RAIVA HUMANA E ANIMAL
Raiva Animal
DCNI (doença de notificação compulsória imediata), a raiva humana é uma encefalite viral, quase 100% letal, e certamente é um dos agravos que mais impactam a população e os profissionais de saúde que lidam com esses pacientes.
Pode ser transmitida ao ser humano através de contato direto, mordeduras, arranhaduras ou lambedura de mucosas ou pele lesada, provocada por algumas espécies de mamíferos terrestres. O vírus que a provoca atinge terminações nervosas, migra para o encéfalo, disseminando-se para todo o sistema nervoso, lesando e destruindo neurônios, daí a sintomatologia chocante e impactante. Doença imunoprevinível, quando a intervenção é feita em tempo oportuno.
O Estado do Pará registrou, nos anos de 2004 e 2005, os maiores surtos de raiva humana, transmitidos por morcegos hematófagos, até então conhecidos na história do Programa de Prevenção e Controle da Raiva no Brasil. Em 2018, o Pará teve outro surto de raiva humana, na região do Marajó cm 10 óbitos.
Raiva Animal – Canina e Felina
Dentre os 144 municípios do estado, não temos, desde 2011, casos de raiva canina (agosto) e felina (setembro). Porém é notório o crescimento da raiva em animais de produção, o que está diretamente relacionado com a agressão por morcegos hematófagos.
A ocorrência dos casos de raiva animal sinaliza para duas situações de risco:
1. A possibilidade de contágio através do manuseio de animais doentes;
2. A existência de circulação viral em morcegos e o risco da ocorrência de casos humanos de raiva na hipótese desses quirópteros também estarem agredindo e por sua vez transmitindo raiva aos animais de produção.
ATENDIMENTO ANTIRÁBICO HUMANO
Maior banco de dados da SINAN/TABWIN, o esquema profilático da raiva (pós e/ou pré-exposição) é a única maneira efetiva de se controlar a raiva humana, medida esta que deve vir associada ao controle da população de quirópteros e ao alcance da meta estadual/nacional na Campanha de Vacinação anual de cães e gatos, para o fechamento da cadeia de transmissão da Raiva Humana.
ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS
O estado do Pará é o Estado da Federação Brasileira que mais notifica Acidentes por Animais Peçonhentos, devido a tal situação, é necessário que a Secretária Estadual de Saúde do Pará (SESPA), através da Coordenação de Zoonoses tenha uma atuação ativa nos Centros Regionais de Saúde (CRS) e nos municípios paraenses, exercendo sua função de acompanhamento dos casos informados, auxilio técnico na investigação e análises epidemiológicas dos casos referidos, bem como capacitações constantes aos profissionais de saúde.
HANTAVIROSE
A hantavirose é uma infecção provocada por um vírus que se hospeda em ratos silvestres, que normalmente são os responsáveis pela sua transmissão. O primeiro registro da doença do estado do Pará ocorreu no ano de 2005, em área de garimpo do município de Novo Progresso-Pa. O vírus se encontra nas fezes, urina e saliva desses animais, e quando em contato com o homem a infecção ataca primeiramente os pulmões, que ficam inchados e cheios de água (infiltrado bilateral).
A plantação de grãos, vem aumentando substancialmente no estado desde 2018, por este motivo, a Secretaria de Saúde do Estado do Pará – SESPA desencadeou no ano de 2023 ação estratégica na investigação, detecção e mapeamento da doença transmitida por roedor silvestre (rato do mato), no estado do Pará. Técnicos da Endemias/Zoonoses, seguindo orientação do “Plano de Trabalho Estratégico de Enfrentamento da Hantavirose no estado do Pará”, visitaram as Regionais e Municípios com histórico da doença e com fatores ambientais predisponentes ao aparecimento do agravo, num planejamento piloto priorizando as regiões produtoras de grãos e com ocorrência de casos.
LEPTOSPIROSE
A leptospirose é uma doença infecciosa febril de início abrupto, cujo agente etiológico é uma bactéria do gênero Leptospira. No Pará ela é endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente na capital e áreas urbanas dos municípios paraenses, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional em áreas vulneráveis, em condições inadequadas de saneamento e infestação de roedores possivelmente infectados.
A infecção humana resulta da exposição, direta ou indireta, à urina de animais infectados. A penetração do micro-organismo ocorre por lesões existentes na pele, pelas mucosas ou pela pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada. As manifestações clínicas da doença variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros clínicos graves, associados a manifestações fulminantes.
É doença de notificação compulsória que ocorre durante o ano todo, porém sua maior incidência se dá nos meses de inverno amazônico, devido às chuvas e enchentes que ocorrem nessa época do ano e, consequentemente, ao contato humano com urina de roedores contaminada com a bactéria.
Seu quadro clínico varia desde infecção assintomática até quadros graves que levam o paciente ao óbito, por ser autolimitante, muitas vezes é neglicenciada e os casos notificados normalmente são os que agravam e precisam de internação hospitalar e de leitos especializados- UTI, o que leva o Estado a ter um índice de letalidade maior que o nacional.
FEBRE MACULOSA
A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa causada pela bactéria R. Rickettsia e transmitida pelo carrapato-estrela, da espécie Amblyomma cajennense ou micuim.
Transmitida aos humanos e aos animais apenas por meio da picada de um carrapato infectado, não sendo passada diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados.
Os mamíferos hospedeiros (cães, bois, cavalos, capivaras, aves domésticas, gambás, coelhos, etc.) são animais predispostos à infecção por R. rickettsii, mantendo níveis circulantes da bactéria na corrente sanguínea, o suficiente para causar infecção de carrapatos que dele se alimentem.
Para que haja a transmissão, os carrapatos devem permanecer fixados à pele do hospedeiro por um período variável entre seis e dez horas, o suficiente para que a bactéria seja reativada na glândula salivar e em seguida espalhada pelo corpo. Os carrapatos, além de vetores, são também reservatórios de R. rickettsii. Cada fêmea de carrapato infectada pode gerar até 16 mil filhotes aptos a transmitir R. rickettsias.
Até o momento, não é uma doença endêmica no estado, porém em virtude dos casos que acontecem na região Sul, o estado se mantém alerta.
LYME
Infecção causada por bactérias, mais comumente a da espécie Borrelia burgdorferi, tem diversas espécies de carrapatos que podem carregar a bactéria e transmiti-la aos seres humanos através da picada.
Provoca lesões na pele, no sistema nervoso central e periférico e no coração, além de dores nas articulações. Após semanas de infecção, algumas pessoas também podem desenvolver inflamação nos olhos, problemas cardíacos (como arritmia), hepatite e fadiga severa.
Assim como a Febre Maculosa, não é uma doença endêmica no estado.
TOXOPLASMOSE
Programa que vem sendo implantado pelo MS, a toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado “Toxoplasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. Vários insetos podem carregar o protozoário em suas patas, a veiculação hídrica e alimentar causam surtos envolvendo maior número de pessoas.
Agravo de difícil controle pelo curso silencioso na grande maioria das pessoas infectadas e por ter relação direta com questões ambientais e saneamento básico, uma vez que o protozoário é resistente a vários saneantes, só sendo inativado a 60° C.
Assim como na raiva animal, o grande número de animais errantes, principalmente de gatos, é uma situação preocupante para o controle deste agravo, uma vez que o toxoplasma para ficar em sua forma infectante deve passar pelo trato gastrointestinal dos felinos, que podem transmitir a agente causador da doença por toda vida, caso tenham baixa de imunidade.
Reiteramos, que devido ao protozoário ser resistente a vários saneantes (ácido acético, hipoclorito de sódio, bicarbonato de sódio e demais desinfetantes), o que o torna um agravo de difícil controle pelas relações diretas com questões ambientais e saneamento básico, uma vez que o protozoário só é inativado a 60° C.
BRUCELOSE
Outro programa que vem sendo implantado pelo MS, A brucelose é uma doença zoonótica, causada por bactérias do gênero Brucella sp., pode ser transmitida ao ser humano pelo contato direto (manejo) ou indireto (consumo de alimentos lácteos não pasteurizados) de animais de produção, como bois, vacas, ovelhas, búfalos, porcos, entre outros ou pelo contato com animais de companhia (cães).
Agravo que tem relação estreita com o ambiente laboral, o estado mantém a vigilância epidemiológica com a saúde do trabalhador e através de informações de casos positivos em animais de produção, que nos é repassado pela ADEPARÁ.
EPIZOOTIA
Epizootia é um conceito utilizado na saúde pública veterinária para qualificar a ocorrência de um determinado evento em um número de animais ao mesmo tempo.
A Epizootia de PNH (primatas não humanos) tem relação direta com o agravo da Febre Amarela (FA) e por este motivo devem ser informadas o mais rapidamente possível, não ultrapassando 24hs e as medidas de controle do agravo FA devem ser iniciadas imediatamente após a notificação e em tempo menor ou igual a um dia.