Hospital Galileu confecciona calçados especiais para pacientes com trauma ortopédico

Hospital Galileu confecciona calçados especiais para pacientes com trauma ortopédico

17/12/2021 Off Por Roberta Vilanova

As sandálias ajudam vítimas de acidentes, principalmente de motocicleta, que ficaram com sequelas

Para Antônio Edilson, 46 anos, exatos 5,5 centímetros o distanciam de uma vida com liberdade para se locomover sem o auxílio de muletas. Há dois anos, o ex-mototaxista sofreu uma colisão de moto, no município de Capanema, no nordeste paraense. O acidente o deixou com trauma para o resto da vida. “Minha perna esquerda é menor 5,5 centímetros do que a direita. Desde então, tudo mudou: parei de trabalhar, passei por várias internações e cirurgias”, contou.

Antônio é paciente do Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Região Metropolitana de Belém, referência do governo do Estado em traumas e cirurgia de reconstrução e alongamento ósseo. Durante o tratamento na unidade, ele recebeu um calçado ortopédico para auxiliá-lo durante o tratamento no membro inferior. “É apenas uma sandália, mas traz de volta parte da minha liberdade, já que muda muito a minha rotina, no sentido de caminhar melhor”, acrescentou.

O calçado doado a Antônio Edilson faz parte de um projeto que tem como objetivo auxiliar na recuperação de pacientes que sofreram algum tipo de trauma ortopédico e apresentam diferença no comprimento dos membros. Ainda em curta escala de produção, os acessórios são confeccionados na própria unidade, pela equipe de manutenção, conforme a necessidade e a indicação médica de cada paciente.

Mobilidade – Os acessórios ortopédicos produzidos na unidade, e ofertados de forma gratuita aos pacientes, têm ajudado na mobilidade da dona de casa Maria das Graças, 44 anos. “Sofri um acidente de moto em fevereiro deste ano e passei por duas cirurgias no Galileu. Ando de muletas, já que fiquei com deficiência de três centímetros em uma perna e um centímetro em outra. A sandália nivela o tamanho das minhas pernas e eu consigo andar com mais facilidade”, disse a paciente.

O projeto de baixo custo foi criado com a intenção de melhorar a adaptação na atual condição física do paciente, por profissionais do Setor de Manutenção da unidade. “Identificamos as dificuldades vivenciadas pelos usuários do Hospital Galileu, que mantêm limitações físicas devido aos traumas. Essas sandálias são elaboradas com o objetivo de melhorar a locomoção desses pacientes. A produção é feita com materiais de preço baixo, como EVA (produto emborrachado), cola adesiva, moldes de calçados, lixas, martelo de borracha e estilete, mas o benefício é muito grande”, detalhou Gil Gonçalves, responsável pela confecção dos calçados.

Antônio Edilson é um dos pacientes atendidos no Hospital Galileu

Avaliação – Cada acessório é feito sob medida para o paciente após a avaliação do médico, que identifica a diferença do tamanho do solado entre as pernas. “Ele é adotado quando um paciente tem desigualdade dos membros inferiores, seja no ambulatório ou internado. Para o uso, a pessoa passa por uma avaliação da equipe multiprofissional e pelo ortopedista, o qual faz um exame físico para detectar o tamanho praticamente exato da diferença, para então ser feita uma receita de compensação no sapato do lado menor”, detalhou o ortopedista geral do HPEG, Marcus Pretti.

Com todos os exames validados pela equipe multiprofissional, o receituário segue para a oficina do Hospital Público Galileu, administrado pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). “É muito importante esse ato de andar com a bacia equilibrada, ou seja, com os membros do mesmo tamanho. Uma deambulação com as pernas diferentes provoca uma queda da bacia e uma escoliose, da forma que gera dores, tendinites, inflamações, lombalgias. A importância do sapato é manter uma pisada ideal, para que não gere complicações subsequentes”, informou o médico.

O ortopedista Marcus Pretti também ressaltou que o calçado pode ser usado, ainda, por pacientes que nasceram com diferença nos membros. “São indicadas as pessoas que mantêm causa congênita, quando um paciente já nasce com alguma doença que gera essa diferença ou em sequelas do trauma, como fraturas mal consolidadas e infecções”, completou.

Humanização – O projeto é parte de uma estratégia da unidade, que atende a uma demanda diferenciada da saúde pública. “O Hospital Galileu é referência do governo do Estado em trauma e alongamento ósseo. E, como forma de auxiliar na reabilitação e melhorar a adaptação na atual condição física do paciente, percebemos a necessidade em produzir esses calçados e disponibilizar de forma gratuita aos nossos pacientes, garantindo um tratamento mais assertivo e humanizado aos usuários”, frisou Alexandre Reis, diretor Executivo do Hospital Público Galileu.

A iniciativa conta com a atuação direta dos setores de Fisioterapia, Psicologia e de Humanização da unidade. “Os resultados são bastante expressivos, garantindo a segurança no processo de adaptação do paciente, oferecendo conforto e trazendo maior independência nas atividades diárias, como locomoção, vestimenta e autocuidado. Todos esses benefícios são fruto de um trabalho integrado dentro do Hospital”, enfatizou a enfermeira Anny Segóvia, coordenadora de Humanização.

Texto: Roberta Paraense/Hospital Galileu

Fotos: Divulgação