Governo do Pará envia UTI aérea para buscar dois rins doados em Rondônia

Governo do Pará envia UTI aérea para buscar dois rins doados em Rondônia

30/09/2021 Off Por Roberta Vilanova

Enfermeira da Central Estadual de Transplantes, Cristiane Arias, recebe os órgãos em Porto Velho

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), enviou nesta quinta-feira (30) um avião com UTI aérea até Porto Velho, capital de Rondônia, para buscar dois rins que serão transplantados em pacientes pediátricos, na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém. O avião decolou da capital paraense em direção a Porto Velho às 14h15, com piloto, copiloto e a enfermeira da Central Estadual de Transplantes (CET), Cristiane do Socorro de Souza Arias, responsável por receber os órgãos e acompanhar até a entrega para a equipe de transplantes da Fundação Santa Casa.

O transporte dos rins de Porto Velho para Belém seria realizado gratuitamente pelas companhias aéreas comerciais. No entanto, os órgãos chegariam a Belém 17 horas após a captação (tempo de isquemia fria), que é considerado longo para que todos os procedimentos sejam realizados até o momento do transplante. “Para diminuir esse tempo, e permitir que os pacientes recebessem os rins com mais qualidade, para ter melhor evolução pós-transplante, foi que a Sespa decidiu enviar a aeronave”, explicou a coordenadora da CET, Ierecê Miranda.

O doador dos órgãos é um adolescente de 14 anos, que morreu vítima de acidente de motocicleta. A família, em um gesto de generosidade, decidiu doar todos os órgãos, salvando vidas de diversos pacientes pelo Brasil, entre as quais as duas crianças no Pará.

A boa notícia para quem espera por um rim veio no último dia de setembro, mês em que se comemora, no dia 27, o Dia Nacional do Doador de Órgãos. Durante todo o mês foi realizada a Campanha Setembro Verde, de sensibilização para a importância da doação de órgãos e a necessidade de cada pessoa expressar em vida sua vontade de doar seus órgãos, e da família de acatar esse desejo. “As crianças que receberão os rins vão sair da fila e deixar a máquina de diálise para terem mais qualidade de vida, e voltarem a viver como qualquer criança merece e precisa”, disse Ierecê Miranda.

Ierece Miranda, coordenadora da Central Estadual de Transplantes

Procedimentos – Ela informou que os órgãos chegarão a Belém no início da madrugada desta sexta-feira (1º), e que os beneficiados só serão conhecidos após o exame de compatibilidade realizado pela Fundação Hemopa (Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará). Antes do transplante dos rins é necessário o teste de compatibilidade, denominado prova cruzada, uma espécie de transplante in vitro feito em um laboratório especializado, utilizando material biológico do doador e dos receptores para descartar qualquer indício de rejeição dos órgãos pelo paciente. “Somente após a prova cruzada é que se realiza, de forma segura, o transplante propriamente dito”, acrescentou Ierecê Miranda.

Considerando a ordem de seleção por compatibilidade, e condições clínicas e genéticas, foram selecionados sete pacientes pediátricos para realizar a prova cruzada. Desses, duas crianças serão transplantadas, sendo que os dois primeiros pacientes que estão na fila de transplante têm 16 e 12 anos de idade. Um está na fila há sete meses, e o outro há um ano e dois meses.

Ionara Rodrigues e Ierecê Miranda durante uma captação de órgãos

Os pacientes candidatos a receber os órgãos são acompanhados pela equipe de Transplante Renal da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, único hospital do Estado que realiza transplante renal pediátrico. “Serão o quinto e o sexto transplantes renais pediátricos realizados na Santa Casa somente neste mês de setembro”, ressaltou Ierecê Miranda.

A coordenadora da CET disse que, com a melhoria do cenário da pandemia de Covid-19, a Central de Transplantes do Pará retomou suas atividades com o objetivo de aumentar as doações e transplantes no Estado. “Esperamos que o gesto da família de Rondônia sensibilize outras famílias a tomarem a decisão de doar os órgãos de seus entes queridos, apesar do momento de tristeza e dor”, acrescentou.

Roberta Vilanova/Sespa
Fotos: Divulgação