Sespa capacita farmacêuticos para prescrição de profilaxias pré e pós-exposição ao HIV

Sespa capacita farmacêuticos para prescrição de profilaxias pré e pós-exposição ao HIV

31/05/2022 Off Por Roberta Vilanova

O médico infectologista Julius Monteiro, do HUJBB foi um dos palestrantes do evento

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e Aids, realizou na última segunda-feira (30), no seu auditório, a Capacitação de Farmacêuticos dos Serviços de Atendimento Especializado (SAEs), Maternidades e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e Pós-Exposição ao HIV (PEP).

O objetivo foi capacitar os profissionais farmacêuticos quanto a prescrição das profilaxias PrEP e PEP, cumprindo o que estabelece a resolução Nº 713/2021 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), o que é considerado uma conquista da classe farmacêutica. Essa primeira capacitação contou com a participação de 60 profissionais da rede do SUS no Pará.

A prescrição por farmacêuticos visa a ampliar o acesso da população às medidas de prevenção e é resultado de articulação entre o CFF e o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral de Vigilância do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI).

Farmacêutico Hoberdan Monteiro, da Coordenação Estadual de IST/Aids

Segundo o farmacêutico Hoberdan Monteiro, da Coordenação Estadual de IST/Aids, quanto mais classes profissionais de saúde forem habilitadas para prescreverem maior será o acesso ao atendimento dos usuários do SUS que precisam das profilaxias ofertadas dentro da Política de Atenção ao HIV/Aids.

“Anteriormente, apenas médicos podiam prescrever, depois, os enfermeiros foram habilitados, e agora os farmacêuticos conquistaram esse direito com apoio do Conselho Federal de Farmácia”, comemorou.
A PrEP consiste no uso preventivo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição sexual ao vírus, para reduzir a infecção pelo HIV. O objetivo da PrEP é prevenir a infecção pelo HIV e contribuir para redução de novos casos.

A PEP é uma medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV, existindo também profilaxia específica para o vírus da hepatite B e para outras ISTs. Consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de contrair essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como: violência sexual; relação sexual desprotegida e acidente ocupacional com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico.

Hoberdan Monteiro esclareceu que, antes, a PrEp era destinada a uma população mais vulnerável a ser acometida pelo HIV, tais como homens que fazem sexo com homens (HSH), gays, profissionais do sexo, por exemplo. Hoje, não é mais somente restrita a esse público.

“É muito importante avaliar epidemiologicamente o usuário para identificar se ele se enquadra ao perfil de vulnerabilidade para realizar o uso da profilaxia. Para isso, é necessária, entre outros processos, a realização de testes rápidos para descartar infecção ativa”, esclareceu.

Quanto à PEP, ele destacou que tem que ser utilizada preferencialmente nas quatro primeiras horas e no máximo em até 72 horas após a exposição. “Faz-se necessário avaliar o usuário, verificar do ponto de vista epidemiológico o que foi relatado quanto à exposição, para que não haja dúvida ao uso da profilaxia evitando o uso desnecessário”, enfatizou.

Jorgete Chaves, farmacêutica diretora geral do Conselho Regional de Farmácia (CRF)

Para a farmacêutica e secretária geral do Conselho Regional de Farmácia (CRF), Jorgete Chaves, que atua no SAE de Marabá, a prescrição de PrEp e PEP por farmacêuticos representa uma conquista da categoria e da entidade de classe. “Além do avanço no atendimento direcionado ao paciente, em função de haver mais profissionais, há a valorização profissional do farmacêutico, pois a partir do momento que ele faz o atendimento e passa a desenvolver a prática da Farmácia Clínica, ele volta a atenção mais para o paciente do que para o medicamento, podendo desenvolver um trabalho mais individualizado e humanizado”, avaliou.

Jorgete Chaves informou que, no Pará, há oito mil farmacêuticos em atividade, dos quais cerca de 150 atuam nos SAEs. “Portanto, foi uma legislação pensada, inclusive, para dar suporte para o farmacêutico, incluindo curso, capacitação, local adequado de trabalho e formação específica para que esse atendimento ocorra”, finalizou.

Além de Hoberdan Monteiro e Jorgete Chaves, a capacitação teve como palestrante o médico infectologista Julius Monteiro, do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB).

Roberta Vilanova/Sespa
Fotos: José Pantoja/Sespa