Referência para atendimento a deficientes visuais, CIIR registra quase 1.500 atendimentos

Referência para atendimento a deficientes visuais, CIIR registra quase 1.500 atendimentos

13/12/2021 Off Por Roberta Vilanova

O incentivo à prática de esportes, como a canoagem, integra o programa de reabilitação visual

No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual Nesta – 13 de Dezembro, a equipe multiprofissional do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) registrou, nesta segunda-feira (13), quase 1.500 atendimentos de usuários com deficiência visual, entre janeiro e novembro deste ano. Referência na assistência de pessoas com deficiência (PcD) que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência de média e alta complexidade do Centro de Reabilitação vem transformando vidas e reescrevendo histórias de superação.

De acordo com o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre as deficiências a mais comum é a visual, que atinge 3,5% da população, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas. Na região Norte, há registro de quase 575 mil deficientes visuais, o que corresponde a 3,6% dos habitantes.

Segundo a oftalmologista do Centro de Reabilitação, Maria Maeve Vasconcelos Born Muniz, especialista em baixa visão, as doenças visuais podem ser congênitas ou adquiridas. A doença visual atinge pessoas que já recorreram a todos os recursos, como uso de óculos com grau atualizado e procedimentos cirúrgicos, e mesmo assim a visão não melhora. O nível da baixa visão é classificado pelo oftalmologista.

Daí a importância de consultas com especialistas, anualmente ou quando houver necessidade, visando ao diagnóstico precoce das doenças visuais. “As principais causas de deficiências visuais que podem levar à baixa visão destacamos a catarata congênita, retinopatia da prematuridade, diversas síndromes, doenças neurológicas, retinose pigmentar (uma doença que surge quando as estruturas fotorreceptoras do olho – cones e bastonetes – prejudicam a formação da imagem pela retina); retinopatia diabética e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)”, explicou Maeve Muniz.

Luiz Otávio Cardoso Mendes, usuário do Centro

Doenças – Encaminhado ao CIIR para reabilitação visual, o aposentado Luiz Otávio Cardoso Mendes, 70 anos, tem 80% da vista esquerda comprometida por causa da Degeneração Macular Relacionada à Idade, doença que ocorre em uma parte da retina chamada mácula, e que leva à perda progressiva da visão central. A DMRI é a causa mais comum de perda da visão em pessoas acima de 50 anos.

A visão do lado direito, disse o idoso, é bem melhor. “Após atendimento aqui, minha saúde visual melhorou. Na reabilitação aprendi como conviver com as dificuldades visuais diárias, como vestir roupas e andar nas ruas sozinho”, informou o usuário, que há dois anos faz parte do grupo de canoagem do CIIR. “Isso me faz muito bem. Me reabilito, encontro com os colegas. Espero que nunca acabe. A canoagem é um sonho de juventude”, acrescentou Luiz Mendes.

Natural de Cametá, município do Baixo Tocantins, ele sempre teve vontade de praticar remo. “Com o tempo, tive a doença visual, que atrasou mais uma vez meu sonho, que só vim realizar aqui no CIIR com a minha reabilitação. Só tenho a agradecer à equipe do CIIR, que transformou a minha vida e atendeu todas as minhas expectativas desde que cheguei até hoje”, afirmou Luiz Mendes.

Consulta anual – Para evitar este e outros problemas na visão, a oftalmologista do CIIR enfatiza a necessidade da consulta anual ao especialista. O diagnóstico precoce da doença é muito importante, e deve começar cedo. “Ao nascimento, o bebê já deve ser avaliado pelo oftalmologista. O Teste do Olhinho deve ser feito nos primeiros meses de vida e, no máximo, até a criança completar um ano de idade. Isso porque estudos mostram que 90% da visão se desenvolvem nos dois primeiros anos de vida”, ressaltou Maeve Muniz.

A orientação de consulta anual com o oftalmologista é reforçada pelas estatísticas. O IBGE mostra que 528.624 pessoas no País são incapazes de enxergar (cegos); 6.056.654 pessoas possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar), e cerca de 29 milhões declararam possuir alguma dificuldade permanente para enxergar, mesmo usando óculos ou lentes.

Segundo a médica Maeve Muniz, a reabilitação é fundamental no tratamento de doenças visuais. “No CIIR, essa assistência é individualizada, e depende da causa da doença de baixa visão. Temos que analisar cada caso para saber da necessidade do paciente e como podemos ajudar. Precisamos saber o que mais ele sente falta, o que mais necessita, e tentar ajudá-los, no terapeuta, na reabilitação com profissionais especializados”, enfatizou.

Centro de Reabilitação do Pará é referência para pessoas com vários tipos de deficiência

Os usuários que fazem reabilitação visual são atendidos por equipe multiprofissional, composta por fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, pedagoga e psicólogo. A equipe é responsável pela avaliação global sobre baixa visão. Nesta avaliação, são atendidos os pacientes indicados pela oftalmologista e, após esta etapa, são encaminhados à reabilitação e às demais demandas necessárias.

Os usuários podem ter acesso aos serviços por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual, onde o pedido será analisado conforme perfil do usuário, por meio do Sistema de Regulação.

Serviço: O CIIR funciona na Rodovia Arthur Bernardes, 1000. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.

Texto: Vera Rojas/Hemopa
Fotos: Divulgação