Policlínica Metropolitana dá visibilidade à população trans do Pará através do Projeto Casulo

Policlínica Metropolitana dá visibilidade à população trans do Pará através do Projeto Casulo

28/01/2023 Off Por Roberta Vilanova

Unidade comemora mais de 7 mil serviços no Projeto. 29 de janeiro – Dia Nacional da visibilidade trans

Na data em que se propõe a orientar as pessoas acerca da transexualidade, 29 de janeiro, para que, aos poucos, a marginalização deixe de existir, a Policlínica Metropolitana no Pará, em Belém, chega à marca de mais de 7mil serviços no Projeto Casulo, voltado à população transsexual. Criado pelo Governo do Pará, através da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), a iniciativa permite cuidar de maneira mais integrada e efetiva dos trans para que eles possam exercer com dignidade sua identidade de gênero.

Para se ter uma ideia do alcance dos atendimentos, apenas no ano passado, a Poli Metropolitana, gerenciada pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia, realizou 1.021 consultas em especialidade médicas, 906 consultas no atendimento não médico e 5.521 exames. O programa foi reestruturado em maio de 2022, envolvendo a Poli Metropolitana no atendimento ambulatorial de média complexidade. Nele, o paciente faz o uso de todos os serviços da unidade e, se houver a necessidade e o desejo de fazer o procedimento de adequação do sexo, ele contará com a retaguarda da instituição.

Para o diretor Executivo da Policlínica Metropolitana, Anderson Albuquerque, a unidade vem se empenhando em atender a população trans, de forma respeitosa e humanizada. “O Dia 29 de janeiro, data da Visibilidade Trans no Brasil, precisa trazer à sociedade diversas reflexões sobre a cidadania das pessoas transexuais. Na Poli, ao longo dos últimos 8 meses, estamos trabalhando para o melhor acolhimento deste usuário. Levando, além de um atendimento assertivo, técnico e humanizado para que esta população se sinta abraçada pelo Estado”, explicou.

Olívia Pethrova fala sobre os avanços trazidos pelo Projeto Casulo

Oportunidades – O gestor ainda lembra que, além do acolhimento à saúde através da rede integrada, a Poli também dá espaço aos profissionais trans. “Hoje trabalhamos com duas pessoas trans que atendem no Projeto Casulo. Isso é um ganho social para todos”, completou Albuquerque.

Aos 33 anos, Olívia Pethrova se orgulha em fazer parte do mercado de trabalho, como colaboradora da Poli Metropolitana. Até chegar ao contrato formal e com todos os seus direitos trabalhistas garantidos, ela já enfrentou diversos desafios.

“Agora, me sinto muito lisonjeada e, de certa forma, privilegiada, porque eu posso me relacionar com as pessoas e levar a normatização para que as pessoas percebam o que é se relacionar com um trans. Com esse que é tão igual e tão pertencente a qualquer camada social, sem diferenciação por parte dos colaboradores”, comentou.

Ela afirma que quando se fala em Projeto Casulo, se fala em oportunidades. “Eu percebo que hoje, consigo ser respeitada. Todos usam os pronomes certos e a gente consegue ter a liberdade de ser quem nós somos. Isso o Projeto Casulo soube mediar muito bem.  Não somente o acesso às questões de saúde e protocolos médicos, mas também como acesso à oportunidade ao mercado de trabalho”, frisou

Saúde – Flores Astrais Silva está em tratamento desde o início. Ela  veio do Projeto Transexualizador do ambulatório do SUS da Ure Dipe. Flores lembra que uma das reivindicações da população trans era um espaço de qualidade para ter acesso à saúde.

“Na Policlínica, de fato, temos uma infraestrutura muito melhor para o nosso público ser atendido. Contamos com acesso de mais profissionais de saúde e demos a continuidade e atenção dada à população trans do Pará. É uma conquista para as pautas prioritárias de saúde. É muito positivo também ver pessoas trans empregadas nesse espaço, nos atendendo, isso cria um ambiente mais acolhedor e nos faz sentir , de fato, no serviço de saúde”, comemorou.

FLUXO – O secretário Estadual de Saúde Pública, Romulo Rodovalho, lembra que o Projeto passou por uma reestruturação em 2022. “A porta de entrada para os que desejarem atendimento no Casulo, são as Unidades Básicas de Saúde de cada município. Elas vão realizar o cadastramento na regulação municipal e em seguida direcioná-las, primeiramente, à Policlínica Metropolitana. Na unidade o paciente será acompanhado, em nível ambulatorial, por uma equipe multiprofissional por até dois anos”, observou o titular da pasta.

Após esse período, os pacientes com mais de 21 anos e que desejarem realizar as cirurgias de retirada de mama ou implante de silicone, por exemplo, serão encaminhados ao Hospital Jean Bitar. Os pacientes também terão acesso a serviços dermatológicos na Universidade Estadual do Pará (UEPA), pelo Ambulatório de Dermatologia da Diversidade, com consultas e tratamentos específicos para acompanhamento do tratamento com hormônios e harmonização facial.

Texto: Secom