Unidades do Estado tratam lesões na pele de pessoas com deficiência

Unidades do Estado tratam lesões na pele de pessoas com deficiência

20/01/2023 Off Por Roberta Vilanova

Usuário Joel Cordeiro recebe certificado de alta após tratamento de lesão

Referência no atendimento à Pessoa com Deficiência (PcD) no Norte do Brasil, o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, promove paralelamente às terapias ações de educação em saúde para tratamento de Lesão por Pressão (LPP) e curativos em lesões crônicas com processos infecciosos, que necessitam de intervenção cirúrgica plástica. O serviço conta com o apoio do Hospital Jean Bitar (HJB) nos procedimentos de alta complexidade.

Joel Cordeiro, 37 anos, foi um dos usuários beneficiados. Há quatro anos, ele conviveu com uma LPP inclassificável na região do ísquio (parte inferior do quadril). “O usuário tinha uma lesão extremamente cavitaria, e não havia indicação de tecido saudável para a realização da cirurgia, que complementa o tratamento”, informou a enfermeira Ana Cristina Costa Góes, que acompanhou Joel por cinco meses no CIIR.

De acordo com a profissional, na utilização de cadeira de rodas para locomoção, o corpo sofre pontos de pressão em áreas ósseas. “Além do mais, o uso constante de fralda descartável e a desidratação da pele podem ser fatores que causam vermelhidão no local, evoluindo para lesões por pressão, apresentando vários estágios até o inclassificável, lesão em que o profissional não consegue visualizar o grau do comprometimento dos tecidos que envolvem a pele”, explicou Ana Cistina Góes.

Os curativos, associados à cirurgia, contribuem para a plena recuperação do paciente

Segundo a enfermeira, essas lesões são mais comum nos calcanhares, costas, glúteos, cóccix, orelhas, cabeça, omoplatas e ombros. “Essas lesões ocorrem quando há uma interrupção no fluxo sanguíneo para a pele. Surge uma área avermelhada, e como a maioria dos nossos usuários não sente estímulos dolorosos, apresenta dificuldade em visualizar as alterações na pele em fase inicial. Se não for tratada, a pele pode se romper e surgir uma lesão, fato que aconteceu com Joel”, disse a profissional.

Para mudar esse quadro, durante o acompanhamento a equipe ofereceu informações sobre educação em saúde, para que Joel entendesse que não poderia passar qualquer produto na lesão, o que vinha realizando ao longo dos anos, antes de ser encaminhado ao CIIR. “É um quadro clínico grave. Essas lesões são listadas como causa direta de morte em até 8% de todos os pacientes com paraplegia”, enfatizou Ana Cristina Góes.

Hidratação – De acordo com a enfermeira Luana Remígio, que também participou do acompanhamento a Joel, é importante ensinar a identificar as alterações na pele, como ação preventiva. “O incentivo à ingestão de água para hidratar o corpo também é precaução às futuras lesões, pois todos estes pontos são de grande importância para a saúde dos usuários em uso de órtese, prótese ou cadeiras de rodas”, acrescentou.

A profissional ressaltou ainda que, após a limpeza e o estímulo ao crescimento dos tecidos de granulação, é necessário o procedimento cirúrgico em virtude da permanência do ponto de pressão e profundidade da lesão, apresentando exposição óssea. Os curativos, associados à cirurgia, contribuem para a plena recuperação do paciente.

Segundo o coordenador da equipe de Cirurgia Plástica do HJB, André Melo, o trabalho conjunto consiste “em orientar, paralelamente aos curativos, junto com a equipe de Enfermagem do Centro, quando necessário realizar o tratamento cirúrgico destas lesões”.

Segundo o médico, a população paraense tem à disposição na rede pública de saúde uma estrutura completa de tratamento para essas lesões. Ele ressaltou que os critérios para o procedimento incluem “um quadro clínico geralmente com diagnóstico de úlceras de pressão grau três”.

Joel Cordeiro concluiu o tratamento no CIIR

Alimentação – A assistência ao usuário Joel também contou com a orientação sobre alimentação balanceada, com suplementação de proteínas. “Quando é proposto um módulo de proteína, junto com a vitamina C, o usuário consegue recuperar a integridade da pele com a cicatrização do tecido que foi lesado”, informou a nutricionista Beatriz Garcia, do CIIR, que elaborou um plano de dieta fisioterápico calculado, com ênfase em micronutrientes. “Indicamos ao reabilitando um módulo de proteínas sem sabor, que ele pode adicionar às vitaminas com frutas, por exemplo. Esse módulo ajuda na cicatrização do tecido”, disse a nutricionista.

O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do CIIR por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação (Sisreg).

Serviço: O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.

Texto: Pallmer Barros/CIIR (com a colaboração de Joelza Silva – Ascom/HJB)