
Paciente submetida a transplante de medula no Hospital Ophir Loyola comemora alta
02/08/2023
Sandra Faustino recebe orientações da equipe de saúde antes da alta
A cada dez pessoas com doenças oncohematológicas graves no Pará, nove são assistidas pela rede pública de saúde. Condutas terapêuticas, como a quimioterapia e radioterapia, são estratégias relevantes para esse enfrentamento, que ganhou reforço em maio deste ano com a disponibilização do Transplante de Medula Óssea aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no Norte do Brasil. O primeiro procedimento da região foi feito no Pará, no Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém.
Submetida ao TMO na primeira quinzena de julho, a atleta Sandra Faustino, de 52 anos, recebeu alta hospitalar na última sexta-feira (28), com bom estado de saúde. Mesmo após a desospitalização, a paciente segue com acompanhamentos regulares e, nesta quarta-feira (2), durante a segunda visita depois da liberação para ir para casa, agradeceu o empenho de toda a equipe responsável pelo procedimento complexo.

Sandra Faustino foi a primeira a fazer transplante de medula óssea pelo SUS na região Norte
“Aqui no Ophir Loyola, eu consegui fazer o tratamento sem a necessidade de viajar para outro estado. Está dando tudo certo e meu organismo já está se recuperando. Eu só tenho a agradecer à equipe do Ophir, que é nota 10, e à diretoria, que conseguiu trazer benefício que não foi bom só para mim, mas para muitas pessoas que precisam”, afirmou Sandra.
“Ela ainda terá muita história para contar e eu só tenho gratidão a Deus e a toda equipe, que cuidou muito bem dela. Ela até já voltou a brigar comigo. Mãe é mãe, não é mesmo? Só muda de endereço”, brincou a filha de Sandra, assistente Financeira Syldth Rhayssa Corrêa.

Sandra Faustino feliz com sua filha Syldth Rhayssa Corrêa.
Em 2021, Sandra foi diagnosticada com Mieloma Múltiplo, tipo de neoplasia maligna em que as células cancerígenas causam problemas como o enfraquecimento dos ossos e do sistema imunológico. Para a atleta, que teve de lidar com dores nas costas e o afastamento dos treinos para um campeonato de ciclismo, o procedimento exitoso no HOL é sinônimo de esperança. “Estou com saudade de pegar a minha bicicleta e dar uma volta. É muito bom. Só quem é atleta ou quem pratica atividade física sabe o quanto faz falta”, disse Sandra, que espera ansiosa o retorno para o esporte.

Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém
Aptidão ao transplante – o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que até 2025, cerca de 11 mil novos casos de leucemia serão diagnosticados no País. Além de pacientes acometidos por essa doença, o transplante de medula óssea é um recurso terapêutico adotado para tratar linfomas, mieloma múltiplo, síndromes mielodisplásicas e tumores sólidos. Contudo, a viabilidade do procedimento deve ser determinada por um oncohematologista, pois depende do tipo, extensão da doença e de alterações moleculares detectadas.
Após análises de perfis e de exames complementares, Sandra foi convidada para uma entrevista com a equipe multidisciplinar e, em seguida, internada na instituição, onde deu início ao processo de preparo para o transplante de medula óssea autólogo. Nessa modalidade, as células hematopoiéticas são retiradas do próprio paciente e infundidas após o mesmo receber altas doses de quimioterapia.

Thiago Xavier, médico onco-hematologista
A infusão das células progenitoras na paciente foi realizada em julho deste ano. O procedimento durou cerca de uma hora e foi bem sucedido, segundo a equipe médica que acompanhou o caso e entrou para a história da saúde pública do Pará.
“É com muito orgulho que a gente pode dizer que a estrutura de saúde do Hospital Ophir Loyola e do estado do Pará conseguiu construir um ambiente propício para fazer o primeiro transplante de medula óssea 100% SUS da Região Norte do Brasil. Que nós consigamos perpetuar esse serviço e que nos consolidemos uma referência em toda a região”, afirmou o responsável técnico pelo serviço, o onco-hematologista Thiago Xavier Carneiro.
Para a implantação do TMO no HOL, o hospital promoveu a criação de protocolos, fluxos e rotina, o que demandou estudo e visitas presenciais a grandes centros transplantadores. Por intermédio da Central Estadual de Transplante (CET), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o serviço é realizado em parceria com a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), que realizada a coleta e o armazenamento adequado das células progenitoras transplantadas no momento oportuno do tratamento.
Texto: Ellyson Ramos/HOL
Fotos: Alex Ribeiro/Ag. Pará