Doações de córneas aumentam e registros apontam o maior número do último triênio

Doações de córneas aumentam e registros apontam o maior número do último triênio

25/01/2023 Off Por Roberta Vilanova

Equipe do Banco de Tecido Ocular do HOL celebra parceria co o Imol

O Banco de Tecido Ocular do Hospital Ophir Loyola (HOL) registrou, em 2022, o maior número de doações de córneas no Pará do último triênio. Somente no ano passado, foram 105 doações, representando um total de 210 córneas captadas. Por conta das limitações impostas com o período pandêmico, foram registradas 44 doações em 2020 e 23 em 2021. A parceria entre o HOL e o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (IMOL) contribuiu para o aumento das doações e celeridade no andamento da fila de quem aguarda por um transplante.

Os Bancos de Tecidos Oculares têm como função a coleta, a avaliação e a preservação da córnea. No Pará, o BTO do HOL é responsável por desenvolver essas atividades, que levam esperança a quem aguarda na fila. De acordo com o responsável técnico pelo Banco do Ophir, o oftalmologista Alan Costa, a cooperação técnica com o IMOL foi determinante para o aumento do número de captações.

“A parceria foi fundamental para a retomada das doações. Agora, há mais facilidade em doar, pois temos uma extensão dentro do IMOL, onde os familiares são acolhidos e têm a oportunidade de fazer esse ato de amor e mudar a vida de outra pessoa”, explica.

Fina e cristalina, a córnea está situada na superfície do olho e protege a visão de ameaças externas. O tecido funciona como uma lente por onde a luz entra e é focalizada. O transplante surge, então, como alternativa para corrigir doenças que afetam essa estrutura. “A córnea é uma estrutura transparente e qualquer patologia que afete essa cristalinidade pode ser beneficiada por um transplante. Há também situações como traumas e infecções, que não melhoram com tratamentos clínicos e podem ser tratadas com o transplante”, explicou o médico.

José Guimarães fez transplante de córnea em dezembro de 2022

Doença que afeta a estrutura da córnea e prejudica a visão, o ceratocone é uma das principais causas para um transplante. Natural de Oeiras do Pará, o ribeirinho José Guimarães está entre os pacientes que passaram por intervenção cirúrgica devido à doença.

“Meu pai sofreu um acidente vascular cerebral em 2018 e desde então teve dificuldade de locomoção e fala, mas ter a visão atingida pelo avanço do ceratocone tirava um dos seus maiores prazeres que é assistir televisão. Além disso, ele esbarrava nas coisas e ficava muito triste. Graças a Deus, ele fez o transplante de córnea em dezembro de 2022 e já consegue enxergar. Foi um presente de Natal antecipado”, conta o filho de José, Rodival Guimarães.

Uma perfuração na córnea afetava 70% da visão direita da secretária do lar Elizandra Afonso, de 30 anos. Ela também fez o transplante de córnea no ano passado, no mês de setembro, e admite ter mais qualidade de vida após a cirurgia. “Eu sempre consegui desenvolver minhas atividades, pois tive de aprender a me adaptar. Só enxergava 30% de um lado, mas depois da cirurgia, minha visão melhorou bastante”, afirmou.

Rodoval com seu pai José Guimarães

Desafio – O transplante de córnea pode devolver a qualidade visual aos receptores. O  tempo de recuperação após o procedimento cirúrgico é relativo e depende da causa prévia, podendo apresentar melhora desde as primeiras 24h ou progressivamente nos primeiros meses após o procedimento.

“A formação da visão é bem complexa. Existem várias estruturas oculares que são responsáveis para que essa visão seja formada com perfeição. A córnea é apenas uma etapa dessa formação. Desde que as outras estruturas estejam íntegras e o transplante de córnea seja o fator que esteja ocasionando uma baixa de visão, o procedimento pode recuperar totalmente a visão do paciente”, explicou o oftalmologista.

A doação de córnea pode ser realizada por qualquer pessoa dos dois aos 72 anos, que for a óbito. Há critérios específicos de exclusão, a exemplo de pacientes portadores de HIV e dos vírus covid-19, hepatites B e C. Os tecidos oculares podem ser retirados até seis horas após o óbito. O material é preservado no Banco de Tecido Ocular do HOL e têm um prazo de 14 dias para serem implantadas em um receptor.

Serviço – Para fazer a doação, a família pode entrar em contato com Banco de Olhos pelos fones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159; ou com a Central Estadual de Transplantes pelo (91) 97400-6456.

Texto: Ellyson Ramos/HOL

Fotos: Divulgação