Hospital Abelardo Santos incentiva empreendedorismo de renais crônicos

Hospital Abelardo Santos incentiva empreendedorismo de renais crônicos

10/12/2021 Off Por Roberta Vilanova

Feirinha de artesanato no calçadão da unidade terá renda destinada ao Natal das crianças com doenças renais

Empreender, às vezes, é a única opção para quem realiza tratamento de saúde de longa permanência em hospitais da rede estadual. Por este motivo, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, distrito de Belém, abriu nesta semana os portões da unidade para uma feira de artesanato, realizada por pacientes renais crônicos do projeto “Artesão nota 1000”. A iniciativa solidária vai garantir um Natal mais feliz às crianças portadoras de doenças nos rins do Pará.

O projeto percorre as unidades hospitalares para arrecadar fundos às causas sociais de pessoas com insuficiência renal e de transplantados na perspectiva de uma melhor qualidade de vida e da inclusão social desses pacientes. Com a pandemia, as ações foram suspensas, e, sob os protocolos de higiene e de segurança, o Regional Abelardo Santos foi o primeiro hospital a abrir as portas para a retomada dessa iniciativa.

A artesã Joseana dos Santos, de 55 anos, faz sessões de hemodiálise no HRAS, há um ano. Impossibilitada de desenvolver o seu trabalho como doceira por conta da doença, ela começou a fazer a atividade como terapia e, hoje, é a sua principal fonte de renda. Moradora do bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, ela se desloca três vezes por semana à unidade de saúde, para o tratamento.

“São quatro horas na máquina e uma hora para ir e outra para voltar, em média. Isso significa que passo quase seis horas para fazer as sessões de hemodiálise. Além de não ser fácil, não há tempo para trabalhar. Há 10 anos, tive a primeira crise, foi aí que tudo mudou. Com o artesanato, retomei parte da renda e o melhor, encontrei uma terapia”, explicou Joseana.

A artesã, também é coordenadora de voluntariado da Associação de Renais Crônicos de Renais e Transplantados (ARCT). Para ela, as ações têm como objetivo gerar renda para entidade e capacitar as pessoas interessadas em utilizar a economia criativa. “Os hospitais nos abrem as portas, nos ajudam a promover renda e a vontade de viver de muitas pessoas. Nesta feira, aqui no Abelardo Santos, vamos ajudar na nefrologia infantil. Levar os fundos arrecadados ao Natal das crianças portadoras de doenças renais”, destacou.

Projeto – Atualmente, apenas no projeto “Artesão nota 1000” agrega 36 pessoas. Os insumos para a confecção das peças, como bonecas de pano, bijuterias, tapetes, artigos de biscuit são doados por empresas. “Temos patrocínio para o material e a capacitação dos nossos pacientes é totalmente voluntária. Nas Feiras, a renda é revertida às obras sociais e à própria entidade, mas muitos passaram a vender nas redes sociais, por encomenda, e isso ajuda na renda familiar”, pontuou Joseana.

O projeto percorre as unidades hospitalares para arrecadar fundos às causas sociais de pessoas com insuficiência renal e de transplantados

Empreender – O artesão Paulo Sena também investe na causa. Há cinco anos no voluntariado, atualmente, ele capacita os renais crônicos do projeto. “Estava, antes da pandemia, trabalhando na Praça da República, hoje, ajudo nas ações da associação. Trabalho com artesanato há 10 anos, e passo essa minha experiência para estas pessoas. Isso é uma satisfação”, comentou.

Adesão – Ao circular pela calçada da unidade, colaboradores e pacientes se depararam com bonecas de pano, tapetes, laços, costura criativa e produtos de biscuit. “Achei muito legal esse projeto. Além de peças lindas, criativas e bem confeccionadas, é uma oportunidade em meio ao desemprego, principalmente para quem tem alguma doença. Eu sei bem disso”, disse Iara Gomes, 56 anos, que no HRAS, faz tratamento vascular.

Incentivo – O diretor executivo do Abelardo Santos, Marcos Silveira, observa a iniciativa como uma oportunidade para esses pacientes. “O Hospital, além de prestar assistência de saúde, também tem uma responsabilidade social. Atualmente, o HRAS conta com 340 leitos e uma clínica de hemodiálise com a capacidade de atender até 22 pessoas em cada um dos seus três turnos. São pessoas de diversas idades, lugares e condições diferentes. Muitas, tiveram de sair do trabalho, perderam o emprego por conta da doença. Isso mostra a necessidade dos renais crônicos. Nesta ação, por exemplo, temos pacientes de outras unidades, mas que vivem na mesma realidade que os nossos”, frisou o gestor.

Texto: Roberta Paraense/HRAS

Fotos: Divulgação