Sespa promove Fórum para debater prevenção e tratamento à doença de Chagas

Sespa promove Fórum para debater prevenção e tratamento à doença de Chagas

13/04/2022 Off Por Roberta Vilanova

Representantes de várias instituições participaram do II Fórum Estadual Sobre Doença de Chagas

Diante da proximidade do Dia Mundial da Doença de Chagas – 14 de Abril, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) promoveu nesta quarta-feira (13) o Fórum Estadual Sobre Doença de Chagas para agentes públicos de saúde envolvidos no combate à enfermidade. O evento ocorreu no auditório da Sespa, em Belém, e foi transmitido virtualmente para permitir a participação de profissionais de saúde de todo o Estado, principalmente aqueles que atuam no combate em regiões onde a doença de Chagas é endêmica.

Foi a segunda edição do Fórum, realizado pela Coordenação Estadual de Doença de Chagas da Sespa. O principal tema do encontro de 2022 foi o debate sobre as inovações e tecnologias aplicadas na prevenção, controle e combate à doença.

Outro assunto abordado nas palestras e discussões foi a retomada do trabalho contra a doença de Chagas após a fase mais crítica da pandemia de Covid-19. Um dos principais problemas causados no combate à doença é a subnotificação de casos ocorridos em 2020 e 2021.

Para o coordenador estadual de Doença de Chagas, Eder Monteiro, reunir várias instituições de saúde e tecnologia no mesmo evento é de extrema importância para definir estratégias de combate à doença em Belém e no interior. “Eventos como esse faz com que a gente consiga sempre trabalhar junto com as instituições e os municípios, para evitar que ocorram surtos da doença no Pará”, disse o coordenador.

Profissionais da Sespa mostraram a incidência da doença e as formas de contaminação

Incidência – No ano passado foram registrados 285 casos da doença. Neste ano, até o momento, o Pará apresenta 35 casos. Municípios com o maior número de casos: Abaetetuba e Cametá, no Baixo Tocantins, e Breves, Bagre e Curralinho, no Arquipélago do Marajó. Eder Monteiro explicou que esses municípios apresentaram cerca de 40% dos casos no ano passado. Por isso, é preciso atuar de forma mais abrangente nessas regiões.

Apesar dos casos estarem mais concentrados na zona rural, é importante ficar alerta também nas áreas urbanas. De acordo com o coordenador, é possível encontrar casos da doença em diversos bairros da capital. “O barbeiro, transmissor da doença de Chagas, é mais encontrado na zona rural por ser o habitat natural dele. Mas quando se pensa em zona urbana, pode ser encontrado em qualquer lugar, como Jurunas, Icuí e Marco. Isso mostra que na zona urbana eles se adaptam, também”, informou o coordenador.

Transmissão – Uma das formas de transmissão da doença está ligada ao consumo de açaí. Durante o trabalho de fiscalização da Sespa foi identificada uma nova forma de contágio da doença, pelo consumo doméstico do fruto. “Existiu um número maior de infecção dentro de casa por causa do uso da batedeira doméstica. Isso nos fez ligar um alerta, pois registramos casos de famílias inteiras contaminadas por meio da colheita doméstica. Não foi um processo comercial”, disse Eder Monteiro.

Ao processar os caroços de açaí sem a devida higienização, o barbeiro acaba sendo adicionado à mistura, causando a contaminação do produto pelo protozoário. Além disso, o fruto pode ser contaminado também pelas fezes do inseto.

Até chegar à etapa final, que é o consumo, o fruto precisa passar por várias etapas de higienização, que incluem primeira, segunda e terceira lavagem, branqueamento, despolpamento e envase.

Capacitação – Para combater a doença, a Sespa realiza o trabalho de capacitação e fiscalização em todas as regiões do Estado. São palestras e oficinas que visam sensibilizar e informar os gestores que trabalham na área de a saúde a entender os agravos endêmicos, como é o caso da doença de Chagas.

O objetivo do curso de capacitação é fazer com que os profissionais identifiquem a doença, além de combater o foco dos insetos na região. O trabalho é feito durante todo o ano. Nos treinamentos também são mostrados os principais sintomas da doença, que são febre e inchaço, e falta de ar.

Entre os meses de agosto e setembro, considerado o período de maior incidência da doença, a Sespa lançará o Programa Previna Chagas, que pretende realizar um trabalho educativo com batedores de açaí e a população em geral.

“Inovar e Informar para Prevenir” foi tema da programação alusiva ao Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas. O encontro reuniu representantes do Instituto Evandro Chagas, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Vigilância Sanitária, além de técnicos da Sespa.

Texto: Edilson Teixeira e Tatiane Freitas /Sespa

Fotos: José Pantoja/Sespa