Mães de crianças com autismo encontram acolhimento e apoio nas Usinas da Paz
02/04/2023Complexo de promoção da cidadania, a Usina da Paz Jurunas-Condor também integra a rede de suporte às políticas públicas voltadas a pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). A UsiPaz já é referência para dezenas de famílias de pessoas com autismo e outros transtornos, atendidas pelo governo do Estado. No domingo (02), Dia Mundial da Conscientização do Autismo, familiares destacam a importância das atividades inclusivas para o desenvolvimento cognitivo e a socialização das crianças.
A menina Lana, hoje com 12 anos, foi diagnosticada com TEA ainda na infância. A mãe, Laíse Ferreira, conta que levou um susto ao saber que a filha tinha Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e outras comorbidades. “Esperamos um filho durante nove meses, e receber esse diagnóstico é muito difícil. Não sabia o que fazer. O médico informou que a minha filha não iria andar, falar, ler, escrever ou comer sozinha”, diz Laíse, que procurou meios para desenvolver as habilidades da criança.
“A Usina da Paz tem me ajudado bastante na busca da melhoria na vida da minha filha, já que tem vários projetos, como teatro, palhaçaria, dança, leitura, escrita, informática e robótica. Tudo gratuito, e que minha filha ama participar. Ela me pede para vir porque ama interagir com os amiguinhos, algo que tinha dificuldade. Sem contar que somos recebidas sempre com sorrisos e abraços dos profissionais daqui”, garante Laíse Ferreira.
Lana faz o curso de Robótica há cerca de três meses, e já aprendeu a programar robôs. Além disso, ela frequenta atividades na brinquedoteca e participa de diversas oficinas. “Eu gosto bastante daqui. Me sinto incluída. Eu pego vários livros, brinco, pinto e desenho”, conta Lana.
Interação e diversão – Quem também encontrou na UsiPaz uma rede de apoio foi Keyse Silva, mãe de Yuri José, que participa das atividades na biblioteca infantil e da contação de histórias, e ainda pratica natação. “Ele ama estar na Usina. Faço muita questão que ele participe de todas as atividades, que interaja, brinque e se divirta. É de grande importância para ele, pois se sente feliz e acolhido. Como mãe, fico extremamente grata pela Usina trazer inclusão, acolhendo, respeitando e entendendo a condição dele”, acrescenta Keyse.
A falta de informação é um dos primeiros desafios enfrentados por pais de pessoas com autismo. A assistente social da UsiPaz Jurunas-Condor, Helen Arnaud, identifica crianças que podem ter alguma comorbidade. “Nos deparamos com muitas mães sem o diagnóstico, que não sabem a importância do laudo ou até mesmo aquelas que têm laudo, mas não sabem como agir, quem procurar, onde há atividades voltadas para essas crianças”, explica a profissional.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta cerca de 70 milhões de pessoas no planeta. A pedagoga Rosenilde Santos, responsável pela organização do projeto de inclusão, ressalta a importância das atividades dentro das UsiPaz. “A demanda é muito grande, e precisamos pensar em projetos que incluam todos os tipos de criança, sem excluir nenhuma. Essas crianças precisam sair mais de casa, socializar, e a Usina é um espaço de todos, inclusive deles”, destaca Rosenilde Santos.
A UsiPaz, em parceria com a Fundação Cultural do Pará (FCP), oferece oficinas e o pódio da leitura, projeto que incentiva crianças a ler, mesmo que ainda não saibam escrever por conta do transtorno. Elas podem se expressar de qualquer maneira. “Além disso, tem contação de história e Yoga. Ainda é um projeto-piloto no complexo, mas que está tendo excelentes resultados, e tem tudo para dar certo”, ressalta a pedagoga.
As atividades são desenvolvidas na UsiPaz Jurunas-Condor, mas devem chegar às outras Usinas. O titular da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), Igor Normando, enfatiza a importância das políticas públicas para pessoas com autismo. “Precisamos ouvir sobre boas práticas que são realizadas, e do que a comunidade precisa para podermos definir um referencial e expandir o projeto para outras Usinas. Além disso, acolher as mães, que muitas vezes ficam sobrecarregadas com tanta responsabilidade, além de dar atenção também para a saúde mental”, diz o secretário, à frente do órgão responsável pela coordenação das Usinas da Paz.
Texto: Aline Seabra/Seac
Fotos: Felipe Lemos/Seac