
Pacientes do Oncológico Infantil celebram Dia Mundial do Rock com projeto musical
13/07/2023
Projeto Canto Musical do Oncológico Infantil
Crianças internadas no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, participaram, na manhã desta quinta-feira (13), da programação alusiva ao Dia Mundial do Rock. Com o projeto “Canto Musical”, os pequeninos desenvolvem práticas musicais e confeccionaram porta-retratos divertidos para guardar fotos feitas durante as atividades. Os momentos de interação foram acompanhados por uma trilha sonora recheada de sucessos do gênero nos cenários nacional e internacional.
“Na programação de hoje temos um paciente que saiu recentemente da Unidade de Terapia Intensiva e é incrível observar como ele está receptivo e comunicativo diante da atividade proposta. O menino internou muito pequenininho e teve muitas dificuldades de lidar com o adoecimento. Mas agora está em outro momento, já compreende melhor o tratamento a necessidade de ficar hospitalizado, e essas atividades são fundamentais para o desenvolvimento emocional”, afirmou a psicóloga do Hoiol, Brenda Nogueira.
Integrante do setor de humanização do Hoiol, Bruna Dominguez explica que além das atividades musicais, o artesanato desenvolvido com crianças durante a programação ajudam a desenvolver habilidades manuais, que contribuem também para a criação de memórias afetivas.

O pequeno Wanderley Couto, de 5 anos, confeccionou o próprio porta-retrato
“Trabalhamos a musicalidade, mas também a colagem, os recortes e a criação de porta-retratos decorados que ajudam a aprimorar as percepções. A dinâmica envolve os pais e responsáveis e faz com que as crianças criem memórias importantes para a vida. Ainda que elas estejam passando por um momento difícil em razão da enfermidade, é importante ressignificar e criar novas memórias”, explicou Bruna.
A altamirense Sandrielly Couto, 28 anos, acompanha o único filho Wanderley Couto, de 5 anos, na luta contra o câncer. O menino tinha 3 anos quando começou a apresentar sintomas como febre, vômito, diarreia e manchas pelo corpo.
“Depois desses primeiros sinais, ele apresentou intestino distendido, o aumento do fígado e do baço e todo exame dele vinha alterado. Com a investigação, ele foi diagnosticado com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) tipo T, que é um tipo de leucemia mais agressiva. Eu não sabia como era o tratamento, não sabia que era doloroso, longe de casa, tudo fui descobrindo junto com ele”, desabafou Sandrielly.
Desde que descobriu a doença, há dois anos, Wanderley permaneceu internado no Hoiol e por apenas duas vezes foi liberado para visitar a família na cidade natal. Nesse período contínuo de hospitalização, o atendimento humanizado e as programações lúdicas animam a criança.
“Quando as crianças internam por gripe ou por alguma coisa que não pode ter contato, é doloroso porque elas ficam o tempo todo no quarto e a única hora de distração é na brinquedoteca. Esses momentos de lazer aqui dentro são muito importantes e deixam o meu filho muito feliz. Aliás, quando ele não consegue ir, como em um dia em que ele estava com aparelhos, ele passa o dia todo chateado”, lembrou a mãe de Wanderley.

João Arthur dos Anjos, de 1 ano e 11 meses, participou da atividade musical no Hoiol
Sobre o projeto – o “Canto Musical” visa a promoção de bem-estar e qualidade de vida a partir de elementos e experiências musicais. “Neste projeto, as práticas são desenvolvidas de acordo com a singularidade de cada paciente, ou seja, o método de ensino e o repertório varia de acordo com as limitações e potencialidades de cada usuário. Sendo assim, é possível obter uma abrangência maior de participantes”, contou Yumi Dias, colaboradora do setor de humanização.
O amor de Yumi pela música começou na igreja, quando ela tinha apenas 13 anos. Hoje, aos 30, a colaboradora relembra que foi na adolescência que ganhou alguns instrumentos como forma de incentivo e que, mais tarde, passou a comprá-los.
O bem-estar proporcionado com a música levou Yumy a participar de cursos livres e técnicos antes de decidir entrar para a faculdade de música. Agora, a professora de artes com habilitação em música pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) repassa a mesma alegria que sentia na adolescência durante as apresentações para os pacientes oncológicos.
“Como qualquer músico de igreja, temos de ser bem versáteis e tocar um pouco de tudo. Eu toco contrabaixo elétrico, violão, teclado, flauta doce e um pouquinho de bateria também. O hospital disponibiliza alguns instrumentos, dentre eles: violão, teclado, cavaquinho, e instrumentos percussivos. Além desses, são utilizados recursos pedagógicos criados para fins de ensino-aprendizagem, como a caixinha musical e o jogo da memória musical. A alegria das crianças participando da programação contagia, não tem como não se alegrar junto”, explicou a brinquedista e professora de música.
Serviço – Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.
Texto: Ellyson Ramos/Hoiol
Fotos: Divulgação