Laboratório Central do Pará começa a fazer sequenciamento genético do novo coronavírus

Laboratório Central do Pará começa a fazer sequenciamento genético do novo coronavírus

12/04/2022 Off Por Roberta Vilanova

O Setor de Sequenciamento tem a capacidade de processar até 95 amostras de cada vez

O Laboratório Central do Estado (Lacen) já começou a fazer o sequenciamento genético do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Isso significa a descentralização desse serviço, que só vinha sendo feito pelos laboratórios de referência nacional, no caso do Pará, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O novo Setor de Sequenciamento integra a Seção de Biologia Molecular Médica I da Divisão de Biologia Médica (DBM) do Lacen-PA, tendo como coordenadora a farmacêutica Patrícia Sato, que também chefia a DBM.

Patrícia Sato, chefe da da Divisão de Biologia Médica (DBM) do Lacen-PA

Segundo Patrícia Sato, apesar de não ser um exame de diagnóstico, o sequenciamento genético é muito importante para que a Vigilância Epidemiológica tenha conhecimento sobre a introdução de novas variantes e possa tomar medidas assertivas com relação ao controle da disseminação da Covid-19 no Pará.

Estrutura – Para iniciar o novo serviço, houve investimentos tanto do Ministério da Saúde (MS), que disponibilizou os equipamentos, insumos e treinamentos, como do Governo do Pará, que, além de toda a estrutura já existente, está viabilizando a especialização de duas técnicas em Biologia Molecular, com a habilitação em Bioinformática, qualificação fundamental para a análise dos dados gerados.

Kátia Furtado, Gleissy Borges, Patrícia Sato e Shirley Chagas

Receberam capacitação três farmacêuticas e uma biomédica, e toda a equipe foi treinada na parte prática como na Bioinformática, com eventos fora do Pará, on-line e presencialmente no Lacen, sendo essa última realizada na bancada de testes dentro do laboratório.

O Lacen já trabalhava com Biologia Molecular, fazendo a técnica de RT-PCR para vários vírus (febre amarela, SARS-Cov-2 e vírus respiratórios). “Fomos muito atuantes na pandemia, fazendo diagnóstico de Covid-19 por RT-PCR. A gente só detectava que o vírus existia, mas não dizia qual era a variante. Por isso, precisávamos enviar as amostra para a Fiocruz fazer o sequenciamento”, lembrou Patrícia Sato. “Agora, o Lacen-PA avançou e a gente já realiza essa análise aqui no Pará”, acrescentou a farmacêutica.

Patrícia Sato informou que podem ser processadas até 95 amostras por vez. Para não haver desperdício, a análise só é iniciada quando a capacidade máxima é preenchida. Ela disse, ainda, que o Lacen pode atender a toda a demanda do Pará e até de outros estados.

Todas as sequências são depositadas no Sistema Internacional de Depósitos de Sequenciamento Genético de Amostras de SARS-Cov-2

Outra informação importante é que as sequências são todas depositadas no Sistema Internacional de Depósitos de Sequenciamento Genético de Amostras de SARS-Cov-2 (Gisaid). “É o Estado do Pará entrando para a cadeia internacional, disponibilizando informações sobre variantes genéticas do novo coronavírus existentes no Estado. “Há controle de qualidade, pois o Ministério da Saúde monitora os nossos resultados, e a gente deposita no Gisaid para disponibilizar essa informação para outros países”, explicou a farmacêutica.

Inicialmente, o Lacen-PA vai trabalhar apenas com o SARS-CoV-2. Mas futuramente incluirá Influenza e arbovírus. Conforme Patrícia Sato, o futuro das análises é a Biologia Molecular, para que outros agravos migrem para essa metodologia de análise.

Alberto Júnior, diretor do Lacen-PA

Serviço fundamental – Para o diretor do Lacen-PA, Alberto Júnior, o Setor de Sequenciamento é um investimento feito durante a pandemia, que vai permanecer como serviço fundamental para as ações de Vigilância em Saúde no Pará e na região amazônica. “Como o Lacen-PA é um Laboratório de Vigilância em Saúde, vamos ter dados sobre toda a situação epidemiológica no que se refere à Covid-19, e buscar até novas variantes, quando for necessário, num prazo bem menor de liberação de resultados com um número bem maior de amostras que possam ser sequenciadas dentro do protocolo estabelecido pelo MS”, detalhou o diretor.

Alberto Júnior lembrou, ainda, que há uma Rede Sentinela das Influenzas no Brasil, e que os municípios precisam enviar, pelo menos, cinco amostras semanais de pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) internados e de pacientes que vão ao ambulatório com síndrome gripal. Não significa que todas essas amostras serão sequenciadas, mas a partir delas é possível saber quais vírus circulam no Estado. “Por isso, é importante que os municípios continuem nessa rotina de envio de amostras para análise, pois com a disponibilidade de testes rápidos, tem caído a demanda por RT-PCR”, informou.

Segundo Patrícia Sato, o trabalho é feito por amostragem de cada região do Estado. Ela disse que “a gente mescla casos graves, leves e óbitos de diversas populações para saber o que está circulando dentro do Estado. É uma ferramenta a mais, que agora a Vigilância Epidemiológica dispõe para monitorar e controlar essas variantes, para que realize ações de vigilância impactantes para conter sua disseminação no Pará”.

Texto: Roberta Vilanova/Sespa
Fotos: José Pantoja/Sespa