HJB esclarece dúvidas acerca da apneia e hipopneia obstrutiva do sono em usuários obesos

HJB esclarece dúvidas acerca da apneia e hipopneia obstrutiva do sono em usuários obesos

15/03/2024 Off Por Roberta Vilanova

Hospital Jean Bitar, em Belém

O Hospital Jean Bitar (HJB), em Belém, é referência estadual no tratamento da obesidade, com a realização de cirurgia bariátrica e outros tratamentos. E neste Dia Mundial do Sono, celebrado nesta sexta-feira (15), especialista da unidade, esclarece dúvidas acerca da Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), que atinge pessoas obesas.

A síndrome da apneia (é um distúrbio do sono que afeta a respiração de uma pessoa, fazendo com que ela pare de respirar uma ou mais vezes ao longo de uma única noite de sono) e hipopneia (é um distúrbio respiratório relacionado à obstrução das vias aéreas superiores e interrupção da respiração por mais de 10 segundos), obstrutiva do sono, caracteriza-se pela ocorrência repetitiva de obstrução total (apneia) ou parcial (hipopneia) das vias aéreas superiores durante o sono.

Pode ser dividida em três tipos:

– Obstrutiva, que são causadas pela obstrução da via aérea;

– Central, quando o paciente tem uma doença neurológica ou cardíaca;

– Mista, quando é a mistura das causas centrais e obstrutivas.

E existem também pessoas com ronco primário, que fazem o barulho enquanto dorme, mas não tem paradas respiratórias ou queda da saturação.

Médico otorrinolaringologista Murillo Freire Lobato

Segundo o médico otorrinolaringologista do HJB, Murillo Freire Lobato, a obesidade em si já aumenta o risco da pessoa ter apneia e hipopneia obstrutiva do sono. E, ao mesmo tempo, quem tem a síndrome da apneia e hipopneia, também tem o maior risco de obesidade. Ou seja, uma coisa leva a outra. “Quando a pessoa dorme, a liberação dos hormônios da saciedade e da fome são regulados. Se a pessoa não dorme bem, esses hormônios que controlam o apetite e saciedade são desregulados, gerando assim, mais fome, menor saciedade, preferência por alimentos mais gordurosos, com mais carboidratos, pois o organismo está querendo compensar aquela noite mal dormida, com mais energia”, explicou o especialista.

O médico complementa ainda que a pessoa pode evoluir para apneia e hipopneia obstrutiva do sono por vários sintomas que são adquiridos por sono não adequados, como: sonolência diurna; dores de cabeça matinais; sono não reparador; despertares a noite que fragmenta o sono e causa picos de adrenalina de madrugada; obesidade, quando os hormônios são descontrolados, gerando assim, mais obesidade; o ronco, que faz barulho atrapalhando o companheiro de quarto; alterações cognitivas, que é a dificuldade de atenção e foco, cansaço excessivo, diminuição da performance de rendimento nos estudos e trabalho por não ter tido uma noite de qualidade.

Murilo Lobato chama atenção que, uma noite mal dormida também altera nossa imunidade. Vários estudos comprovam que pacientes que não dormiram bem, dois dias antes de uma vacinação, diminui a eficácia da vacina.

O especialista continua. “Com a queda de saturação de oxigênio e fragmentação do sono, com o tempo pode gerar o descontrole da pressão arterial das pessoas hipertensas, podendo aumentar também os acidentes vasculares cerebrais, risco de doenças cardiovasculares, depressão, mal de Alzheimer, impotência sexual para os homens e desregulação hormonal que pode gerar prejuízos como a obesidade com dificuldade de perda de peso”.

Já no diagnóstico, ele ressalta que é feito por avaliação de um médico otorrinolaringologista. O tratamento é dado de acordo com a avaliação do profissional. Algumas vezes com medicamentos, outras vezes com cirurgia. Para pacientes obesos há a necessidade de perda de peso com dietas e exercícios físicos. E para alguns pacientes, existe a necessidade do uso de aparelhos intraorais, que coloca na boca ou uso do CPAP, que significa “pressão positiva contínua nas vias aéreas”, que é uma máscara nasal que o paciente utiliza enquanto dorme.

A cirurgia bariátrica, por meio do Programa “Obesidade Zero”, do Governo do Pará, executado pelo HJB, atingiu a marca de 1.721 cirurgias realizadas, desde 2020, quando o programa foi lançado. Esta pode ser uma alternativa aos pacientes obesos que estão com a síndrome da apneia hipopneia obstrutiva do sono, em geral a perda de peso que a cirurgia bariátrica promove, em alguns casos pode até curar a síndrome. E também que não fique curado após a perda de peso, mesmo assim mantém uma apneia hipopneia residual, ajuda muito no tratamento.

Ricardo Rocha, 44 anos, de Belém, está no processo pré-operatório de cirurgia bariátrica

O paciente Ricardo Rocha, 44 anos, da cidade de Belém, é instrutor de auto escola e está no processo pré-operatório da cirurgia bariátrica. Ele está passando por avaliação com especialista da equipe multidisciplinar e tem a esperança que o procedimento vai melhorar a sua vida. “Eu tenho bastante dificuldade para dormir,  mexo muito durante a noite, fico sem ar, tenho dores nas costas, acordo sufocado, tenho bastante desconforto e acordo bem cansado. A bariátrica vem pra resolver algumas questões e o sono é uma delas”,  comentou o usuário.

O Hospital Jean Bitar (HJB) pertence à rede de saúde pública do Governo do Pará. É administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano, em parceria com a Sespa. A unidade presta assistência em média e alta complexidade na área ambulatorial e hospitalar a usuários transgêneros, e em clínica médica e cirúrgica para doenças metabólicas e gastrointestinais.

Serviço: O HJB fica na Rua Cônego Jerônimo Pimentel, nº 543, no bairro Umarizal, em Belém.

Texto: Marcelo Zeno/HJB

Fotos: Divulgação