Hospital Regional Abelardo Santos realiza cirurgia neurológica com paciente acordada

Hospital Abelardo Santo raliza cirurgia de alta complexidade para remover aneurisma cerebral em paciente.

Referência do Governo do Pará em tratamento de alta complexidade, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, em Belém, realiza nesta quinta-feira (03) mais um procedimento nessa área. Com previsão de mais de 14 horas de duração, a microcirurgia para ressecção de malformação arteriovenosa cerebral trata doença neurológica considerada rara na medicina. Uma das particularidades da intervenção é que, durante a cirurgia, a paciente é acordada pela equipe médica para que suas reações sejam monitoradas no decorrer do procedimento.

O secretário de Estado de Saúde Pública, Rômulo Rodovalho, explica que a unidade vem se modernizando com novas tecnologias para reduzir os riscos nos procedimentos e evitar sequelas aos pacientes. “Para a realização desse tipo de intervenção é preciso que a unidade hospitalar faça investimentos tanto em aparelhos tecnológicos, quanto em profissionais de saúde qualificados. A equipe tem usado todos os recursos tecnológicos ofertados pelo governo do Estado, como forma de garantir mais benefícios durante os procedimentos e na recuperação”, frisa o gestor.

Segundo ele, esse tipo de cirurgia, devido ao grau de complexidade, mostra a relevância do “Abelardo Santos” para os serviços de saúde oferecidos gratuitamente à população paraense. “HRAS é uma unidade que atende desde as complexidades até exames simples. Por isso, se torna um referencial à saúde da rede estadual”, destaca Rômulo Rodovalho.

Tratamento – A paciente submetida ao procedimento é A. S. F., 24 anos, que tem um diagnóstico de epilepsia de difícil controle com o uso de medicações secundárias. A malformação arteriovenosa representa uma doença neurológica rara, encontrada em 0,05% da população, que se desenvolve nos vasos durante a formação do cérebro ainda na fase de embrião, podendo representar manifestações variadas, desde uma simples dor de cabeça até hemorragias cerebrais e crises convulsivas, assim como quadros de demência.

A decisão de quando e como tratar deve ser avaliada por uma equipe time multidisciplinar, com experiência no atendimento à doença, complexa e de abordagem desafiadora. O paciente é referenciado aos centros específicos de tratamento no País, cerca de dez centros especializados que atuam desde a pesquisa básica até a reabilitação.

Paciente acordada – O neurocirurgião e neurorradiologista vascular Eric Paschoal explica que a paciente tem uma lesão na parte superior da área da linguagem e da área motora primária. Para que o tratamento seja realizado com segurança, o procedimento necessita receber anestesia geral e monitoramento das atividades neurofisiológicas (funções neurológicas).

“Durante o curso da retirada da lesão, a paciente será despertada (Awake) para que o ato cirúrgico seja desempenhado com segurança, e ela possa sair sem sequelas, em especial na área da linguagem. Só é possível ser realizados os testes durante o ato cirúrgico, com o paciente acordado, para avaliarmos a semântica, a fluência e a nominação”, esclarece o especialista.

Ainda conforme Eric Paschoal, a técnica é difundida no País pela equipe neurovascular do “Abelardo Santos”, que atua de forma híbrida tanto nos procedimentos neurológicos microcirúrgicos, como endovasculares (por meio de cateter) para as malformações arteriovenosas. “No Brasil, são poucos centros que atuam de forma referenciada com ambas as técnicas. Hoje, o hospital é referência na região e no País como uma das instituições que desenvolvem o tratamento das malformações arteriovenosas de forma híbrida”, afirma o neurocirurgião.

O tempo estimado de cirurgia é de 12 a 14 horas. Posteriormente, com a recuperação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com tudo transcorrendo conforme o planejado pela equipe, a paciente deve receber alta em cinco ou sete dias. Esse é o procedimento de número 90 realizado pelo neurocirurgião e equipe, representando o maior número de casos no Brasil com a modalidade Awake neste tipo de doença.

Hospital Regional Dr. Abelardo Santos é referência em procedimentos de alta complexidade

Intercâmbio de conhecimento – Quatorze profissionais participarão do procedimento. Um neurofisiologista veio de São Paulo (SP) para monitorizar e auxiliar o neurocirurgião vascular na exérese (remoção) das áreas da lesão com preservação da área funcional.

Para o diretor Executivo do Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, Marcos Silveira, esse procedimento possibilita um ganho para a saúde pública, além de um intercâmbio de conhecimentos. “Estamos nos empenhando em trazer tecnologias de ponta para melhor condução dos procedimentos e redução de sequelas dos nossos pacientes. Esse tipo de técnica inovadora vem elevar o nível de atendimento dentro dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e proporciona uma troca de técnicas e conhecimento entre profissionais renomados em suas áreas de atuação”, ressalta o gestor.

O Hospital Abelardo Santos é a maior unidade pública do Governo do Pará, sendo administrado pelo Instituto Mais Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Texto: Roberta Paraense/HRAS

Fotos: Pedro Guerreiro e Bruno Cecim/Ag. Pará