Hospital Materno-Infantil de Barcarena alertam para os riscos da gravidez na adolescência

Unidade também abordará o tema com os alunos da Vila dos Cabanos, no município

A descoberta de uma gravidez na adolescência é marcada por um mosaico de emoções e mudanças. Por este motivo, especialistas do Hospital Materno-Infantil de Barcarena- Dra. Anna Turan (HMIB), na região do Baixo-Tocantins, alertam para os impactos de uma gravidez precoce.

Para o diretor técnico do HMIB, Ozeias de Sousa, que também é ginecologista e obstetra da unidade, esse tema é uma questão de saúde pública, uma vez que ocorrem em média 400 mil casos por ano no Brasil, impactando no custo do tratamento das complicações patológicas decorrentes da gravidez na adolescência, assim como fatores emocionais e psicossociais.

Já como forma de prevenção, o profissional médico ressalta que poderia haver um incremento nas campanhas de políticas públicas voltadas para conscientização do uso de métodos contraceptivos, além de campanhas direcionadas ao combate ao estupro.

“Uma gravidez na adolescência poderá impactar no fator emocional, modificação precoce da estrutura orgânica, e propiciar o desenvolvimento de doenças graves, como pré-eclâmpsia e eclâmpsia”, destaca Ozeias de Sousa.

Aspectos emocionais – Psicóloga do HMIB, Larissa Ribeiro explica que a gravidez na adolescência atinge diversos pontos importantes na vida de uma mulher. “É na adolescência que o senso crítico começa a se formar, despertando os mais variados sentimentos, moldando planos e sonhos”, contestou.

Outro fator é que a gravidez indesejada traz muitos desafios, dentre eles, o julgamento dos familiares, da sociedade e até da própria pessoa. E na grande maioria dos casos, a adolescente ainda precisa lidar com o abandono do genitor. “Esse tipo de julgamento ocasiona frustração e solidão, desestabilizando o estado emocional dessa mãe, e pode ser um gatilho para transtornos psicológicos como estresse, depressão e ansiedade. Estes são problemas sérios, que podem prejudicar a formação do bebê e causar problemas para o resto da vida”, avalia.

A psicóloga ainda reforça que esse tipo de gravidez pode gerar consequências sociais e psicológicas. “A evasão escolar, rejeição, não realização do pré-natal, aborto em condições inseguras, mortalidade materna e prematuridade”, acrescentou.

Humanização – O diretor executivo do HMIB, Flávio Marcosini, ressalta que a unidade trabalha com o foco na humanização, no ambiente confortável, silencioso e privativo para as mulheres que utilizam o serviço. “Nossa unidade dispõe de espaço para as gestantes e parturientes caminharem, tomarem banho e descansarem. Além de um atendimento médico e profissional assertivo e qualificado, sempre prezando pelo bem-estar e a segurança das nossas pacientes”, reforçou o gestor.

Iniciativa – Outra forma que a unidade encontrou para abordar o tema foi orientar os estudantes. No dia 24 deste mês, profissionais de enfermagem e da equipe multiprofissional do HMIB realizarão uma palestra para os alunos do Instituto de Educação Permanente da Amazônia (IEPAM) da Vila dos Cabanos.

A gerente Assistencial do HMIB, Kérina Quaresma, destaca que a ação tem o propósito de conscientizar os adolescentes quanto aos métodos contraceptivos na prevenção de gestação na adolescência.

“Vale ressaltar que não é só prevenir uma gestação não planejada, mas também as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). É um assunto relevante e de suma importância de políticas públicas, que deve ser sempre reforçado com intuito de conscientização e prevenção. Além disso, realizar campanhas ao combate do estupro são essenciais”, enfatiza a gestora.

Dados – Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é compreendida na faixa etária de 10 a 20 anos incompletos e representa entre 20% e 30% da população mundial. A gestação nesta fase é uma condição que eleva a prevalência de complicações para a mãe, para o feto e para o recém-nascido, além de agravar problemas socioeconômicos já existentes.

Ainda de acordo com a OMS, a taxa de gestação na adolescência no Brasil é alta, com 400 mil casos/ano. Quanto à faixa etária, os dados revelam que em 2014 nasceram 28.244 filhos de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças de mães com idade entre 15 e 19 anos.

Serviço: O HMIB é uma unidade 100% gratuita, do Governo do Estado do Pará, operacionalizado pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), através de um contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Distante a 114 km de Belém, o HMIB é referência de média e alta complexidade de mãe e bebês em 11 municípios do Baixo Tocantins: Abaetetuba, Barcarena, Igarapé-Miri, Moju, Baião, Cametá, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Acará, Ponta de Pedras e Oeiras do Pará.

Texto: Ascom/HMIB

Foto: Divulgação