Órteses e coxins com material de baixo custo auxiliam desenvolvimento de bebês prematuros

Órteses e coxins com material de baixo custo auxiliam desenvolvimento de bebês prematuros

12/12/2021 Off Por Roberta Vilanova

As órteses confeccionadas no Hospital permitem o posicionamento funcional, evitando deformidades

O nascimento prematuro priva o bebê do ambiente intrauterino, interferindo diretamente no seu desenvolvimento adequado, o que pode exigir longos períodos de internação. Com o objetivo de atuar na prevenção das alterações articulares e auxiliar na redução do risco de lesão por pressão (LPP), a terapia ocupacional, aliada à equipe de fisioterapia do Hospital Materno-Infantil de Barcarena (HMIB), desenvolveu a confecção de coxins e órteses de baixo custo para prematuros.

A unidade é referência em atendimentos de alta complexidade no Baixo Tocantins, para gestantes e recém-nascidos de 11 municípios da região. “O peso do bebê, umidade no local, demora ou restrição em mudanças de posições, podem causar lesão por pressão em regiões do corpo e protuberâncias ósseas, e precisamos levar em consideração que alguns bebês não têm massa corpórea significativa”, explica Heloísa Santos, terapeuta ocupacional que atua no HMIB.

“Então, é essencial desenvolver intervenções e procedimentos terapêuticos, como a produção de órteses e coxins, que são dispositivos para minimizar os desvios nas articulações e lesões por pressão ou hematomas, e proporcionar alívio da dor, contribuindo para o tratamento do bebê e para uma alta hospitalar com qualidade”, complementa Heloísa Santos.

Profissional do HMIB trabalhando na confecção dos materiais alternativos

Personalizados – Para criar as órteses e coxins, a equipe do Hospital Materno-Infantil de Barcarena, unidade do Governo do Pará administrada pela Pró-Saúde, utiliza materiais como EVA (Etil Vinil Acetato, material emborrachado), algodão ortopédico, colchão piramidal, enchimento antialérgico, tecidos, ataduras, esparadrapo e malha tubular. São confeccionados itens como protetores da região posterior da cabeça, e extensores palmar (mão) e plantar (pés), com tamanhos e espessuras diferenciadas para cada bebê.

As órteses são fabricadas de acordo com a demanda de cada paciente. Em média, 25 coxins são feitos por mês, com valor médio de R$ 5,00 cada. “O valor do apoio circular, dispositivo que oferece o mesmo resultado para o recém-nascido, varia entre R$ 180,00 e R$ 480,00 no mercado, dependendo do tamanho. Então, é uma proposta economicamente viável e com resultados muito positivos”, destaca a terapeuta ocupacional.

Segundo Heloísa Santos, a diferença entre os dispositivos é que a confecção com material alternativo é descartável após o de uso, enquanto o apoio circular é reutilizável, após higienização. Conforme a demanda de atendimento, é possível equilibrar o uso de ambos.

Avaliação multiprofissional – A produção dos dispositivos é feita a partir de uma avaliação multiprofissional, que leva em consideração o processo de reabilitação, quadro clínico e protocolos da unidade, além do monitoramento dos posicionamentos e o desenvolvimento motor de cada bebê.

“Queremos promover proteção e estimular o desenvolvimento dos pacientes. Para isso, os avaliamos diariamente, o que nos permite traçar o melhor tratamento e a produção de um dispositivo adequado e personalizado”, explica Karyn Monteiro, supervisora de Fisioterapia.

No Hospital Materno-Infantil de Barcarena as boas práticas de cuidado neonatal, voltadas à reabilitação física, têm a finalidade de prevenir o encurtamento muscular e a rigidez ou desvio articular, a fim de reduzir alterações motoras nos bebês.

O uso de coxins protege os membros do bebê prematuro

O prematuro Marcos Martins, que nasceu com apenas 1.050 kg, recebeu o coxim personalizado para a região occipital (parte superior da cabeça), já que está incluído no protocolo de manuseio mínimo devido ao baixo peso. “Percebi que ele prefere ficar deitado de lado, e o protetor ajuda para não machucar a cabeça quando ele precisa permanecer mais tempo nessa posição”, disse Joana das Mercês, mãe de Marcos.

A confecção, aliada a outras técnicas de cuidados neonatais, como protocolos de mudança de decúbitos e inspeção de pele do bebê, são essenciais para que o tratamento seja eficiente e mais completo. “Se for necessário, e houver indicação clínica, a mãe leva o dispositivo para casa”, informou Heloísa Santos.

Amigo da Criança – O Hospital Materno-Infantil de Barcarena Dra. Anna Turan (HMIB) está localizado a 114 km de Belém, e oferece atendimentos de média e alta complexidade 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No último mês de agosto, o “Materno Infantil” se tornou o primeiro hospital da região do Baixo Tocantins a receber o selo Amigo da Criança, concedido pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e OMS (Organização Mundial da Saúde), aos hospitais que realizam o cumprimento dos dez passos para o sucesso do aleitamento materno.

Texto: Adrielle Lopes de Sousa/HMIB

Fotos: Ascom/HMIB