Com Natea/CIIR realiza mais de 90 mil atendimentos às pessoas com TEA

Com Natea/CIIR realiza mais de 90 mil atendimentos às pessoas com TEA

26/01/2024 Off Por Roberta Vilanova

Nicolas está há três anos sendo acompanhado no Natea

Em três anos, são exatos 91.432 atendimentos conduzidos pelo Núcleo de Atendimento ao Transtorno do Espectro Autista (Natea), em funcionamento no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém. O quantitativo contabilizado de janeiro de 2021 a dezembro de 2023, abrange atendimentos de enfermagem, serviço social, terapias individualizadas, terapias em grupos, acolhimentos e demais serviços oferecidos pelo Núcleo.

Um serviço multiprofissional auxilia no desenvolvimento de usuários com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio de práticas baseadas em evidências científicas. O Natea/CIIR é um dispositivo de saúde público idealizado pela Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo (Cepa), vinculada à Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), e funciona dentro da linha de reabilitação intelectual, atendendo paraenses a partir de três anos de idade.

De acordo com Sâmilly Batista, coordenadora assistencial, o Plano Terapêutico do usuário é montado de acordo com as demandas pontuadas pela família, observadas no dia a dia e por meio do processo de avaliação da equipe multiprofissional, composta por profissionais de educação física, fonoaudiólogos, terapeutas ABA, terapeutas ocupacionais, psicólogos, musicoterapeutas e psicopedagogos.

Samilly Batista, coordenadora Assistencial, destaca as práticas baseadas em evidências científicas como forma principal de suporte terapêutico

“Todo usuário, ao chegar no Natea, passa por uma avaliação inicial junto à equipe de acolhimento e a partir do resultado de avaliação e discussão de caso, é montado um plano terapêutico individualizado para este usuário, com uma agenda de terapias a serem realizadas, com carga horária de acordo com as demandas de cada caso”, detalha a gestora.

Desta maneira, são traçadas metas e objetivos terapêuticos dentro do plano de intervenção para o ciclo de atendimento que dura em média seis meses. “Após este ciclo, o usuário é reavaliado pela equipe para acompanhar a sua evolução e traçar novas metas terapêuticas podendo ocorrer a transição de cuidados ou alta, se for o caso”, pondera Sâmilly Batista.

Suporte – O acompanhamento terapêutico é trabalhado no atendimento centrado na pessoa e é baseado em práticas com evidências científicas. “Então, a terapia ABA (Applied Behavior Analysis, em inglês, e pode ser traduzido para o português como Análise do Comportamento Aplicada), hoje, é considerada a intervenção com maior evidência para o tratamento de autismo, quando a gente pensa em intervenção terapêutica”, explica a coordenadora.

Para tanto, realiza-se aplicação dos programas de ensino de maneira individualizada levando em consideração as particularidades de cada reabilitando. “Por isso, nas terapias estruturadas, o usuário é atendido de maneira um para um, com a presença do aplicador (ABA) sob supervisão do terapeuta ABA”, esclarece Sâmilly Batista e salienta que além da terapia ABA, existem outras sete especialidades que compõem o quadro de serviços terapêuticos, tais como, a Terapia Ocupacional Convencional; Atividade de Vida Diária (AVD); Integração Sensorial (IS); Psicomotricidade; Psicopedagogia; Fonoaudiologia e a Musicoterapia.

Além destas, à disposição tem a modalidade de atendimento de grupos de habilidades sociais voltada para o treino de repertório social que incentiva a conversação, interação social e generalização de repertórios sociais.

“Há as Oficinas Terapêuticas, o Grupo de Habilidades Sociais e o Programa de Habilidades Funcionais dentro da ‘Casa Funcional’, conduzidas por psicólogos e terapeutas ocupacionais, que são modalidades de atendimento que treinam as habilidades de autocuidado, interações sociais e atividades diárias como, por exemplo, o uso dos utensílios domésticos até a realização de higiene pessoal, de acordo com a faixa etária do usuário, do nível de suporte e das potencialidades do usuário”, complementa Sâmilly Batista.

Regina Duarte celebra a evolução do filho com suporte do Natea

Sendo o usuário de número seis entre os mais de 90 mil atendidos desde a inauguração do Natea, Nicolas Duarte, de 12 anos, contabiliza ganhos significativos de desenvolvimento que a mãe, Regina Duarte, 49 anos, destaca com entusiasmo e brilho nos olhos.

“Durante estes anos, ele evoluiu em atitudes como um simples cortar objetos com a tesoura. Hoje, consegue escrever as palavras que antes não sabia. A Musicoterapia trouxe a ele a identificação dos sons e, agora, até gosta de dançar! A terapia ABA me ajudou muito na questão do comportamento; de identificar o porquê ele reage de tal forma, principalmente, agora na adolescência em que está iniciando a fase de euforia e descobertas. Portanto, o ABA me ajudou a identificar esses pontos no Nicolas que eu não tinha antes com ele”, pontua a genitora.

Nateas – Para descentralizar o serviço e expandi-lo, oportunizando ainda mais o atendimento aos paraenses nos 144 municípios, o Governo do Pará pôs em pleno funcionamento Nateas pelo interior, como em Capanema e Tucuruí. Estão em obras unidades nos municípios de Marabá, Altamira, Santarém e em Breves, no arquipélago do Marajó. Após essas unidades serem inauguradas, o Estado proporcionará ao todo sete Nateas à população.

Centro de Formação – Para manter um serviço de qualidade, o Governo do Pará inaugurou no fim de 2023, o Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista (Cetea). Situado em Belém, com dois pavimentos, o equipamento público tem capacidade para atender mais de 300 usuários da rede pública de saúde com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), na faixa etária a partir de 2 anos.

Com o intuito de mesclar entre a oferta à assistência baseada em critérios científicos e servir, também, de laboratório para formação profissional especializada – sendo o primeiro laboratório de formação profissional para o autismo no Brasil -, o Governo investiu cerca de R$ 3,3 milhões para a efetivação do projeto.

Política pública ao TEA – Este dispositivo público está inserido em uma série de iniciativas do Governo do Pará, viabilizadas pela Lei nº 9.061/2020, referente à Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Peptea), que foi sancionada pelo governador Helder Barbalho, em maio de 2020, e a legislação também criou o Sistema Estadual de Proteção dos Direitos dos Autistas, que ampara o mapeamento referente às demandas de pessoas com autismo, no Pará.

Atendimento – Para obter acesso aos serviços do Natea, o usuário precisa ser encaminhado por meio de Unidade Básica de Saúde (UBS) do município onde reside, que será acolhido pela Central de Regulação, que por sua vez, encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).

Serviço: O CIIR/Natea é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1.000, em Belém. Mais informações: (91) 4042.2157 / 58 / 59.