Conscientização sobre fibromialgia é tema da campanha Fevereiro Roxo

Conscientização sobre fibromialgia é tema da campanha Fevereiro Roxo

12/02/2022 Off Por Roberta Vilanova

Hospital Jean Bitar, da rede pública estadual de saúde, oferece tratamento para fibromialgia

No Fevereiro Roxo, campanha criada em 2014 em Minas Gerais, ganham destaque informações sobre várias doenças, incluindo a fibromialgia, que é crônica e incurável, e afeta 2,5% da população mundial. A campanha ainda não faz parte do calendário oficial do Ministério da Saúde, mas é realizada no Brasil para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico na fase inicial para controlar os sintomas, e até mesmo retardar, melhorando a qualidade de vida.

No Pará, há atendimento para fibromialgia na rede pública de saúde, que inclui o Hospital Jean Bittar, e na Universidade do Estado do Pará (Uepa), tanto para consulta como para tratamento. O acesso ao serviço é realizado pelo atendimento com médico clínico em Unidade Básica de Saúde (UBS), que encaminhará aos serviços de reumatologia de referência, caso seja necessário.

A fibromialgia é uma síndrome por apresentar vários sintomas, sendo a dor difusa generalizada (em músculos e articulações) o mais evidente, que geralmente está associada a outros, como alterações do sono (sono não reparador), fadiga, dificuldades de concentração e na memória, além de distúrbios do humor, como depressão e ansiedade.

É considerada uma doença crônica por ter duração superior a três meses. Vários fatores podem desencadear a fibromialgia, de histórico de traumas a estresse emocional, levando a alterações neurológicas que aumentam a percepção e sensação de dor pelo corpo.

A doença é relativamente comum e independe de gênero e faixa etária. Porém, é mais frequente em mulheres entre os 30 e 50 anos de idade.

 

Entendimento – A reumatologista Marília Campos, do Hospital Jean Bittar, alerta para o fato de que a fibromialgia pode ser confundida com várias doenças que provocam dores musculares e articulares, fazendo o paciente buscar ajuda em outras especialidades, atrasando o diagnóstico. Mas ela ressalta que o médico clínico é capaz de suspeitar da doença e iniciar a investigação pela história do paciente, buscando outros sintomas além da dor, realizando exame físico e solicitando exames laboratoriais e de imagem (quando necessário) para descartar outras doenças que causem sintomas semelhantes. Até o momento, não há exame que confirme a fibromialgia.

“Na grande maioria dos casos, quando a doença é isolada, os exames são normais. Por isso dizemos que o diagnóstico é clínico, ou seja, requer a avaliação de um médico. A maior dificuldade no diagnóstico é justamente não haver um exame específico para a doença, fazendo o paciente e as pessoas do convívio dele duvidarem da existência da condição”, explica a médica.

Essa característica torna ainda mais importante a avaliação do reumatologista para essa confirmação e também para conversar com o paciente e familiares, a fim de tentar ajudar a entender a fibromialgia e a importância do tratamento.

Como tratar – A principal medida de tratamento é a atividade física. De preferência, exercícios aeróbicos, que movimentam todo o corpo. A atividade física é capaz de estimular a produção de substâncias que conseguem reduzir a dor. Em conjunto com os exercícios, podem ser utilizados medicamentos antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos, que diminuem a intensidade da dor e melhoram outros sintomas, como alterações do sono e distúrbios do humor. A medicação é sempre individualizada, porque o que funciona para um, não necessariamente funciona para todo paciente com fibromialgia.

“Outra medida que também fará parte do tratamento é apoio psicológico para que o paciente aprenda a lidar com uma condição crônica e a manter as medidas de mudança do estilo de vida (exercícios, redução de estresse) de forma contínua, para seu próprio benefício. Dentro dos cuidados de saúde é importante estar com a vacinação em dia, não havendo contra indicação à vacina contra a Covid-19 em casos de fibromialgia. Vacinas reduzem o risco de infecções graves, que podem piorar os sintomas da fibromialgia”, alerta Marília Campos.

Qualidade de vida – Por ser uma disfunção cerebral, o Sistema Nervoso Central (SNC) passa a atuar de forma desorganizada na percepção da dor, como se houvesse uma ausência de filtro para os estímulos, levando a pessoa a sentir mais dor (generalizada), afetando a movimentação. A fibromialgia está sempre associada à dor e fadiga muscular, sono não repousante e intolerância ao exercício, levando à sensação de incapacidade e limitação das tarefas do dia a dia, e gerando sofrimento físico e emocional.

O fisioterapeuta Lauro Lincoln da Silva Pessoa, da Uepa, ressalta a necessidade da avaliação clínica para a busca do diagnóstico. “É preciso que profissionais solicitem exames para descartar doenças reumáticas e doenças autoimunes, que têm sintomas confundíveis com os da fibromialgia”, explica.

Auxílio – A Fisioterapia pode ser grande aliada para quem enfrenta os sintomas da doença, podendo reverter o quadro de dor e fadiga, trazendo mais qualidade de vida ao paciente. São utilizadas técnicas de analgesia; acupuntura (não só com agulhas, mas usando moxabustão); massagem TUI-NA; exercícios, como tai chi chuan, QIgong, yoga, meditação e fitoterápicos; relaxamento muscular; alongamentos; exercício coordenados e progressivos, e outros métodos que melhoram o quadro de dor, paralelamente ao ganho de flexibilidade das articulações e de força muscular, sempre de forma específica, respeitando as características clínicas de cada paciente, em especial a facilidade de gerar fadiga.

A Unidade de Ensino e Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Ueafto) da Uepa atende a uma grande diversidade de patologias musculoesqueléticas, neurológicas, cardiorrespiratórias e pediátricas, e também fibromialgia, via Sistema Único de Saúde (SUS), com pacientes encaminhados e avaliados por profissionais da rede, e pelo Sistema de Regulação (SisReg), para tratamento em Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Acupuntura, Psicologia, Fonoaudiologia, clínica médica e especializada.

Dias sem dor – Lauro Pessoa conta que, no campo da pesquisa, há estudos e trabalhos acadêmicos abordando especificamente essa condição. Professora do curso de Fisioterapia, Léa Oliveira coordena o Projeto “FisioFibro”, um ensaio clínico controlado e randomizado.

O paciente interessado em participar precisa ter laudo com diagnóstico confirmado de fibromialgia, mais de 18 anos, ser do sexo feminino e ter disponibilidade para atendimento à tarde. Novas triagens serão realizadas na segunda quinzena de fevereiro de 2022. O paciente, após essa triagem, será inserido no grupo de fisioterapia aquática ou no grupo de caminhada.

É possível obter mais informação e marcar atendimento com a docente responsável pelo projeto, por mensagem de WhatsApp pelo número(91) 98861-4287.

Texto: Carol Menezes/Secom
Foto: Ascom/HJB