
Hospital Metropolitano registra aumento de 30% no atendimento a idosos vítimas de quedas
17/07/2025
De janeiro a junho deste ano, 652 pessoas com 60 anos ou mais foram atendidas no HMUE
A saúde do idoso requer vigilância constante, especialmente diante de ambientes que facilitam o risco de quedas. Um único acidente, seja no lar ou em vias públicas, pode desencadear traumas graves, com riscos elevados de internações prolongadas, complicações irreversíveis e perda de autonomia.
Unidade de saúde do Governo do Pará, o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, é referência para traumas graves. Em 2024, a unidade atendeu 1.112 idosos que sofreram quedas. Desses, 62% caíram dentro de casa.
Somente de janeiro a junho deste ano, 652 idosos já foram atendidos por quedas na unidade, dos quais 55% foram novamente registrados no ambiente doméstico. A comparação com o mesmo período de 2024, quando houve 502 atendimentos, aponta um aumento de 30%.
“Quedas na terceira idade jamais são incidentes banais”, alerta o ortopedista Eric Teixeira. “Em muitos casos, elas carregam potencial negativo para a saúde, com fraturas de fêmur, que exigem cirurgias, traumatismos cranioencefálicos, com risco de hemorragias e internações prolongadas”, acrescenta o ortopedista.
Além da dor física, a perda abrupta de independência pode gerar traumas psicológicos. “O medo paralisante de novas quedas cria um ciclo traumático. O idoso reduz suas atividades, enfraquece a musculatura, desequilibra-se mais facilmente. Assim, aumenta exponencialmente o risco de nova queda”, destaca Eric Teixeira.
Fatores agravantes – O cenário é ainda mais crítico para idosos com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e cardiopatias, que comprometem a recuperação. “Um idoso com diabete ou hipertensão, por exemplo, enfrenta um quadro ainda mais complexo porque, diante da necessidade de cirurgia de urgência, há a necessidade de estabilizar o quadro do paciente, o que demanda acompanhamento e tempo”, explica o médico.
Segundo o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, cerca de 40% de idosos com 80 anos ou mais sofrem quedas todos os anos. Os dados reforçam que a casa, espaço visto como seguro, pode esconder perigos, como pisos escorregadios, iluminação insuficiente e móveis instáveis.

Maria José, 78 anos, fraturou o fêmur e está internada há oito dias no Metropolitano
Fraturas – Maria José, 78 anos, está internada há oito dias no Metropolitano após sofrer uma queda. Ela conta que, entre as medidas preventivas, agora está não sair mais sozinha de casa. “Eu ando sozinha. Vou para banco, consulta e resolvo as minhas coisas. Infelizmente, aconteceu esse acidente e fraturei o fêmur. Agora, eu vou evitar ficar saindo sozinha, mesmo sabendo que aconteceria se eu estivesse com meus netos”, diz Maria.

Rosemary da Silva, 68 anos, sofreu uma queda na cozinha e fraturou os dois pés
Rosemary da Silva, 68 anos, residente em Marituba, também na Região Metropolitana de Belém, caiu em casa enquanto cozinhava, e também está internada após fraturar os dois pés. “Confesso que não lembro como foi. Só recordo de já estar no chão, com muita dor, e consegui me arrastar até o quarto para pegar o celular. Eu faço uso de alguns remédios, e costumo ler a bula de todos eles. Sei que alguns podem causar vertigem ou algo do tipo, e acredito que foi isso. Foi uma surpresa para mim ter quebrado os dois pés”, relata.
Orientações sobre com evitar acidentes, formuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
No quarto
– Coloque lâmpada/lanterna e telefone perto da cama;
– Os armários devem ter portas leves e maçanetas grandes para facilitar a abertura, assim como iluminação interna para ajudar na visualização dos pertences;
– Dentro do armário, arrume as roupas em lugares de fácil acesso, evitando os locais mais altos, e
– Não deixe o chão do quarto bagunçado.
Na sala e corredor
– Organize os móveis de maneira que tenha um caminho livre para passar;
– Instale interruptores de luz na entrada das dependências, para que não seja necessário andar no escuro;
– Mantenha fios de telefone, elétricos e de ampliação fora das áreas de trânsito – nunca debaixo de tapetes;
– Nas áreas livres, coloque tapetes com as duas faces adesivas ou com a parte debaixo não deslizante, e
– Não sente em cadeira ou sofás baixos, porque o grau de dificuldade exigido para se levantar é maior. Além disso, estes devem ser confortáveis e com braços.
Na cozinha
– Remova os tapetes que promovem escorregões;
– Limpe imediatamente qualquer líquido, gordura ou comida que tenham sido derrubados no chão;
– Armazene a comida, a louça e demais acessórios culinários em locais de fácil alcance;
– As estantes devem estar bem presas à parede e ao chão, para permitir o apoio quando necessário, e
– Não suba em cadeiras ou caixas para alcançar os armários que estão no alto.
No banheiro
– Coloque um tapete antiderrapante ao lado da banheira ou do box para sua segurança, na entrada e saída;
– Use tiras antiderrapantes dentro da banheira ou no chão do box;
– Instale barras de apoio nas paredes do banheiro;
– Duchas móveis são mais adequadas;
– Mantenha algum tipo de iluminação durante a noite;
– Substitua as paredes de vidro do box por um material não deslizante, e
– Ao tomar banho, utilize uma cadeira de plástico firme, com cerca de 40 cm, caso não consiga se abaixar até o chão ou se sinta instável.
Texto e fotos: Alberto Dergan/HMUE