O 7° Centro Regional de Saúde (CRS) da Sespa realizou no período de 20 a 23 de agosto deste ano a ação integrada no combate e prevenção à Doença de Chagas em Muaná. A iniciativa se deu devido o crescente número de casos notificadosno ano de 2023/2024, de acordo com o sistema de informação Sinan Net, onde foram notificados 56 registros, bem como a grande quantidade de vetores, inserindo o município na lista de prioritários para Doença de Chagas.
A ação contou com a participação do coordenador regional de Doença de Chagas, Oscar Figueiredo, a representante da Atenção Primária regional, Juraneide Gomes, e o representante da Vigilância Epidemiológica regional, Francyane Corrêa. De modo integrado, as atividades incluiram visitas em 04 Unidades Básicas de Saúde, com o objetivo de implantar um fluxo na linha de Cuidados de Doenças de Chagas dentro da rede de atenção básica, para os profissionais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, de acordo com as especificidades do município.

Além disso, as atividades incluíram orientações sobre o fluxo de notificação, investigação epidemiológica, acompanhamento e monitoramento do domicílio e acolhimento para com os pacientes chagásicos. Também foi feita reunião para a apresentação do plano de enfrentamento à doença de Chagas no município, direcionado para os coordenadores municipais de saúde. Junto à equipe de vigilância epidemiológica municipal ocorreu a ordenação de fluxograma e avaliação dos dados inseridos nos últimos anos de Doença de Chagas no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN).
A coordenadora de Vigilância Sanitária do 7°CRS, Amanda Fernandes, esteve trabalhando em conjunto com a Vigilância Sanitária municipal fazendo a inspeção in loco de uma fábrica e 19 batedeiras de açaí, onde realizou notificações de adequações a serem cumpridas num prazo de 30 e 60 dias, e orientações gerais quanto às melhorias a serem realizadas na estrutura, higiene, manipulação do fruto e armazenamento do alimento.

O município de Muaná conta hoje com 90 batedeiras artesanais cadastradas. No entanto, não há nenhuma que esteja dentro dos padrões preconizados pelo Decreto Estadual n° 326/2012, que estabelece requisitos higiênico-sanitários para manipuladores de açaí e bacaba de forma a previnir surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA). Dentre os processos preconizados pelo Decreto, destaca-se o branqueamento, tratamento térmico que tem como uma das suas finalidades reduzir a carga microbiana do fruto, podendo ser realizado em máquina ou de forma caseira, desde que seja feito de forma correta. Apesar da simplicidade do processo e da grande importância que o mesmo tem para o preparo de um açaí de qualidade, os batedores presentes no município não realizam o branqueamento.
As ações de prevenção à doença de Chagas contou ainda com a equipe Regional e Municipal do Programa Saúde na Escola, que realizou atividades em três escolas municipais, tendo como participantes mais de 220 alunos, 34 colaboradores e 45 pais, responsáveis e outros membros de comunidades ribeirinhas. Estas atividades foram realizadas de forma integrada com a coordenadora do PSE, Iane Guimarães; a coordenadora de Entomologia, Kellen Veríssimo, e do farmacêutico Ronaldo Freitas, com o apoio da Secretaria de Saúde e de Educação Municipal.

Na sexta-feira, os agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias de Muaná receberam treinamento sobre a Doença de Chagas e sobre o barbeiro, inseto vetor do Tripanossoma cruzi, bem como instruções sobre boas práticas de manipulação de açaí. Adicionalmente, foi realizada uma palestra sobre boas práticas de manipulação de açaí e outros alimentos para as merendeiras das escolas do município, que atualmente estão fornecendo açaí no lanche dos alunos.
O diretor do 7°CRS, Valdinei Silva Texeira Júnior, fez o seguinte relato: “Em uma semana buscamos fazer um trabalho dinâmico e presente em todas a faces da secretaria municipal. Houve momentos com os coordenadores, com médicos, enfermeiros e técnicos nas unidades, e com os ACE e ACS. Também foi desenvolvido um trabalho de educação em saúde com a programação de saúde nas escolas”.
Valdinei ainda destaca que o objetivo da ação conjunta é fazer um diagnóstico do fluxo de trabalho e do trato do paciente de chagas na rede municipal, orientando a fazer ajustes e aperfeiçoar o fluxo municipal, buscando que os diagnósticos aconteçam em tempo hábil e o tratamento seja iniciado de forma imediata dos pacientes, aumentando a resolutividade da rede municipal, fortalecendo as secretarias municipais no enfrentamento à doença.