Doença de Chagas

O que é a doença de Chagas?

É uma doença causada por um parasito denominado Trypanosoma cruzi e transmitida apenas a mamíferos e ao homem através de insetos infectados, conhecidos popularmente como barbeiros (Triatomíneos). A doença de Chagas foi assim denominada em homenagem ao pesquisador brasileiro que a identificou, Carlos Chagas, embora ele preferisse chamar de “Tripanossomíase americana”. A doença apresenta uma fase aguda, que pode manifestar ou não sintomas, e uma fase crônica, a qual pode se manifestar de quatro formas: indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva (ou mista, pois envolve coração e aparelho gastrointestinal).

Qual o agente etiológico?

É um protozoário denominado Trypanosoma cruzi que pode ser detectado no sangue periférico de mamíferos e do homem infectado durante a fase aguda da doença. Também pode ser encontrado em células musculares, principalmente do músculo cardíaco e do sistema digestório, comprometendo a função destes órgãos e causar a morte do paciente não submetido ao tratamento.

Quais os sintomas e/ou sinais da doença de Chagas?

A doença apresenta duas fases, e por este motivo o paciente pode manifestar inúmeros sintomas e/ou sinais que podem ser demonstrados na Figura 1.

Em virtude dessa diversidade de sintomas e/ou sinais, é muito frequente a doença de Chagas ser confundida com outras doenças, as quais variam de região para região. Deste modo, comumente a pessoa doente pode tentar realizar um tratamento, por conta própria, para uma doença e não conseguir resultados, pois pode ser um caso de doença de Chagas e a mesma agravar a situação do enfermo por demorar a procurar auxílio médico. Por isso, é fundamental que sejam realizados exames para confirmar ou descartar o caso suspeito.

Quais os vetores do Trypanosoma cruzi?

Os vetores do T. cruzi são insetos “hemípteros” conhecidos popularmente como barbeiros, chupão, procotó ou bicudo, sendo que no Estado do Pará, as espécies envolvidas nas transmissões são: Panstrongylus geniculatus, Panstrongylus lignarius, Triatoma rubrofasaciata, Rhodnius pictipes e Eratyrus mucronatus (Figura 2). Essas espécies não são exclusivas do território paraense, e podem ser confundidas com outras espécies de hemípteros, que somente entomologistas ou técnicos capacitados são capazes de diferenciá-los. Na Figura 3, são representadas, as diferenças de hemípteros, conforme seus hábitos alimentares e conformação de suas estruturas anteriores.

Onde podem ser encontrados os Trypanosomas cruzi?

Os animais onde T. cruzi pode ser detectado são denominados de reservatórios, sendo que já foram identificadas inúmeras espécies de mamíferos domésticos e silvestres (de vida livre ou que foram “domesticados”). Essas espécies têm o hábito de se aproximarem das casas no meio rural, e podem adentrar nas periferias das cidades.

Como ocorre o modo de transmissão?

Ocorre quando o vetor (barbeiro), já infectado pelo T. cruzi, infecta um animal (mamífero) ou o ser humano quando vai se alimentar novamente. Embora existam várias formas de transmissão, as mais comuns são Orais e Vetoriais (Figura 4), deste modo, a vigilância epidemiológica deve atuar com empenho para detectar os casos e direcionar tratamento em tempo oportuno, além de realizar as ações de controle da doença.

Qual o período de incubação e transmissão?

O período de incubação varia conforme o tipo de transmissão (Figura 5).

Qual o período de transmissibilidade da doença?

A maioria dos indivíduos com infecção por T. cruzi alberga o parasito no sangue, nos tecidos e órgãos durante toda a vida.

Como é realizado o diagnóstico laboratorial?

O diagnóstico laboratorial é realizado por meio de exames laboratoriais, os quais podem ser diretos ou métodos sorológicos e que dependem da fase clínica da doença, como mostra a Figura 6.

O que são métodos parasitológicos diretos?

São exames onde as técnicas utilizadas possuem a capacidade de detectar o parasito diretamente, por meio da visualização de T. cruzi, por este motivo é denominado “parasitológico direto”. Assim, como no início da doença há muitos T. cruzi circulando pela corrente circulatória periférica (veias), coleta-se o sangue e faz-se a pesquisa do material coletado.

Métodos sorológicos

Constituem em métodos de exames indiretos com as seguintes características:

  • Indicados para a fase crônica da doença da Chagas;
  • São utilizados quando os exames parasitológicos resultarem negativos;
  • Suspeita de persistência clínica;
  • Atuam como exames complementares;
  • Devem ser colhidos em casos suspeitos ou confirmados de DCA e enviados ao Laboratório Central de Referência – LACEN.

Os diagnósticos por este método somente são válidos para fins de saúde pública quando realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública – LACEN.

Quais os exames utilizados na fase crônica da doença de Chagas

O diagnóstico laboratorial na fase crônica é essencialmente sorológico. Os testes de ELISA, HAI e IFI são os indicados para determinar diagnóstico. A confirmação ocorre quando pelo menos dois testes são reagentes, sendo preferencialmente um destes o ELISA.

Com quais doenças são realizados diagnósticos diferenciais?

Muitas doenças apresentam sintomas semelhantes às da doença de Chagas na fase aguda como na figura abaixo:

Qual o medicamento utilizado para o tratamento

O benznidazol é o fármaco de escolha disponível. Já o nifurtimox pode ser utilizado como alternativa em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento com benznidazol. Ambos são disponibilizados pelo Ministério da Saúde, por meio dos Estados e Municípios.

Existe cura para a doença de Chagas?

Segundo preconizado pelo Ministério da Saúde, não existe critério clínico que possibilitem definir com exatidão a cura de pacientes da doença de Chagas aguda, sendo considerado o indivíduo curado com a negativação de exames sorológicos.