Carimbo com placenta: arte e afeto perpetuam a experiência única do parto

Carimbo com placenta: arte e afeto perpetuam a experiência única do parto

07/11/2022 Off Por Roberta Vilanova

Experiência de parto fica eternizada com ajuda da equipe que preserva placenta pra depois colori-la e preservá-la com aquarela.

Os registros do nascimento de Anthony vão além de vídeos e fotos. A mãe, Diana Karoliny, 24 anos, foi presenteada com uma pintura. Após o parto, ela ganhou das enfermeiras obstetras uma aquarela com o carimbo da placenta, órgão formado durante a gravidez, que nutre e leva oxigênio ao bebê na gestação. “É um presente maravilhoso, e que vai ficar guardado de recordação para mostrar ao Anthony. Gostei muito da iniciativa. Nunca tinha visto nada parecido”, relata a jovem mãe.

As responsáveis pela arte são as enfermeiras obstetras que dão assistência ao parto no Hospital Regional Dr. Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci, em Belém. O projeto “Árvore da Vida” foi implantado em abril de 2021, como parte das ações de humanização dos partos realizados na unidade hospitalar.

“O objetivo desse projeto é eternizar o vínculo da mãe e do bebê nesse momento tão importante para a família, que é a chegada de uma nova vida. E a gente observa que as reações das mães são de felicidade e satisfação de receberem algo que vai ser lembrado para o resto da vida”, enfatiza a enfermeira Thalita Beltrão, coordenadora do Complexo Obstétrico do Hospital Abelardo Santos.

Desde o início da atividade, cerca de 4 mil mulheres receberam o carimbo com a placenta. A lembrança é confeccionada em folha de papel, com tinta à base d’água. Nela, são registrados os dados da mãe, da criança, data e horário do nascimento. É possível personalizar ainda mais o carimbo com uma frase ou letra de música, conforme o pedido da mãe.

Mãe da bebê Maria Heloá, Jamille Mescouto diz que esse recurso ajuda a eternizar momento, que futuramente dividirá com a filha

Conexão afetiva – A enfermeira obstetra Aline Guedes capricha na pintura. “É um projeto que fortalece o afeto entre mãe e filho, desde a concepção ao nascimento. Eu acho muito gratificante para elas e pra mim, enquanto profissional. Eu abracei essa causa aqui no Hospital pra dar esse presente para a mulher. O bebê cresce tão rápido, então, cada lembrança que você fica daquele momento único, que é o parto, é muito importante”, ressalta.

A pintura é significativa porque a placenta representa a conexão crucial entre mãe e bebê. Ao longo da gestação, ela realiza todas as funções biológicas que os fetos ainda não podem fazer. Depois de se fixar na parede uterina, a placenta se conecta ao feto pelo cordão umbilical.
Entre as funções do órgão, desenvolvido exclusivamente na gravidez, estão: fornecer nutrientes e oxigênio, eliminar resíduos, produzir hormônios da gestação, prover imunidade, filtrar micro-organismos e regular a temperatura corporal do feto.

Foram sete horas de trabalho de parto para Maria Eloá vir ao mundo. A mãe, Jamille Mescouto, 19 anos, também quer deixar a peça guardada para mostrar à filha. “Não tive nada parecido no parto do meu filho mais velho. Achei muito importante esse trabalho. É algo que quero mostrar para a Maria Eloá quando ela crescer”, conta Jamille.

Árvore da Vida

Humanização – A enfermeira Thalita Beltrão destaca que o projeto “Árvore da Vida” é uma das várias estratégias voltadas à humanização desenvolvidas no Hospital Abelardo Santos que buscam a mudança do modelo assistencial em obstetrícia, procurando levar mais acolhimento e práticas baseadas em evidências científicas às grávidas.

“A gente trabalha com os métodos não farmacológicos para o alívio da dor. Temos fisioterapeuta em sala de parto, temos massagens relaxantes, banho com água morna, aromaterapia, tudo isso para diminuir a dor no processo do trabalho de parto. Além disso, temos cursos para as gestantes durante o pré-natal”, reforça a enfermeira-chefe do Setor de Obstetrícia do HRAS.

Texto: Carol Menezes e Denise Soares/Secom

Fotos: Alex Ribeiro/Ag. Pará