Especialistas do CIIR pontuam a importância da estimulação precoce para o desenvolvimento de crianças

Especialistas do CIIR pontuam a importância da estimulação precoce para o desenvolvimento de crianças

17/03/2023 Off Por Roberta Vilanova

Como estímulo ao desenvolvimento, as mães participam da terapia ao lado das crianças

Para dar mais autonomia às crianças com deficiência, especialistas do Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, pontuam a importância da intervenção precoce nos primeiros sinais de atrasos do neurodesenvolvimento psicomotor. A Estimulação Precoce é uma das ferramentas terapêuticas promovida pelo CIIR na reabilitação dos pequenos usuários.

O neuropsicólogo e especialista em Análise Aplicada do Comportamento (ABA) aplicada ao TEA, Ícaro Ferreira, enfatiza que a atividade promove ganhos fundamentais no desenvolvimento da criança, no que se refere ao acompanhamento da vigilância do neurodesenvolvimento delas.

“De zero a três anos, elas estão no ápice do desenvolvimento e da neuroplasticidade, ou seja, aprendem com mais facilidade. Desta maneira, o terapeuta consegue estimular mais as crianças nesse período em que o cérebro está captando muitas coisas novas com rapidez”.

De acordo com o profissional, isso significa que o ser humano está construindo aprendizado com o mundo em que vive. Desta forma, a criança interagindo com o ambiente; com os terapeutas; demais reabilitandos e acompanhantes, é estimulada a criar mecanismos de adaptação ao meio.

Bruna Lima ressalta o desenvolvimento do filho em menos de um ano de reabilitação

Sinais – No processo inicial do desenvolvimento dos pequenos, as famílias devem observar alguns pontos que remetem aos atrasos no neurodesenvolvimento.

Foi o que aconteceu com o reabilitando Nicolas Lima, de 2 anos. A mãe, Bruna Lima, de 33 anos, conta que a partir de oito meses de vida do garotinho, ela começou a perceber algumas dificuldades e procurou rapidamente suporte profissional.

“Com um e dois meses eu procurei ajuda profissional e recebi o diagnóstico do Nicolas aqui no CIIR; era o que eu já imaginava, o autismo. A gente tentava comunicação com ele, mas não nos dava atenção. Quando cresceu mais um pouco, outro ponto foi a não verbalização e o andar que ele não conseguia realizar”.

Ícaro Ferreira, neuropsicólogo fala dos bons resultados alcançados

Segundo Ícaro Ferreira, dentro da psicologia, se a criança apresenta dificuldades para se comunicar ou ao interagir com as pessoas de uma forma inapropriada, “ao pedir um objeto, ela somente fica apontando sem pronunciá-lo, isso significa que a interação com o ambiente em algum ponto está deficitária”.

Desta maneira, a vigilância do neurodesenvolvimento é ficar atento aos sinais e promover estímulos adequados para a criança. O neuropsicólogo destaca ainda que outros pontos como ausência de sorriso espontâneo para as pessoas em que a criança gosta, andar na ponta dos pés e as estereotipias (que são repetições linguísticas, motoras e posturais), podem ser outros indícios para os diagnósticos de atrasos, principalmente, para o TEA.

De acordo com Bianca Oeiras, terapeuta Ocupacional, deve-se estar atento, também, aos marcos do desenvolvimento motor. “Se aos seis meses o bebê não sustenta a cabeça quando puxado para sentar, tem dificuldade para controlar a postura quando fica sentado ou instabilidade para controlar a postura em pé aos 14 meses, são sinais de alto risco para alterações no desenvolvimento”, ressaltando a importância de não esperar o tempo da criança, como é muito orientado popularmente, e sim, buscar orientações profissionais.

Riscos desde a gestação – A terapeuta destaca alguns fatores de risco para o desenvolvimento, como a idade dos genitores na gravidez, incidências perinatais como diabetes, hipertensão, prematuridade e hemorragias.

Os especialistas do Centro de Reabilitação complementam salientando que “quanto mais cedo iniciar as intervenções, melhores serão as chances de prognóstico. Ao iniciar uma intervenção de forma tardia, a pessoa terá mais dificuldade no aprendizado e na aquisição de novas habilidades em comparação com a infância”.

Há quase um ano sendo acompanhado no CIIR, a mãe de Nicolas pontua a evolução no quadro clínico do menino. “Antes, o meu filho não tinha vida social. Não gostava de ir a lugares com muitas pessoas, hoje, já aceita; até no ato de brincar, melhorou, porque antes, somente ficava correndo, pulando e agora fica mais sentado e segura alguns brinquedos”, comemora.

O CIIR é referência no Pará na assistência de média e alta complexidade às Pessoas com Deficiência (PcDs) visual, física, auditiva e intelectual. Os usuários podem ter acesso aos serviços do Centro por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município, que por sua vez encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação Estadual (SER).

Serviço: O CIIR é um órgão do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.

Texto: Pallmer Barros/CIIR

Fotos: Divulgação