Sespa e UFPA asseguram especialidades médicas à etnia Gavião

Sespa e UFPA asseguram especialidades médicas à etnia Gavião

31/03/2022 Off Por Roberta Vilanova

“Eu estou feliz com a presença de vocês. Quando eu soube que estavam aqui, pedi que minhas filhas me trouxessem para ser atendida por vocês”, comemorou Madalena Pojareteti, uma das indígenas da aldeia Parkatejê, que recebeu serviços da Expedição “Saúde por todo Pará nos territórios indígenas”, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), com instituições parceiras, como a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Nesta segunda-feira (28), cerca de 45 profissionais da Expedição atenderam moradores da aldeia Krijoherekatejê e de mais 11 aldeias da etnia Gavião, que fazem parte do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Guamá Tocantins, localizado no município de Marabá, na região sudeste do Pará.

Indígena de aldeia da etnia Gavião é assistida pela Expedição promovida pela Sespa, CIIR e UFPA

Madalena Pojareteti manifestou gratidão pelo trabalho ofertado. Ela contou que nasceu na aldeia Parkatejê e ainda não tinha tido oportunidade de ser assistida por profissionais de Saúde. “Estou feliz e satisfeita, pois fui muito bem atendida. Espero que esse trabalho continue para todo o nosso povo”, comemorou.

O médico e professor da UFPA, João Guerreiro, que atua em territórios indígenas há 30 anos, falou sobre a parceria com o governo do Estado. “É de fundamental importância que o governo do Estado, através da Sespa, esteja sendo protagonista nessas ações de saúde indígena, porque o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) não consegue dar conta das altas demandas de atendimentos. Há muito tempo se necessitava de parcerias fortes, como essa entre a Sespa e a UFPA. A presença do Estado, hoje, é muito forte e me alegro muito porque não só a comunidade indígena, mas todos têm a ganhar muito com isso,” afirmou.

A equipe da ‘Expedição’ garante atendimentos com clínica médica, exames laboratoriais, entre outros serviços

“Vivenciamos uma realidade nas áreas indígenas, uma transição epidemiológica e nutricional que provoca uma emergência de doenças crônicas que não eram comuns no passado, como muitos casos de obesidade, diabetes e hipertensão arterial que são doenças que advém das mudanças de hábitos alimentares e culturais. Estar nesse momento aqui e dar esse diagnóstico, possibilita intervir enquanto é tempo”, finalizou o médico João Guerreiro.

Com o objetivo de realizar diagnósticos epidemiológicos e traçar um perfil da situação de saúde das comunidades indígenas, para que sejam implementadas políticas de saúde que atendam às demandas mais prioritárias desta população, a Universidade levou, em parceria com a Sespa, profissionais de saúde e um laboratório para os territórios indígenas.

A equipe do Laboratório de Virologia da UFPA, Laboratório de Genética Humana e Médica participam da Expedição, que realiza exames laboratoriais, parasitológicos, urianálise e bioquímicos.

Eli Hywyxy Baniwa é médica, faz mestrado em Saúde Coletiva pela UFPA e também participa da Expedição. A experiência de ser indígena e atender nos territórios, para a pesquisadora, representa mais autonomia e um avanço para os povos indígenas, que assim fortalecem sua voz.

“É com imenso prazer que eu sempre venho às terras indígenas ao qual já faço parte desses atendimentos desde que eu era acadêmica do sexto semestre e agora estou voltando como médica indígena. Tenho a grande satisfação de dar esse retorno para o meu povo. Sempre que posso, tento estar presente prestando esse atendimento que foi o que me propus quando saí do meu lugar para uma universidade. Me orgulho também de fazer parte do programa ‘Saúde por todo o Pará’ que tem amplo atendimento e conta com vários profissionais com olhares diferenciados para a saúde dos povos indígenas”, ressaltou a médica.

Profissional de saúde colhe sangue de indígena para exame laboratorial garantido pela ‘Expedição’

Entre os serviços levados pela Expedição estão: atendimento com clínica médica, exames laboratoriais (relacionados à bioquímica, à hematologia, de fezes e de urina), avaliação e aconselhamento nutricional, testes da orelhinha e da linguinha, avaliação de desenvolvimento infantil, entrega de kits de higiene bucal, testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite B e C, exames de IGG, IGM e antígenos para Covid-19, orientações de saúde da mulher, criança e homem, além dos serviços sociais e de regulação.

Foram realizados 324 procedimentos de saúde nesta segunda-feira (28), pela Expedição “Saúde por todo Pará em territórios indígenas”, na aldeia Krijoherekatejê.

A indígena Putira Sacuena, coordenadora do programa ‘Saúde por todo o Pará’ nos territórios indigenas, falou sobre a satisfação em fazer parte da ação e poder levar atendimento de qualidade à comunidade indígena.

“O programa vem atuando no Estado desde 2020 e isso se torna muito importante para nós enquanto povos indígenas, estarmos também a frente desse processo, ocupando esses lugares, levando atendimento de alta qualidade ao povo indígena. O governo do Estado vem atuando com ética e etnicamente dentro dos territórios indígenas. O mais interessante é dizer que temos  um governo com muita sensibilidade e respeito aos povos indígenas”, ressaltou a coordenadora.

O programa ‘Saúde por todo o Pará’ nos territórios indígenas é conduzido pela Coordenação Estadual de Saúde Indígena e Populações Tradicionais pela Secretaria de Estado de Saúde do Pará (CESIPT/Sespa). O trabalho é desenvolvido em parceria com o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) e com a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Texto: Clayton Santos/Secom
Fotos: Pedro Guerreiro/Ag. Pará