bengala com ponteira roller para dar mais estabilidade às suas necessidades cotidianas.

Estrutura – O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).

Serviço: O CIIR é um órgão do Governo do Pará administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.

Texto: Pallmer Barros/CIIR

Fotos: Divulgação