Hospital Oncológico Infantil alerta para câncer cerebral em crianças e adolescentes

Hospital Oncológico Infantil alerta para câncer cerebral em crianças e adolescentes

31/05/2023 Off Por Roberta Vilanova

Especialistas afirmam que o tumor é o segundo tipo de câncer mais comum em crianças

Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) em Belém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) faz um alerta para as famílias sobre a importância do diagnóstico dos tumores cerebrais em crianças e adolescentes. Segundo os especialistas na doença, a indeterminação das causas impossibilita a prevenção adequada desse tipo de câncer nessa faixa etária, mas o tratamento em fase inicial eleva as chances de cura e reduz as sequelas neurológicas, principal objetivo da campanha “Maio Cinza”.

Os tumores cerebrais podem se originar das células do próprio cérebro, mas também, de forma mais rara, principalmente em crianças, surgem em outro órgão e instalam-se no encéfalo por meio da corrente sanguínea. O Oncológico Infantil Octávio Lobo é referência em oncologia e recebeu 103 casos novos, no período de 2019 a maio de 2023.

“Os tipos de tumores cerebrais mais frequentes são os gliomas, e na faixa pediátrica geralmente são localizados na chamada “fossa posterior”, região do crânio próximo à nuca, onde ficam localizados 60% dos tumores cerebrais que acometem o público infantojuvenil. Os outros 40% são encontrados na porção superior do encéfalo, e recebem a classificação de astrocitomas, gangliomas e craniofaringiomas”, destacou a neurocirurgiã pediátrica do Hoiol, Simone Rogério.

A especialista aponta ainda as dificuldades, mas ressalta os cuidados necessários para minimizar os efeitos desse câncer:

“As causas ainda não estão bem definidas, portanto, é impossível evitar a doença. Contudo, sabemos que uma alteração genética pode levar as células normais cerebrais a se multiplicarem de forma desordenada, levando à formação desses tumores. O foco é a orientação, fazer com que haja o reconhecimento precoce dos sintomas e diminuir o impacto de todas as consequências de um diagnóstico tardio”, frisa.

Simone Rogério também observa que a exposição à radiação pode levar ao desenvolvimento do tumor cerebral no público infantojuvenil. “Os pacientes submetidos à radioterapia durante o tratamento de outro tipo de câncer ou durante o tratamento radioterápico de outros tipos de lesões do sistema nervoso, como os cavernomas, podem desenvolver o tumor maligno no cérebro. É bem diferente dos fatores externos que levam à ocorrência em adultos, como tabagismo, obesidade, hipertensão e sedentarismo”, destaca a neurocirurgiã pediátrica.

O diagnóstico clínico é realizado por meio do reconhecimento dos sinais e sintomas. Dores de cabeça frequentes, vômitos constantes, distúrbios da marcha e perda de equilíbrio são sinais de alerta. Pais e professores devem ficar atentos a qualquer regressão das funções neurológicas em crianças.

“É importante observar se a criança começou a apresentar dificuldade na execução de habilidades já adquiridas, como escrever e colorir no pontilhado. Também se está caindo ou se atrapalhando durante as brincadeiras, ou se surgiu um estrabismo, que é quando o olhinho fica torto. Muitas vezes esses sintomas são confundidos com outras doenças por profissionais de saúde, o que dificulta o diagnóstico”, detalha a médica.

Após a suspeita clínica, alguns exames de imagem são solicitados, como a tomografia e a ressonância nuclear magnética para examinar o cérebro e a medula espinhal. Na maioria dos casos, é realizada a cirurgia para a retirada do tumor e coleta de material necessário ao diagnóstico histopatológico, exames  imunohistoquímicos e estudo molecular para um tratamento oncológico complementar adequado. Com essas informações e histórico do paciente, a oncologia pediátrica define a conduta terapêutica mais adequada, conforme cada caso.

Serviço: Credenciado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hoiol é referência na região amazônica no diagnóstico e tratamento especializado do câncer infantojuvenil, na faixa etária entre 0 a 19 anos. A unidade é gerenciada pelo Instituto Diretrizes, sob o contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e atende pacientes oriundos dos 144 municípios paraenses e estados vizinhos.

Texto: Leila Cruz/Hoiol

Foto: Divulgação